Grief

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Grief

(Luto)


Nada preparou Severo para o que ele encontrou quando adentrou a sala de Minerva naquela tarde. Ver Harry carregando um bebê em seu colo não era exatamente um cenário que ele cogitaria observar naquele dia — nem em muitos anos, ele arriscava dizer.

O que mais lhe perturbava era o fato de que a criança possuía um tom de cabelo semelhante ao de Harry e que seus olhos parecessem tão esverdeados quanto o dele. Era um tanto assustador o fato de sua mente automaticamente pensar naquele bebê como o filho do Menino-Que-Sobreviveu.

Após um tempo parado e desorientado, tentando absorver memórias e informações, Harry finalmente reparou nele parado na porta da sala. O menino não deixou de reparar a mudança de vestimenta do professor mais jovem, que havia abandonado os longos sobretudos lotados de panos negros.

Ele havia optado por um terno mais simples, embora totalmente negro, e não usava capas naquele instante. Um sorriso se formou nos lábios de Harry ao ver o quanto ele estava tentando se renovar e foi impossível para o professor não o retribuir, por mais que nem ao menos tivesse ideia dos pensamentos dele.

— Severo, oi — Harry o cumprimentou. — Vem cá, tem alguém que quer te conhecer — ele chamou.

Severo caminhou até se inclinar para o bebê no colo dele. Ele percebeu que, quando ele ganhou a atenção da criança, a cor dos seus olhos oscilou levemente entre o verde e um tom mais escuro como os seus, fazendo com que arregalasse os olhos.

— O quê? — Severo questionou, surpreso, provocando a risada baixa de Harry.

— Severo, esse é o Teddy Lupin, meu afilhado.

Harry o apresentou, tocando a barriga do bebê, que deu um pequeno sorriso, segurando a mão do padrinho. Severo sorriu com a cena, vendo a atenção de Teddy retornar para Harry e seus olhos retornarem para o tom esverdeado.

— Ele herdou o talento da Tonks, como você pode ter percebido — Harry explicou. — Não se preocupe, você não foi a primeira pessoa hoje a pensar que eu tive um filho.

O professor riu, agachando ao lado da poltrona em que Harry se encontrava.

— De fato foi um tanto assustador pensar, mas também não sabia que ele era o seu afilhado — Severo pontuou. — Ele parece gostar de você.

— É bom, foi amor à primeira vista — Harry disse, provocando a risada do professor. — Andrômeda disse que ele parece gostar de trocar de cor de cabelo ou de aparência quando gosta da pessoa e se sente segura com ela, então eu me sinto bem honrado. Ele ainda é muito pequeno para fazer de forma consciente, por isso ele oscila às vezes. E essa primeira vez que nos conhecemos, então, como você pode imaginar, eu estou bem encantado por esse bebezinho ter aparentemente gostado de mim.

Harry brincou com a pequena mão de Teddy ainda segurando o seu dedo. Ele sorria ao encarar as feições calmas do seu afilhado, parecia, de certa forma, desprovido de suas dores naquele instante. De seu luto. Ele parecia leve com Teddy em seus braços.

Severo apenas observava aquela mudança nítida de Harry, permanecendo em silêncio ao escutá-lo falar sobre a avó da criança e não sobre a sua mãe. Ele sabia que Remo havia morrido, porque o menino mencionou que havia visto seu espectro com a relíquia, mas não sabia que Ninfadora também havia partido.

Ele sentiu um aperto no coração ao pensar que aquele bebê não teria os pais por perto vendo-o crescer. Sentiu um tanto de sua admiração por saber que aquele menino iria crescer em meio a muito amor, principalmente do padrinho, que parecia feliz apenas por o tê-lo no colo. Sabia que Harry faria o possível para que aquele bebê se sentisse amado, assim como a avó.

RenascerWhere stories live. Discover now