19. Cheque mate

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Lá fora parecia frio, e a sensação de estar prestes a sair, sem o consentimento de Vandame, era desesperadamente temível. Josan já havia acionado a alavanca atrás das caixas e aberto a janela, agora contemplava o lindo céu daquela noite, mesmo sabendo que não tinham tempo para isso. Poderia optar novamente por desistir de escapar, era mais arriscado do que imaginava. Stevan jamais o perdoaria desta vez, mas era a vida de todos que estavam em jogo. Se submeter a isso poderia trazer sérias consequências. Josan respirou fundo e relevou.

Nunca sairia dessa situação se não tentasse mudar as coisas.

A Lobaz era em maior número, mas os três agentes, de alguma maneira, traziam consigo um ar de segurança e paz, tornando-o forte, persistente e disposto a tudo.

Se Paulo estivesse aqui, diria que mais arriscado não seria tentar escapar, e sim, continuar a permanecer sob domínio dessa organização. Stevan diria que tudo tem seu preço, e a qualquer momento ele seria o próximo produto em troca do maior valor que essa máfia poderia estimar: a vingança. Lênin, por sua vez, diria que a solução seria tomar um drink antes de tudo. Relaxar e acalmar a mente com uma bebida era o primeiro passo para uma operação de sucesso. Depois, obviamente, partir para cima desse marginais com unhas e dentes, sem deixar o Champanhe derramar, é claro!

Lembrar de seus três amigos, agentes competentes, tornava-o mais seguro de si. Se eles estivessem aqui, não fariam-o desistir fácil, então essa seria a hora. Definitivamente precisava deixar esse prédio, deixar Vandame e a Lobaz sem temer as consequências, pois um homem de verdade não está preocupado com o que possa acontecer depois. Só é digno de liberdade quem realmente está disposto e decidido, com todas suas forças, lutar para conquistá-la. Não mais permaneceria sob o domínio dessa organização, agora seria livre novamente e disposto a destruir por completo quem um dia arrancou-o até o que havia de mais precioso na sua vida.

Decidido, Josan pulou a janela e, com muito cuidado, desceu até estar de pé na parte exterior do prédio. Mantinha a arma em punho enquanto olhava para todos os lados, averiguando se não havia ninguém além dele, o que logo foi constatado.

Josan ainda estava trêmulo, essa bomba poderia ser acionada a qualquer momento, o que seria lamentavelmente trágico. Essa sensação era repugnante e, na verdade, temível. Não é todo dia que você tem uma bomba presa à sua cintura, não é mesmo?

Depois de percorrer mais alguns metros, ele ouviu alguns barulhos incogitáveis vindo da escuridão próxima. Tentou ao máximo manter a calma e a respiração normal, mas cada vez mais um calafrio percorria seu corpo, foi quando sentiu, definitivamente, a presença próxima de alguém. Antes que pudesse virar-se para ver de quem se tratava, impetuosamente uma mão cobriu sua boca.

Josan segurou firme o revólver pronto para usá-lo, mas o sujeito colocou uma arma na sua cabeça.

- Nem pense em fazer isso. - indagou o sujeito. - me dê essa arma.

• • •

Na mais singela opinião de Lênin, Stevan, definitivamente, precisava de um tratamento psicótico. Apostaria na inversão de papéis, desta vez, para conseguir algum tipo de cartão. Lênin não entendeu direito essa parte, mas parece que precisam dele para abrir a porta de uma sala, onde suspeitam que o chip esteja plugado. A poucos segundos, Stevan havia pedido-o para bancar uma de garçon, e fazer com que Vandame repetisse a dose, só que do lado oposto. Seria uma boa ideia em termos de "devolver na mesma moeda", mas não haveria um meio menos recíproco de conseguir isso?

Provável que não.

Claro, as desculpas sempre eram as mesmas: falta de tempo. Infelizmente era que, mais do que uma desculpa, isso era a mais bruta realidade. Nenhum deles sabiam ao certo se o carregamento havia sido finalizado e essa festa na suposta Sede, além de ser uma comemoração a um projeto político, fosse também em comemoração à finalização desse carregamento. Era possível que sim. Por isso precisariam tirar suas próprias conclusões, mesmo a prioridade sendo Josan nesse momento.

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