A culpa é minha e eu ponho ela em quem eu quiser

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Os policiais nos escoltaram até a casa do meu pai. Nos acusaram por perturbação do sossego e depredação de patrimônio histórico, já que a guerra de comida sujou toda a fachada da igreja.

Os agricultores e os moradores foram parar lá também, o primeiro grupo pedindo satisfações ao meu pai, o prefeito da cidade, e o segundo grupo atrás de fofocas. Todos me olhavam como se eu tivesse batido em um cachorrinho filhote ou mostrado os peitos em praça pública. Os agricultores não estavam nada felizes, esperavam vender legumes na feira, mas acabaram pisoteados. Eles se amontoavam na frente do casarão como se fossem começar um protesto, meu pai apaziguava alguns perto do celeiro, onde o delegado também estava presente. Mas, se tinha algo que me doía dizer, era sobre meu esquecimento com Jisoo.

No meio de policiais, agricultores e das mães de Jennie (que vieram nos recepcionar assim que saímos da viatura) vi o jipe de Sehun estacionado na frente da casa e me permiti ter esperanças.

— Cadê a Jisoo!? — Sai empurrando todo mundo que entrasse no meu caminho. Ouvi Lisa me chamar, mas o som do grito dela pareceu ecoar longe demais.

Deixei Jisoo na cachoeira, machucada, há não sei quantas horas atrás. Se passaram horas? Parecia quase uma década. Eu pedi meu pai para buscá-la? Deu tempo de dizer alguma coisa depois que vi Jennie e Lisa brigando na televisão? Jisoo ainda estava me esperando? Cadê a Estrela? Sehun recebeu o sinal de fumaça? Jisoo estava desaparecida?

Um rastro de legumes foi deixado atrás de mim à medida que eu corria, pulei as pedrinhas da entrada, subi a escadaria e trombei em Sehun quando ele saiu porta afora.

— Cadê a Jisoo? Ela veio pra cá!?

Tentei não chorar de desespero, já imaginava todos os cenários possíveis, dos ruins aos mais que ruins, os horríveis. Eu sabia que tinha muito a explicar, mas estava tão aflita que nada mais fazia sentido a não ser saber sobre Jisoo. Eu perdia o foco rápido demais, meu pai dizia que eu tinha a memória de um peixe, pela primeira vez na vida, concordei com isso.

Momo surgiu de atrás de Sehun e me abraçou forte. Sem se importar de sujar, ela beijou a minha testa.

— Roseanne!

— O quê...?

O que eles estavam fazendo aqui? Era o que eu queria perguntar. Momo e um vestido feito de canga e Sehun com uma expressão de um plantonista que não dormia a dias.

— Você disse pra esperar o sinal de fumaça, mas eu sabia que ia dar merda de qualquer jeito, então resolvi vir pra cá assim que você me ligou. Momo também veio porque... — Sehun semicerrou os olhos, com se fosse a primeira vez que fazia essa pergunta.

— Eu fiquei preocupada com a baby Jisoo, senti que ela estava em perigo... — Momo me largou e me olhou com uma cara brava. — Quando cheguei aqui e me conectei com a natureza, tudo ficou claro como cristal!

— Vocês encontraram ela? Ela está bem!?

Sehun deu alguns passos para longe de Momo e fez, silenciosamente, o sinal da cruz.

— Momo achou a trilha para a cachoeira, encontramos Jisoo lá.

Respirei aliviada. Momo nunca tinha estado aqui, ela ter encontrado Jisoo era um mistério que eu conseguia engolir graças aos seus poderes feéricos. Dei um beijo na bochecha dela, sentindo um cheiro forte de marijuana. Jisoo estava bem e eu poderia explicá-la tudo que aconteceu nesse meio tempo, Momo deu espaço para que eu entrasse em casa, mas Sehun agarrou o meu braço.

— Rosé... Acho melhor você não ir agora. — Sehun e Momo se entreolharam. Meu coração errou algumas batidas. — Jisoo precisa descansar, dei alguns pontos no corte da barriga, a perna ainda está fraturada e o gesso se partiu, tentei enfaixar, mas não é o indicado nessas ocasiões. Ela perdeu um pouco de sangue, está bem, quer dizer, na medida do possível, não é isso, é que...

O Plano JOnde as histórias ganham vida. Descobre agora