"Uma breve introdução ao ódio" por Park Rosé.

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Olá! Estou aqui com mais uma fanfic aaaa. Por muito tempo eu esqueci da existência de "O Plano J" (sim, eu sou esquecida) e achei enquanto arrumava meu drive, dei de cara com ela e pensei "por que não?" Então espero que vocês se divirtam em alguns momentos, que sintam vergonha alheia dos personagens e que tenham uma boa leitura! Vou atualizá-la todas as quartas, bjss.

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Lalisa Manoban e Jennie Kim se odiavam.

Essa era a única certeza que eu tinha na vida, além de que um dia morreria e que Robert Pattinson nunca mais voltaria para refilmar Crepúsculo.

E não era um ódio comum, daqueles bobinhos — que na maioria das vezes só te faz querer manter distância da pessoa odiada — nada disso. O ódio nutrido por elas era algo que irradiava, era quase um ser vivo. Grande o bastante para engolir metade da sala do Primário A, do colégio católico em que eu fui transferida aos 6 anos de idade.

Eu deveria ter percebido isso de cara, porque as duas sentavam em lados opostos da sala. Lisa com os cabelos castanhos e franjinhas, encarando Jennie e suas bochechas fofas como se, o simples fatos delas existirem, fosse uma afronta contra si. Naquela época, "Rebeldes" estava na moda e metade das meninas usavam mechas coloridas nos cabelos, como a Mia, e Jennie era uma delas. Ela estava um pouco acima do peso pelo novo amor a paçoquinha de 500 gramas que vendia na cantina da escola e também acumulava uma antipatia pela tailandesa alta de "olhos de coruja".

Naquele tempo eu era diferente das outras crianças, por ter me mudado há pouco tempo da Austrália para a Coreia do Sul e, com isso, não ter um bom repertório em coreano para ser usado. Eu também não ligava para o diziam sobre elas. Como o fato de Jennie estar com os cabelos curtos porque Lisa colou chiclete nas pontas e precisou ser cortado, ou como Lisa estava com o braço enfaixado porque Jennie a empurrou quando a tia pediu que todos formassem uma roda para cantar "Fui a fonte do tororó" e Lisa a chamou de "balofinha" resultando assim, em um braço quebrado e dois dias de suspensão.

Elas tinham métodos pouco ortodoxos para descontar aquela raiva infantil, mas eram bastante eficazes para me livrar de possíveis bullys. Andar com Jennie e Lisa me fazia sentir protegida, como se eu pertencesse àquele lugar. Lisa me mostrou o método que seus pais a ensinaram coreano fluente e Jennie me ajudava a me integrar na cultura local, então, foi natural que virássemos melhores amigas.

Quando entramos no ensino fundamental, Jennie viu Lisa colar da prova do professor Jimin. Com os olhos felinos, ela levantou um lápis e perguntou ao professor se podia fazer a prova "com consulta", quando ele respondeu bravamente que não, ela olhou de soslaio para Lisa e ele seguiu o olhar dela.

Resultado? Lisa foi reprovada em matemática.

Ou quando, no fim do quinto ano, Lisa pregou absorventes no armário de Jennie e espalhou boatos que ela tinha gonorreia, sem saber ao menos o que era. Quando perguntei o porquê escolheu especificamente gonorreia, Lisa respondeu que o nome parecia nojento o suficiente. A diretora chamou uma sexóloga para conversar sobre DST's e Jennie precisou aguentar o apelido "Jeninha da gonorreia" por todo o sexto ano.

Durante o primário até o ensino médio, elas se estapearam na quadra de basquete, futebol e voleibol, no refeitório e nos laboratórios de ciências. Lisa e Jennie sempre eram contidas, com as saias plissadas amassadas, marcas de unhas pelo rosto e claro, uma advertência assinada. Eu sempre estava no meio, levando chutes e tapas quando tentava separá-las ou ouvindo o típico "Fala pra testuda que eu não quero conversar" ou "Para conversar com essa daí, ela precisaria escalar o meio fio primeiro" quando claramente elas podiam ouvir, já que estavam sempre do meu lado.

O Plano JOnde as histórias ganham vida. Descobre agora