So, am I in love?

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So, am I in love?

(Então, eu estou apaixonado?)


Harry não estava fugindo, é claro que não estava.

É claro que o motivo pelo qual ele passou a semana seguinte inteira dentro da biblioteca — alegando estar estudando e revisando matérias para todos que perguntassem o motivo de seu afastamento — não era porque ele não queria ter que olhar para Severo e admitir seus sentimentos conflituosos.

Não, é claro que não, ele era um grifinório corajoso, ele lidava com desafios muito bem. Isso, é claro, quando não se tratava de sentimentos, mas ele não confessaria isso a ninguém.

Mas apenas o fato de não encarar Severo, o que era impossível já que eles habitavam o mesmo castelo, infelizmente — ou felizmente — não o livrava de seus pensamentos. Na verdade, se ele fosse realmente parar para pensar, isso só piorava toda a situação em sua mente.

No fim, Harry sempre acabava parando de repente e começava a pensar em seus envolvimentos amorosos naqueles anos todos em Hogwarts. Paralelamente, ele começava a repassar tudo sobre o que realmente sentia pelo rapaz de 24 anos que agora seria seu professor por mais um ano.

Ele pensou por um tempo em Cho, com quem teve um relacionamento muito rápido e um tanto traumático. Ele também pensou em Gina, mas tudo com ela foi divertido e juntos formavam ótimas lembranças. Os dois já haviam conversado sobre tudo e decidiram mutuamente que o melhor era se tornarem bons amigos, pois sabiam que o relacionamento deles não daria certo e que amizade para eles era o melhor.

No fundo, Harry sabia que aquela comparação era sem sentido. Não era a mesma coisa pensar sobre elas, afinal, era por um homem agora que parecia estar se apaixonando perdidamente. E tudo aquilo que ele sentia não podia ser comparado com nada que ele podia ter achado sentir anteriormente.

Tudo era avassalador e tudo acabava o confundindo, como confundiria qualquer um. Por mais que já tivesse pensado no assunto de também gostar de homens, ele nunca havia realmente parado para ponderar essa possibilidade — ainda mais sendo perseguido por um lunático.

Mas, naqueles dias, ele começou a pensar sobre si mesmo e a entender o fato de que sim, ele se sentia atraído por homens e por mulheres. E o fato de Hermione descobrir antes dele era no mínimo constrangedor. Ela tinha visto o que ele não havia se permitido enxergar, os sinais que decidiu ignorar. Seu sorriso inevitável quando estava ao lado dele, sua respiração acelerada, seus batimentos cardíacos desconexos.

Harry estava se apaixonando por Severo pouco a pouco e estava longe de conseguir escapar desse sentimento. E, naqueles dias, ele não sabia se era melhor ficar longe das tentações do olhar dele ou se era uma tortura não se permitir afogar naqueles olhos atenciosos que tanto aprendeu a apreciar.

Severo, por outro lado, poderia responder essa pergunta com a maior facilidade do mundo e afirmaria que não estava gostando nada mesmo daquela distância dos dois. Eles se encontravam pelo castelo quando Harry ia ajudar nas reconstruções da escola, mas eram poucas palavras que eles trocavam, eram poucos sorrisos que ele conseguia captar e apreciar.

Toda essa situação de distância o incomodava muito e ele não sabia exatamente o porquê de tudo aquilo. Ele só queria poder abraçar Harry novamente e tirar qualquer pensamento de sua mente que o afastasse dele. Ele queria poder ajudá-lo a sorrir mais, mesmo que, de forma egoísta, ele quisesse apreciar todos os seus sorrisos.

Era inevitável não se afeiçoar ao moreno, afinal, foram anos dedicando sua vida a ele. Mas ele sabia que, durante aquelas semanas, o carinho que sentia por Harry era muito diferente do que qualquer coisa que ele já havia sentido em sua vida.

RenascerWhere stories live. Discover now