Cena 05 - Presas e Caçadores

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O capitão dos S.T.A.R.S. desceu o último lance de escadas e tocou a maçaneta da pequena porta branca diante de si. Enfim estava no local, o grande número 07 pintado na porta com tinta preta indicava o andar particular de pesquisas, um local tão secreto que sua verdadeira função era desconhecida até mesmo por noventa por cento dos funcionários e noventa por cento dos acionista do Banco Central de Manhattan. Aquele era um andar inteiro destinado à pesquisas solicitadas pela Umbrella, apenas os cientistas e coordenadores do mais alto escalão da corporação tinha acesso à suas instalações, ele entre os mesmos. Todos os demais visitantes acreditavam tratar-se de um andar de finanças exclusivas da empresa e graças ao sofisticado sistema de segurança apenas um elevador particular parava ali. No entanto, nesse momento nenhum elevador estava funcionando. O mesmo girou a peça de metal frio e torceu os lábios pensando na ironia de encontrar-se naquele lugar seguindo por aquele estranho caminho. "Entrar aqui pela escadaria de serviço. Alguém vai me pagar muito caro por essa humilhação" – pensou ele. Então girou a maçaneta e seguiu em frente.

Ao passar pela porta o estranho som de splash se fez ouvir sob o solado de suas botas. O chão do corredor estava inundado. Até onde ia a inundação era impossível ver considerando a escuridão. Ao longe o sujeito era capaz de ver pequenas luzes piscando em várias cores, verdes, azuis e vermelhas. Aquilo não era um bom sinal, a água sob seus pés não era um bom sinal. O mesmo aspirou o ar e suas narinas foram impregnadas com o odor ácido e forte, nesse momento o sujeito deixou todas as dúvidas que tinha de lado. O pior tinha acontecido.

Wesker retirou uma pequena seringa industrial do bolso no colete. Olhou para os números e letras gravadas na lateral do objeto. Sabia que tratava-se de um material de testes, mas sentia que se iria sobreviver ao que tinha por vir precisaria daquilo. Removendo a pequena tampa de cor vermelha o mesmo penetrou o próprio pescoço com a agulha esterilizada. Sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo como se a própria agulha corresse em chamas por suas veias. Seus olhos abriram-se em seguida, se alguém o visse naquele momento teria contemplado o púrpura por detrás das lentes escuras. A parte boa de ser cobaia de experimentos algumas vezes era o resultado positivo. Felizmente era o próprio Wesker quem vinha conduzindo aquela pesquisa.

O sujeito respirou fundo e contraiu os músculos do corpo, depois relaxou-se. Tinha, acima de tudo, que manter o controle sobre a situação. O barulho de passos veio do final do corredor em alta velocidade. Não os passos de um ser humano, os passos rápidos e desesperados de um animal bem menor. Um cão. O doberman saltou contra ele quando estava a pouco menos de três metros. Antes que chegasse a sessenta centímetros do soldado o mesmo atirou entre os olhos do animal, atingindo-o com precisão. O corpo tombou de lado na água, molhando a perna da calça do sujeito de vermelho enquanto se arrastava pelo chão. Wesker esboçou um sorriso e pensou consigo mesmo que era aquilo que ele queria, aquilo que ele precisava. Poder, muito poder para impor a sua verdade ao mundo e agora ele sentia esse poder correndo por suas veias e fluindo por cada célula de seu corpo. A pesquisa parecia lhe render resultados satisfatórios e ele, assim como previsto, era digno de receber aquele poder.

Wesker ajeitou os óculos, apesar da escuridão estava enxergando tudo muito melhor agora, claramente seus nervos ópticos haviam sido reestruturados imediatamente diante da medicação que havia aplicado. Infelizmente não tinha certeza de quanto tempo os efeitos durariam, não podia ficar contando com a sorte, precisava ser rápido, afinal, o pior já havia acontecido.

Caminhando pelo corredor o sujeito pensava no cão que havia acabado de abater. Havia contado desde o momento em que chegara no prédio com os outros S.T.A.R.S. de sua unidade cerca de dezoito cães, todos alterados pelo Vírus T, como podia notar por suas deformações. O ponto crítico nessa questão era que a corporação não havia ainda iniciado os testes com aqueles animais. Havia na última vez em que ele viera ali trinta e dois cães aguardando os testes que seriam realizados. No entanto, as cobaias do projeto Cerberus K-9 estavam no quarto andar e ele vira os monstros criados pela experiência logo no heliporto. Aquilo significava uma entre duas opções, ou os animais haviam sido infectados pelo ar ou alguém os havia infectado para causar pânico e impedir o avanço de possíveis equipes táticas prédio adentro. A possibilidade de que alguém os tivesse infectado era um pouco remota, pois exigiria alguém de dentro realizando a operação e todos os envolvidos eram registrados e monitorados vinte e quatro horas por dia. Havia ainda a questão que o fazia pensar quem seria o louco de criar aqueles monstros e soltá-los propositalmente dentro de um prédio cheio de pessoas como aquele. Era bastante provável que houvessem sido infectados pelo ar dado o tempo que a infecção aparentemente havia tido início – pensara ele. De qualquer forma, se todos os cães haviam sido contaminados, ele ainda tinha alguns perdidos pelos corredores e salas.

Resident Evil: Primeira AçãoWhere stories live. Discover now