39 - Richard.

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*ALERTA GATILHO: Esse capítulo contém cenas fortes que podem gerar desconforto ao ler e te gerar reações emocionais. 

— Tá cercado, piriquito, a polícia tá de ponta a ponta — Orochi falou deitado do meu lado, em cima da lage

— Que que esses caras querem? Puta que pariu, tomar no cu — rolei pro lado e recarreguei meu armamento, agora fudeu, vai ser dia e noite a bala voando

Os tiros começaram, os helicópteros sobrevoando, papo de equipe arcanjo subindo a comunidade, o foda que esses caras quando sobem, querem nem saber.

Descemos de cantinho, encostado quase entrando dentro da parede, os menor no rádio passando a visão que eles estavam vindo de cima também.

— Nós vai cair na principal, qualquer coisinha nós bate de frente, tá tudo cercado, eles tão tentando encurralar a gente — falei baixo para os menor que estavam comigo — Nego vai tá subindo pra bater de frente com eles lá em cima, nós vai por baixo e bate com quem vier — eles concordam

— Não é arriscado? Eles usam armamento pesado, piriquito...— menor falou me olhando cheio de medo

— Tu tem esse fuzil aí pra que? Vai deixar eles tomar tudo? Sabe lá qual é a intenção desses cara — fechei a cara, sério — Quer arregar? Vaza pra casa! — ele concordou, tirando o fuzil e os outros armamentos

— Foi mal, irmão! Tenho filha pequena pra criar, posso perder minha vida assim não — ele falou dando o fuzil na minha mão — Minha escolha é minha família — concordei

— Família em primeiro lugar, moleque! Segue teu caminho que teu destino não é essa vida não — ele concordou apertando minha mão — Vai pra casa, toma cuidado pelo caminho — falei indo pro lado contrário dele

Fazer o que? O cara fez a escolha dele, não posso bater de frente e falar que ele vai sim, ele tem família, filha pra criar, tava nessa vida atrás de um sustento, deixa ele seguir o caminho dele, quem sabe lá na frente o mano não dá uma sorte? É foda, entendeu!

Andamos mais um pouco, quando vi já estávamos descendo, Orochi e Luisinho na trocação com uns 2 que apareceram do nada, eu e mais 3 menor corremos para um beco.

Respirei fundo, sentindo meu machucado contrair, minha blusa já tá toda suja de sangue por que essa porra tá vazando, tomar no cu.

— Tamo cercado, piriquito — Luisinho falou abaixando do meu lado, neguei com a cabeça

— Deixa eles vim — falei ofegante e levantei a cabeça, encarando o céu nublado, nós aqui no sufoco, mas até quando eu vou ter que passar por isso Pai?  Será que meu destino é esse mesmo?;

Dei uma sequência de tiros na direção de dois que apareceram correndo, levantei andando pra frente, a bala ainda voando, meu supercílio ardendo pra caralho, eles  correram entre os becos, entrei na rampa de barro e me virei na intenção de falar com o Luisinho, meu corpo retraiu, tinha um fuzil na minha cara.

Perdeu! – A voz feminina disse, pelo menos parecia ser feminina, o rosto encapuzado, só dando para ver os olhos

— Perdi? Ou é eu ou é você – eu ri sentindo o sangue quente escorrer da minha sobrancelha, apontando meu fuzil para ela — Eu não tenho medo da morte. — falei destravando

— Richard...— meu coração acelerou, a voz, me lembrava alguém, tentei puxar na memória mais nada veio.

Nossos olhares brigando entre si, meu coração acelerado, senti uma mão passar pelo meu pescoço, me dando uma gravata, meu fuzil caiu da minha mão, dando impacto no meu corpo, me forçaram a cair no chão, ainda segurando meu pescoço, me sufocando.

— Perdeu, porra! PERDEU — gritaram no meu ouvido, me jogando no chão e subindo em cima de mim, meu rosto contra o chão, a respiração presa na garganta

— LARGA ELE, LARGA! SAÍ DAÍ PORRA! — A mulher gritou desesperada empurrando o homem pro lado, me dando um alívio

— Qual foi, Victoria? Tá maluca? Esse verme tá...— meu ouvido zuniu e o nome repetiu várias vezes na minha mente

Victória.
VICTÓRIA
Victória, o olhar conhecido, o olhar da minha irmã.

Enquanto Ela discutia com o cara, eu criei forças para levantar, minha perna bambeando um pouco, vendo o homem correr provavelmente para chamar reforço, ela em pé, os olhos arregalados, encarando cada movimento meu.

— Tira a máscara — mandei apontando o fuzil pra ela, minhas mãos tremiam — TIRA PORRA! — ela negou

— Richard, e-eu n-não p-posso — negou com a cabeça e os olhos cheios de lágrimas

— Desde quando tu tá fechando com polícia, sua filha da puta? — fui pra cima dela, puxando o capuz pra cima, só confirmando minhas certezas, é Ela, a minha irmã — Que porra é essa, Victoria? — perguntei desesperado

– Se afasta! — ela falou segurando minha mão e me empurrando para traz — Mete o pé, o Guilherme foi buscar reforço, eles vão te prender — neguei com a cabeça e ri

— O que tu tá fazendo aqui vestida assim porra? Tu tá fechando contra teu próprio sangue? Tu é maluca? — perguntei sério, nervoso

— Eu não te devo explicações! Vai embora, pelo amor de deus — implorou empurrando meus ombros

— Você tá dando esse desgosto pro nosso pai mesmo? — perguntei sentindo minha garganta apertar

— Não foi EU que escolhi estar aqui hoje — negou com a cabeça chorando — É a minha profissão, Richard! Eu não tenho culpa — eu ri alto

— Tua equipe, tua equipe é a maior rival da minha facção, porra — apontei o dedo na cara dela — Você acha que eles não sabem de quem tu é filha? Tá na tua certidão! Olha a gravidad..e — ela negou com a cabeça passando a mão no rosto, os menor falavam alguma coisa no rádio e eu não consegui dar atenção

— Eu tirei o nome dele da minha certidão muito tempo atrás! — desviou o olhar do meu — Você precisa ir, por favor. — implorou, neguei com a cabeça

— Caralho! Como que você pode fazer isso, caralho, Victoria — passei a mão na cabeça — Que decepção, porra! Essa porra não vai ficar assim, não mesmo — chutei o nada, tô me sentindo cego

— Coe, Richard...— Orochi apareceu cheio de sangue, mancando pra caralho, a postura mudando quando viu a Victoria, levantando o fuzil com tudo

— Bora, mano! Bora botar esses inimigos pra correrem — falei dando um último olhar para ela e virando as costas – Abaixa isso, bora — ele concordou meio sem entender

Luisinho e os menor que estavam comigo caíram, tudo baleado, Charles quase rodou, mas o menor é sagaz, escapou fácil.

Minha cabeça tá longe, me sinto mal, corpo pesado, não é possível que minha irmã esteja conspirando contra mim dessa forma, to todo machucado, fodido pra caralho mas os pensamento estão me matando mais que qualquer dor física.

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Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora