Mais à frente, tinha uma divisão de corredor. Direita e esquerda novamente. Olhei para a placa e vi que o setor três estava para a esquerda. E, sem receio algum, fui por aquela direção. Escutei barulhos de tiros de longe e engoli seco, correndo ainda mais e sentindo meu abdômen doer. Eu não poderia estar fazendo aquela força. Aquele lugar era enorme. O corredor parecia nunca acabar.

Chegando perto do fim, escutei mais barulhos e então vi um homem correndo em direção contrária a minha. Um guarda. Arregalei os olhos e mirei a arma em sua direção. Até atirei duas vezes, mas ele morreu antes disso. Caiu no chão como uma pedra depois de seu pescoço girar em praticamente 360 graus. Parei no mesmo momento. Silêncio.

Yuna com certeza estava mais à frente. Suspirei, andando devagar até o fim do corredor, parando ali e olhando para a garota ajoelhada no meio da sala.

Em meio a, no mínimo, trinta cadáveres.

Ela tinha a cabeça baixa e estava com a roupa coberta de sangue, assim como as paredes brancas do local. Aquilo que eu achava que era perturbante antes, se tornou completamente insano.

Andei lentamente até a garota, desviando dos corpos, vendo todas aquelas pessoas mortas e pensando apenas em algo do tipo: bem feito.

Assim que a pilha de corpos acabou, andei mais rápido em direção a Yuna, parando em sua frente.

-Yuna... – falei em um fio de voz. A garota não respondeu. Parecia estar em transe. –

Agachei em sua frente e segurei seu rosto, que ainda olhava para baixo. Olhando bem, a garota chorava, por meio de gotas de sangue que não eram dela.

-amor. – falei baixo e ela piscou algumas vezes, olhando para mim e franzindo o cenho –

-Ryujin? – perguntou com uma voz quase inaudível. Seu queixo tremeu e ela pareceu ter ainda mais lágrimas caindo por seu rosto – Você... – tocou em meu rosto com as duas mãos – Você está viva...

-Sim. – sussurrei sorrindo fraco – Você também.

A garota sorriu em meio ao choro e me abraçou com força. Eu me senti tão confortável ali, em seus braços, que se pudesse, ficaria ali para sempre. Mas esse não era o caso.

-Temos que sair daqui. – falei baixo, mexendo em seu cabelo. Senti-a assentir e então a garota se separou de mim –

-Sim. Vamos. – ajudei-a a se levantar devagar –

Ela olhou em volta, provavelmente percebendo o estrago que tinha feito e depois olhou para mim com uma cara de tristeza. Neguei algumas vezes e peguei sua mão, guiando-a até sair dali. Eu andava rapidamente e não soltava Yuna de jeito nenhum. Até ela parar no meio do corredor.

-Ryujin... – começou, o que me fez virar para vê-la –

-Sim? – ela olhou para baixo, o que me fez olhar também. Ela estava machucada. Sangrando. Olhei para seu rosto e ela mordeu o lábio devagar – Está doendo? – perguntei e ela assentiu –

-Sim... – resmungou colocando a mão por cima do sangramento. Era quase no mesmo lugar onde eu tinha a cicatriz da cirurgia, sendo que um pouco mais para a direita –

Rasguei um pedaço da manga da minha blusa e coloquei por cima, fazendo-a pressionar.

-Não solte isso, ok? – ela assentiu – Consegue andar? – assentiu novamente e eu concordei em silencio, andando rapidamente com ela pelo corredor –

Passamos pelos lugares por onde eu corri sozinha antes, e fomos surpreendidas por guardas. Muitos. Engoli seco. Yuna estava atrás de mim, ainda pressionando o ferimento. Ela olhou para mim como quem dissesse: “Vamos em frente!” e eu levantei a arma.

Monster -2ShinWhere stories live. Discover now