capítulo vinte e sete;

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D A P H N E

A garrafa girou até parar ao meu lado, que era onde Milena estava sentada. Ela apontava pro Gabriel.

—— Verdade ou consequência? —— ela questionou.

Ele ficou pensativo por alguns segundos.

—— Verdade.

Milena endireitou a coluna.

—— Por que odeia a Daphne? —— ela cuspiu como se aquela pergunta estivesse na ponta da sua língua e só lhe faltasse oportunidade para isso.

Eu senti meus olhos se expandindo; a possibilidade dele achar que eu ficava falando da sua pessoa por aí me deixando desconfortável.

Eu não falava. Só havia sido um comentário supérfluo que fiz horas atrás.

Gabriel olhou pra mim parecendo um pouco desconcertado, disfarçando a surpresa ao levar o gargalo da garrafa até a boca.

Ele bebericou a cerveja, parecendo ganhar tempo para dar sua resposta.

—— Quem disse que eu a odeio? —— perguntou, voltando o olhar para ela.

Milena sorriu com os lábios fechados.

—— Essa não é a resposta para a pergunta que eu fiz.

Eu olhei para as minhas mãos, sentindo o ar um pouco mais pesado a minha volta. Ninguém falava nada, e tinha certeza que todos olhavam pra mim porque eu sentia meu rosto queimando.

—— Não tem como eu dizer o porquê de odiá-la, porque eu não odeio. —— Levantei a cabeça quando ouvi a voz dele, e encontrei seus olhos em mim. —— Essa é a minha resposta.

Bárbara cantarolou um «Ok...» e voltou a girar a garrafa. Milena não pareceu satisfeita mas não disse nada.

Eu sustentei o olhar dele por mais alguns segundos.

Como ele poderia não me odiar? Depois de tudo que já havia dito pra mim?

—— Daphne pergunta pra Babi —— Marcos disse, e eu voltei pro presente, empurrando uma mecha do cabelo para trás do ouvido.

—— Verdade ou consequência? —— perguntei.

—— Verdade. —— Ela sorriu, e eu sabia por quê.

Eu não a conhecia o suficiente para fazer alguma pergunta comprometedora. Sequer a conhecia direito pra fazer uma pergunta interessante. E eu não queria ser a estraga prazeres que lançaria uma sem graça pra quebrar o clima; então quando eu me lembrei que ela e Coringa haviam aceite o contrato, tive uma ideia.

—— Você gosta de alguém aqui na sala? Digo, aquele gostar?

O sorriso dela sumiu e eu ouvi Carolina rir. Encolhi os ombros mandando a ela um "desculpa" silencioso e prendi a risada.

—— Não, não gosto —— ela foi rápida ao responder, firmemente.

Uma outra risada soou pela sala, e então levamos a atenção para o dono dela.

—— Sabe, Babi, era suposto você dizer a verdade —— Victor debochou, o antebraço descansando no apoio da cadeira e os olhos divertidos.

Bárbara abriu um sorriso falso.

—— E quem é você para decidir qual é a minha verdade?

Ok. Faíscas saiam dos sorrisos que eles entregavam um ao outro, e eu tinha certeza que eles eram tudo, menos genuínos.

—— Resposta dada, podemos seguir —— Marcos se apressou a dizer, atropelando as palavras assim que percebeu que Victor estava prestes a rebater. —— Uau, coincidência. Ok, verdade ou consequência, Arthur?

Secrets (loud bak)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant