Redenção

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Dez minutos, quarenta e dois segundos e treze milésimos se arrastaram, cada segundo uma eternidade enquanto Harry observava Thomas de longe, reunindo coragem para finalmente abordá-lo

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Dez minutos, quarenta e dois segundos e treze milésimos se arrastaram, cada segundo uma eternidade enquanto Harry observava Thomas de longe, reunindo coragem para finalmente abordá-lo. Um grupo de alunos cruzou seu campo de visão, forçando-o a erguer a cabeça para manter o amigo à vista. A postura retraída de Thomas, os ombros encolhidos e a aversão ao contato social, indicavam claramente que algo não estava bem.

Harry finalmente decidiu enfrentar a situação. Deixando para trás a hesitação, aproximou-se com determinação, cansado de se esconder por algo que não era culpa sua. Antes de alcançar Thomas, ajustou a gola da camisa de tecido pesado, sentindo o desconforto do calor excessivo que contrastava com o clima ameno daquela manhã. Certificou-se de que o tecido cobrisse completamente sua garganta, ocultando as dolorosas marcas de dedos, roxas e verdes, que ainda estavam presentes.

— Thomas! — chamou, franzindo as sobrancelhas quando a garganta latejou.

Harry arfou em horror quando o amigo virou-se de supetão, revelando uma expressão assombrada em seu rosto pálido. Ao fitar Thomas, seu olhar foi imediatamente atraído para os hematomas escuros que marcavam a pele delicada das maçãs do rosto do amigo. Eram manchas profundas, quase tão contundentes quanto as que ele próprio carregava em seu pescoço, evocando uma sensação de angústia diante da brutalidade das marcas.

— O que aconteceu com você? — perguntou, estendendo a mão para tocar o rosto machucado.

Thomas encolheu-se ligeiramente, afastando-se de Harry como se ele fosse um estranho.

— Meu pai descobriu sobre o que fizemos — disse ele, desviando o olhar. — Ele vem de uma família extremamente conservadora, incapaz de tolerar algo assim.

— Como ele descobriu? Não vi ninguém pela rua.

— Mas tinha alguém! — retrucou, com um tom mais áspero do que o necessário. — Um vizinho, que não perdeu a oportunidade de espalhar a fofoca para o meu pai. E ele, é claro, não hesitou em expressar o quanto estava horrorizado com tudo isso.

Thomas indicou os hematomas no rosto com um gesto impaciente.

— Sinto muito, Thomas. Eu... realmente sinto muito.

— Não conte isso para os outros caras!

— Eu não tinha a intenção de contar — garantiu Harry, franzindo a testa diante do tratamento rude. — Você está bem?

— Estou ótimo! — respondeu Thomas, forçando um sorriso, mas mantendo o olhar baixo. — Só não espalhe o que aconteceu.

— Sobre o beijo...

— Não quero falar sobre isso, Harry! — rosnou Thomas, ajustando a mochila nos ombros. — Preciso ir.

Permaneceu estático até Thomas desaparecer pelos corredores, reconhecendo internamente que aquela amizade precisaria de muita manutenção para voltar a ser o que era. No fundo duvidava que conseguiria reverter a situação. A confirmação para aquelas suposições veio na hora do almoço, quando Thomas não sentou na mesa que costumavam dividir com os outros amigos.

AS RUÍNASWhere stories live. Discover now