capítulo quinze;

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D A P H N E

—— Você tem ideia do que aconteceu? —— Consegui perceber que se tratava da voz do Coringa.

Continuei no mesmo lugar; a mão apoiada na maçaneta como se um raio congelante tivesse me atingido.

Eu devia entrar e fingir que não tinha ouvido nada, porque eu sabia que não era de bom tom ouvir conversas alheias.

Mas caramba... ele estava falando de mim.

Meus passos soaram como penas quando eu segui a origem do som no corredor e parei atrás de uma porta entreaberta.

—— Não sei. Ela saiu assim que cheguei e ele não quis dizer nada, obviamente —— era Arthur falando. —— Mas você sabe como o Bak é...

—— Você acha que eles ficaram ou assim? —— Victor perguntou.

—— Como isso seria possível? Ela acabou de chegar! —— Arthur parecia indignado.

—— E daí? Peguei a Bárbara no meu terceiro dia aqui. A Milena fode com o Bak quando ele bem entende. Você sabe, elas não me parecem tão difíceis assim —— disse, e eu senti minhas sobrancelhas se crispando.

Ok. Que tipo de conversa era aquela?

Bárbara e Victor? E Milena? Com o... Bak?

E por que ele falava delas dessa forma? Tão pejorativamente?

—— Não acho que tenha sido isso que aconteceu —— Arthur respondeu.

—— Eu comeria ela sem problema nenhum —— Victor comentou, e então ouvi sua risada. —— Além de gostosa, tem uma carinha de safada. É das minhas.

—— Hm... Eu achei que você estava com a Babi.

—— Não somos exclusivos nem nada. —— Seguiu-se um silêncio diferente; estranho. Como se no ar houvessem respostas óbvias. —— Enfim. Você acha que eu pego a novata antes do Bak?

Precisei dar alguns passos para trás como forma de impedir que minhas pernas vacilassem. No entanto, minhas costas colidiram com uma superfície que —— certamente —— não era uma parede, me fazendo prender a respiração e fechar os olhos com força, não querendo me virar pra ver quem era.

Mas eu sabia.

Aquele perfume amadeirado com uma mistura de lavanda era seu cheiro característico. E por mais que eu não quisesse ter aquilo gravado em minha mente, era impossível quando era um cheiro bom.

—— Além de intrometida você também é bisbilhoteira —— ele afirmou, sua voz soando contra minha nuca.

Me virei devagar, como se aquilo fosse me fazer desaparecer.

Ele tinha as sobrancelhas erguidas em sua testa. Com um olhar inquisidor ele olhou pra porta atrás de mim, não ouvindo nada mais que silêncio, e então voltou a atenção para mim, semicerrando os olhos castanhos.

—— O que foi, anjo? O gato comeu sua língua?

O que eu podia dizer?

Ele não estava errado.

Eu tinha sido sim bisbilhoteira e intrometida. E julgue-me por ter continuado ali que nem uma idiota enquanto escutava aquelas palavras sobre mim saindo tão naturalmente da boca daqueles garotos.

Secrets (loud bak)Where stories live. Discover now