26 - Richard.

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— 6 mil parcelinha! Mas po, pode mandar vir uma mais barata ta ligado, investe em una hondinha pra ela po — Charles disse pro Orochi — Pra ela que nem pilota , moto grande é maior treta — concordei tentando prestar atenção na conversa deles, tô estranhão hoje

— Tá me tonteando querendo uma hornet, tô ligado que ela tá batendo cabeça por causa da Suelen, já deve tá ligada que eu dei umas paradas pra mina — ele falou coçando a cabeça — É foda, tento sair desse casamento mas não consigo, ainda mais com ela grávida agora – neguei com a cabeça

— Tu gosta dela, menor! Maior tempão junto, num larga assim não po, mina já sabe todos teus macetes, aceita tuas vacilação por quê acredita em mudança da tua parte – falei rápido, ele concordou

— Sei como tuas minas não se chocam por aí — Charles disse rindo e botando um papel em cima da mesa e empurrando na minha direção — Aí, confere aí — peguei o papel em cima da mesa, contagem do final de semana

— Tranquilo po, tudo certinho mesmo! Pode separar o dos moleques! — falei pro ele, meu de confiança nas contagens, moleque é foda, filho de doutor, fez contabilidade, tinha tudo pra tá com a vida feita lá na pista, mas se sentiu acolhido pelo tráfico, subiu e nunca mais desceu.

— Já é, periquito! — ele falou levantando com uns malotes na mão — Baile bateu certinho também, pagode deu pra render um dinheiro — concordei — Balançear tudo pra tu, passar anotar tudo direito, tá ligado, já mandei o menor trazer um notebook pra cá, pra ajeitar os bagulho direito — falou distraído, gestão tecnológica

— Tá certo, vou tá ganhando pra casa, enfrentar a dona encrenca — peguei meu fuzil do lado da cadeira e olhei a vista

Várias luzes lá longe, imagina se eu não estivesse nessa vida? Quem eu seria? Tem hora que me bate essas neuroses, começo a analisar onde eu tô e onde eu estarei daqui uns 5 anos, várias perguntas e nenhuma resposta.

As vezes a liberdade faz muita falta, ta na rua é bom, mas ao mesmo tempo nós ta preso aqui, pra sair é maior estratégia, ainda falam que nossa vida é fácil.

— Reforça a segurança lá em casa, avisa os moleques! Quero tudo cercado. — Orochi  concordou

— Correto! Vou tá passando um rádio pra geral – acendo um cigarro e subo na moto

Passei o dia inteiro fora de casa, meio da semana já e eu só fugindo da Ana Clara, tô evitando bater de frente com ela, muita surtação, me sufocando pra caralho, isso me incomoda, tô com cabeça pra ficar de discussão não mas quando chegou no meu ouvido que ela tacou o foda se no baile, eu não consegui me controlar, tá querendo me fazer de otário.

— Ai, apura tudo dessa tal de Miriam pra mim — falei pro Orochi — Tô ligado que tua mina é informada pra caraca, quero saber de tudo dessa garota aí — ele concordou, informada pra não falar fofoqueira

— Mas qual foi? — perguntou andando com a moto do meu lado

— Muito juntamento com a Ana, tô sentindo que ela tá querendo cruzar meu caminho, tá ligado! Vive muito lá em casa, me lançando uns olhares, papo de talarica — ele riu concordando

— Vou procurar saber, te aciono — falou arrancando com a moto

Cheguei em casa, dei ordem pros moleques madrugar hoje, segurança na favela mais reforçada do que qualquer dia, nunca se sabe.

Tô ligado nessa Miriam, curtiu várias fotos minha no Twitter do nada de ontem pra hoje, até desativei essa porra, muita fofoca, mas essa mandada aí não tá passando batida não, deixa Ana Clara ficar alimentando cobra, vai picar ela que ela não vai nem ver.

— Boa noite! — falei pra Ana Clara que tava saindo da cozinha

— Boa noite! Que susto — riu na minha direção

Fui pro quarto, tomei um banho e quando eu ia sair ela veio entrando no banheiro, me abraçando.

— Me desculpa? Tô com saudades — murmurou abraçada em mim, com o rosto no meu pescoço

— Tranquilo! Esquece isso – dou um beijo na testa dela e me afasto

— Amor, amanhã eu posso ir no shopping com a Miriam? — olhei pra ela do reflexo do espelho, tudo planejado, ceninha de que tá com saudade por que quer sair — Quero comprar umas coisas pra mim — falou

— Não! — neguei com a cabeça — Te quero andando com piranha não — botei a pasta de dente no lugar

— Nossa, Richard! Que piranha? A Miriam é. ..— interrompi ela

— Piranha! Não é não, Ana Clara — sai do banheiro, ela veio atrás

— Não sei da onde você tira essas coisas,
eu hein! — sentou na cama, vesti uma camisa e botei o relógio

— Compra roupa com ela pela comunidade, mina do parceiro aí, lançou uma multimarcas
maneira — borrifei o perfume, ela bufou

— Cansada de ficar só presa aqui — falou de cara fechada

— Show! — dou um sorriso e vou até ela — Descansa, assiste um filme, quem sabe teu tédio não passa — dei um selinho nela — Vou sair — falei me afastando

— Já vai pra onde? Eu fiz janta, achei que você fosse ficar em casa — veio na minha direção

— Daqui a pouco eu tô aí — ela negou com a cabeça, boladona

Tive que render, pra levantar essa bandeira de paz de uma vez só. cansadão de ficar na desavença.

*°Não esqueça seu fav e seu comentário.

Richard: Escolhas.Where stories live. Discover now