Tudo certo pra errado

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Jisoo estava usando uma ombreira. Sehun disse que não foi tão grave assim, mas ela teria que ficar com o suporte para ombros por alguns dias, o que era ruim já que a atrapalhava andar de muletas.

Eu me sentia mais que culpada, eu me sentia super culpada, culpada de verdade. Jisoo era tão fofa e linda e estava na minha e então, em menos de uma semana eu causei acidentes que quebraram a sua perna e deslocaram o seu ombro. Que tipo de pessoa horrível eu era?

Por isso, eu estava muito empenhada em me desculpar com Jisoo. Arrumei todo o quarto dela, separei suas calcinhas por cor e até tirei poeira do PC Gamer que soltava luzinhas rosa e azul, além de dar comida na boca dela para que não mexesse o braço. No fim das contas, eu era uma boa namorada (apesar de quase tê-la matado duas vezes e nada ter sido oficializado entre nós), na minha cabeça já estávamos namorando.

Jennie chegou com o resto da mudança no dia seguinte, o quarto ainda cheirava a lavanda desde que ela trouxe a última caixa. E ela parecia feliz em me ignorar, vestia um vestido estampado e chinelos de dedo, o que me fez lembrar da história por trás daquele bendito vestido. Estávamos na praia e Jennie fez uma tatuagem de rena de um golfinho, naqueles hippies esquisitos que cobram o olho da cara. Ela saltitava, toda feliz, com a nova tattoo, uma florzinha presa na orelha e esse vestido que havia comprado na mão de um camelô, até que Lisa colocou um pé na frente e ela caiu no calçadão igual manga madura.

Ao se levantar, o vestido estava rasgado.

Chegamos no hotel com Jennie chorando por causa do joelho ralado e do vestido rasgado, e a primeira coisa que ela fez foi jogá-lo no lixo. A história terminaria aqui se Lisa não tivesse ido, no dia seguinte, ao camelô e comprado um vestido igual. Jennie só aceitou o novo modelo porque a ideia de ter extorquido dinheiro de Lisa a deixava feliz, como se completasse uma vingança imaginária pelo joelho ralado.

— Jennie... — murmurei, limpando a boca de Jisoo com a colher, pois eu havia comprado salada de frutas e dava para ela na boca. — Ruby...

Jennie levantou uma sobrancelha, me olhando de soslaio antes de voltar a arrumar suas roupas. Detalhe, as roupas já estavam arrumadas, mas agora ela trocava a ordem que antes era de cor para categoria. Blusas de manga comprida de um lado, manga média de outro e de alcinhas no meio.

O quarto parecia ter uma divisão imaginária, Jennie do outro lado, com suas coisas organizadas por cor e tamanho e sua cama perfeitamente arrumada (que ela fazia questão de arrumar de novo) e eu e Jisoo do outro lado, manetes de vídeo game, chinelos jogados nos pés da cama e o lençol cheio de restos do salgadinho que comi mais cedo.

— Melhores amigas inseparáveis de novo?

Ela nem me olhou dessa vez, continuou a desdobrar e dobrar as roupas. Jisoo me cutucou com a manete do vídeo-game.

— Rosé, você deixou cair banana na minha blusa.

— Desculpa, amorzinho... Jenn-

— Rosé! De novo! — Jisoo rolou os olhos, tomando a colher de mim com a mão boa. — Eu como sozinha.

Fiz um biquinho, frustrada. Era oficial, eu era mais inútil que uva passa no salpicão, tão ou mais desnecessária que tapa sexo em vídeo porno. Jennie provavelmente nunca me perdoaria e Jisoo não tinha paciência para os meus mimos. Oh Deus! Por que me fizestes um desastre ambulante que não consegue cumprir um plano básico para juntar duas pessoas? O que será que o Will Smith em "A procura da felicidade" me aconselharia? A persistir? A deixar do jeito que está? A usar a força física? E será que demoraria muito para chegar no momento em que eu diria: "Essa pequena parte da minha vida, se chama felicidade?"

O Plano JOnde as histórias ganham vida. Descobre agora