capítulo 9

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A quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada e relevante. Yuna quase não falou comigo e Yeji fez as mesmas piadas, como todos os dias. Tentei o máximo não lembrar o caso da número quinze, mas foi impossível. Aquilo ficou importunando minha cabeça o dia inteiro. Eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada.

E, quando vi, já era sexta-feira novamente. Comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. A semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. Daqui a pouco estaríamos em junho, mês do meu aniversário.

Fiz tudo o que tinha que fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupa, escovei os dentes, tomei café, peguei o café de Yuna e vim até o corredor do medo.

Abri a porta, vendo Yuna fazendo flexões no chão. Quis babar ao ver aquilo. A garota estava de calça de moletom e top, cabelos presos a um coque e o corpo suado, indo pra cima e pra baixo em um ritmo rápido. Seus músculos do braço estavam à mostra, mesmo tendo um braço bem fino. Fechei a porta e ela parou, sentando-se no chão e olhando para mim.

-Bom dia. – falei – Resolveu ser fitness? – perguntei, entregando seu café. Ela deu de ombros, bebendo um pouco de água –

-Não. Tenho que fazer uma sequência de exercícios diariamente. – falou, comendo uma torrada – Normalmente faço quando você não está aqui.

-Tem vergonha de mim? – perguntei e ela negou com a cabeça –

-Não me sinto confortável. – dei de ombros –

-Só finja que não estou aqui. Eu nem olho para você. – falei e ela olhou para mim com se soubesse que eu estava mentindo –

-Não, obrigada. – mordeu a goiaba que tinha em mãos – Prefiro quando estou sozinha mesmo.

-Ok. Você que sabe. – falei inocente –

Depois de um tempo, Yuna terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. Enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido – que dessa vez eu lembrei de trazer – escutando alguma musica para mim. Sorri, fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música. Pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. Senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo Yuna me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. Tirei um dos fones, ainda olhando para a menina, e perguntei:

-O que? – ela logo tirou o sorriso do rosto, dando de ombros –

-Nunca mais escutei alguém cantar. É interessante. – falou e eu levantei as sobrancelhas –

-Sério? – ela assentiu –

-Sim. Desde que entrei aqui, tudo o que ouço são os barulhos das paredes. E agora sua voz. Pelo menos cantando ela não é tão irritante quanto falando. – cerrei os olhos e a garota sentou-se em minha frente –

-E porque você não canta? – perguntei ignorando sua alfinetada –

-Não me lembro de quase nenhuma música. A maioria das coisas que lembro são melodias. Letras mesmo são poucas. Além de eu nunca praticar. – falou tudo com pausas. Eu sorri –

-Você poderia tentar, o que importa é o sentimento.

-Isso é ridículo. – falou e eu ri –

-Eu sei. – ela se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma – Não vai mesmo tentar?

-Não. – Yuna ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente – Falou com sua amiga? – perguntou sem olhar para mim –

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