58 - Ana Clara.

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2 semanas depois.

Descansa, quem te prometeu garante.

Eu chorei sem ao menos entender o motivo de tantas lágrimas, sem dúvidas essa semana está sendo a mais confusa e difícil para mim, eu aprendi que o cansaço não é sinônimo de desistência, é viés de superação, tô me sentindo tão pra baixo com a sensação de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento, um incômodo no peito.

A menina encerrou o culto deixando a seguinte palavra: A vida pode não ser tão fácil, mas a cada obstáculo superado você ganha força pra seguir em frente.

O meu amor por mim me ajudou a seguir em frente!

Eu por um longo tempo estive muito longe da realidade, existiram na minha jornada de vida coisas que eu nunca pude controlar, como por exemplo a decisão de uma pessoa de ir embora da minha vida, e por um muito tempo pensei que poderia mudar isso. De outro lado havia coisas que necessitavam do meu controle como por exemplo as minhas escolhas, desde afastar quem me amava até negligenciar meu corpo e minha saúde.

Saio do culto da manhã, tentando me livrar dos olhares da Miriam para mim, desde que ela abriu o bocão dela para contar sobre a gravidez pro bofe dela, eu nunca mais nem falei com ela, e eu sei que ela sabe que errou.

— Caraca, Ana Clara! Vai ficar me ignorando mesmo? — ela perguntou entrando na minha frente

— Pode falar! — falei segurando a minha bolsa, ela me olhava meio arrependida

— Po cara, me desculpa! Eu não fiz por mal não, falei sem querer e o bofe nem...— interrompi ela

— Tudo bem! Não guardo rancor de ninguém não, só de você reconhecer que vacilou comigo já tá ótimo — falo tentando me afastar, ela entra na minha frente de novo

— Maior saudade de tu cara, fica bolada comigo não, eu sei que errei, só quero que nós volta a ser amigas de novo — ela insistiu

— Eu te desculpo mas eu não sei qual é a tua real intenção comigo, melhor deixar as coisas como estão! — falo seguindo meu caminho e deixando ela pra trás

Eu que não vou ficar guardando mágoa dela, com todos os defeitos ela foi uma das únicas que ficou do meu lado e ainda abriu meus olhos em relação ao Richard, enfim, que ela siga o caminho dela que eu tô seguindo o meu!

Passei no mercado e comprei umas coisas, no meio do caminho encontrei o Richard, me parou e só mandou eu subir na moto, eu cheia de sacola, dei meio que graças a Deus, subir andando é muita luta!

Tomo meu banho, ele fica pela sala, me arrumo, vou encontrar minha mãe, hoje eu tenho consulta e quem sabe não consigo ver o sexo dessa criança!

Tô tão ansiosa para saber logo, só fico pensando nas coisinhas que eu já comprei é que eu ainda vou comprar, como pode né? Eu já amo incondicionalmente essa criança, não vejo a hora de ver seu rostinho.

O Richard me encarava sentado na cama, acompanhando todos os meus passos dentro do quarto, tem hora que ele aparece aqui e age assim, me sondando, eu faço a maluca!

— Tu volta que horas? — perguntou chamando minha atenção, fecho a porta do guarda roupa e sinto tudo rodar

— Não sei! — murmurei meio desconexa, minhas vistas pesaram e eu me apoiei no guarda roupa — Aí não tô me sentindo muito bem — ele veio na minha direção, me apoiando pela cintura

— Tu tá pálida, tá sentindo o que? — segurou meu rosto e me levou para cama — Ana Clara? — me chamou

— Não sei, minha cabeça tá meio pesada, não sei — suspirei sentindo minhas mãos soadas — Só.....alguns minutos — respiro fundo e fecho os olhos sentindo meu corpo voltar ao normal, essas tonturas tem sido frequentes

— Tá melhor? — ele perguntou preocupado, concordei — Tem certeza? — concordei de novo e sentei na cama

— Já passou! Toda hora isso, que saco — levanto da cama e ele me olha sem entender

— Ana Clara, tu tá passando mal direto e não me fala nada? — questionou, neguei com a cabeça

— É só tontura só, Richard — meu celular tocou e o nome da minha mãe brilhou na tela — Preciso ir — falei pegando minha bolsa

— Te vejo mais tarde, quero conversar contigo, assunto sério — abriu a porta para mim, concordei

Tranquei a porta e ele saiu em disparada com a moto, no caminho eu encontrei a minha mãe.

— E o pai? Tem falado alguma coisa? — minha mãe perguntou quando chegamos no consultório, agora eu só ando acompanhada, se não é com a minha mãe, o Richard manda um dos meninos

— Foi lá em casa hoje mas quase não tenho visto — balanço os ombros e olho para frente — Só a mãe dele mesmo, que as vezes aparece lá em casa, me liga — ela concordou

— Hum! Pelo menos ela faz o papel dela, já o que o filho é um incompetente — neguei com a cabeça rindo, santa implicância

Acariciei minha barriguinha, me levantando quando o meu nome foi chamado, um calafrio percorreu a minha espinha, e minhas mãos soaram, eu me senti meio fraca.

— Ana, você está bem? — a médica perguntou me amparando enquanto eu saia do trocador

— Tô me sentindo meio tonta, acho que é a minha pressão, não sei — falei com a mão trêmula na testa, ela me colocou sentada

Verificou minha pressão e aos poucos eu fui melhorando, já me sentindo 10x melhor, começamos a ultra de rotina e algo estava estranho, pelo menos para fim, ela mexeu pra lá, pra cá, botou um fone, tirou.

— Ana, você vem se sentindo assim desde quando? — perguntou séria tirando o fone, franzi a testa

— Por que não tá saindo o som do coração? — perguntei sentindo meu coração acelerar — Tem alguma coisa errada doutora? — ela desviou o olhar do meu

— O som está duplicado, eu não sei...— meus olhos arregalaram e eu tentei levantar — Calma! Continua deitada e respira fundo — pediu — Precisamos fazer uns exames rápido, urgente! — falou chamando algumas enfermeiras

As lágrimas já desciam pelo meu rosto, eu tô sentindo essas tonteiras tem alguns dias mas nada que me fizesse desconfiar de que algo estava errado com meu bebê!

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Richard: Escolhas.Where stories live. Discover now