Revelação

539 66 443
                                    

Sentou-se desconfortável na cama, cada movimento acompanhado pelo ranger da madeira e a resistência dos lençóis, que pareciam se embaraçar em suas pernas

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Sentou-se desconfortável na cama, cada movimento acompanhado pelo ranger da madeira e a resistência dos lençóis, que pareciam se embaraçar em suas pernas. Seus braços estalaram desconfortavelmente quando se ajeitou, uma tensão pairando no ar, refletida no pulsar insistente de uma veia em seu pescoço. O relógio no celular exibiu a hora, lembrando-o do próximo alarme para os remédios, enquanto seus dedos vagueavam pela cicatriz em sua barriga, cuidadosamente evitando áreas sensíveis sob o curativo.

O silêncio da noite era interrompido apenas pelo suave farfalhar das árvores ao vento, criando uma atmosfera inquietante que ecoava os sentimentos tumultuados de Harry. Ao fechar os olhos, uma sensação familiar de ser observado o invadiu, fazendo-o abrir os olhos para encarar a janela. Lá, destacada contra a noite, estava a figura sombria de Zayn, uma presença que desconcertava todos os seus pensamentos..

— O que está fazendo aqui? — Sua voz carregava uma mistura de surpresa e desconfiança enquanto se sentava mais ereto na cama.

— Vim ver como você está. — A resposta de Zayn soava calma, mas Harry podia sentir a tensão subjacente.

Cada palavra de Zayn ecoava na mente de Harry como um eco doloroso, reacendendo a mágoa que carregava há semanas. Um mês havia se passado desde que Nick o esfaqueou, e apenas agora Zayn apareceu. As memórias da recusa de Zayn em ajudá-lo inundavam sua mente, acompanhadas pela dor e desespero daquele dia fatídico.

Lembrar-se da ânsia que sentiu todos aqueles dias no hospital era como reviver a agonia. Noites inteiras passadas acordado, esperando que Zayn aparecesse para visitá-lo, consumiam Harry. Cada segundo parecia uma eternidade, mal conseguia respirar de ansiedade, enquanto o desejo desesperado por um vislumbre dele o mantinha acordado, esperando na solidão da noite.

— Quer saber se estou bem? — A voz de Harry tremia com a emoção contida. — Só agora?

Zayn se aproximou da cama, seus olhos percorrendo o corpo de Harry, pousando na cicatriz recém-cicatrizada.

— Eu não podia visitá-lo no hospital. — A defesa de Zayn era firme, mas Harry detectava uma ponta de desconforto em sua voz.

— Você me negou ajuda! — A indignação transbordava em suas palavras. — Nem mesmo veio me visitar.

A raiva de Harry era palpável, misturada com a confusão e o medo que sentia em relação a Zayn. Não conseguia entender por que Zayn era tão reservado, por que escondia tanto de seu passado.

— Você sabe que eu não poderia! — Zayn retrucou, sua própria frustração se manifestando.

— Por quê, Zayn? — A voz de Harry ecoou no quarto, cheia de angústia. — Por que você não pode ser visto em público? Por que não posso saber nada sobre você? Eu quase morri por sua causa, mais de uma vez!

O confronto entre os dois era intenso, cada palavra carregada de emoção não dita e perguntas não respondidas. A tensão pairava no ar, como uma tempestade prestes a desabar. Sensações agonizantes fervilhavam em seu peito, uma mistura ardente de angústia e desespero. As lágrimas escapavam-lhe pelas bochechas, traçando caminhos salgados enquanto o coração parecia pressionar contra suas costelas, como se buscasse fugir do sufocamento que o envolvia.

AS RUÍNASWhere stories live. Discover now