Capítulo 13_A Divina Tragédia II

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     Edie a as outras subiram as escadas o mais depressa possível, mas pararam quando toda aquela estrutura tremeu violentamente:

     — O QUÊ? — Edie gritou sobre o estrondo e se apoiou contra a parede da escadaria.

    Kia e Moly tiveram que se abaixar num dos degraus para não caírem de modo desastroso:

     — Te-Temos que sair! — Lirahy também se apoiou contra a parede e apontou para o topo de onde uma luz avermelhada vinha.

     Assim que o tremor diminuiu elas continuaram seu caminho. Quando saíram da escada em caracol, que o grupo percebeu onde estava. Tinham ido parar no topo dos altos muros da muralha. Entre os blocos de concreto elas podiam ver o pátio no andar debaixo e o fenômeno estranho que se sucedia ali, porém estavam tão preocupadas perseguindo Maick que nem se deram conta que a invasão tinha enfim começado:

     — Ele tá ali! — Edie avistou o demônio de boné a poucos metros de onde tinham saído, parado e conversando com um ser, imediatamente continuaram correndo até ele.

     Não demorou para que elas os alcançassem:

     — Veio chorar no colo do seu chefe é? Agora você não tem pra onde correr seu... — Edie parou de falar quando percebeu a figura peculiar atrás de Maick.

    Era um demônio não muito convidativo que as encarava friamente com olhos tão fixos que era impossível não se amedrontarem. Logo atrás dele, um tornado negro enorme colidia com o céu daquele lugar, as quatro olharam chocadas para a cena:

     — Cês tão ferradas otárias! — Maick deu a volta no grupo sorrindo odiosamente antes de sair mancando e gemendo de volta para dentro da muralha.

     Restaram apenas Edie, Kia, Lirahy, Moly e o misterioso demônio que continuava as encarando de um jeito assustador e nem um pouco atraente. Edie analisou o desconhecido sem medo. O demônio tinha estatura mediana, ainda assim era bem alto comparado ao grupo, sendo pálido, tinha olhos cor de sangue inquietantes, um ar jovial e implacável. Os cabelos eram curtos, estavam jogados para trás, muito pretos e repicados. Os chifres avermelhados curvavam-se um pouco para frente e tinham formato em L. Calçava botas e vestia-se com um casaco longo, negro e de detalhes avermelhados, blusa e calças também eram de mesmas cores. Em suas costas asas enormes e grossas estavam dobradas. Ele ficou imóvel observando as quatro em silêncio:

     — ...quem é você? — Foi a pergunta mais óbvia que Edie conseguiu soltar.

     O demônio continuou parado, as mãos estavam unidas atrás de si, a expressão era de contemplação e uma pontada pequena de curiosidade mórbida. Alguns minutos se passaram até que por fim ele abriu a boca fina como um traço para falar:

     — Seu dono, daqui a uns poucos minutos... — A resposta saiu com um tom perverso e preciso.

     — Co-Como... — Lirahy se calou quando aqueles olhos cruéis e impiedosos passaram por ela, se dependesse deles, nunca mais falaria de tão atemorizantes.

     — Todos aqui são doidos por dominação... — Moly resmungou sem se abalar com a figura.

     — O que temos aqui... — Ele passou os olhos por Moly e Kia. — ...sabem o que acontecem com anjos no inferno... — continuou pausadamente, amedrontador e encarando as duas como se fascinado — , ...suas asas são arrancadas do corpo... esses aros brilhantes e patéticos são feitos em pedaços... — A fala saiu em um tom de voz distorcido como um som arranhado e o demônio se aproximou devagar do grupo parecendo se divertir com o temor das quatro.

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