Capítulo 10_O Mundo Espelhado, porém... II

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    Naquele mesmo submundo, a metros do chão pacífico e florido da superfície, os causadores daquele caos se preparavam para o que viria a seguir. As ordens de seu líder ou, na língua deles, tirano, estavam prestes a serem executadas com perfeição, a não ser por alguns contratempos...

     O lugar onde se iniciaria o processo de dominação da superfície era um mistério para vários anjos, e o que tinha disso, tinha de perigoso. Um grande muro de blocos de concreto regia o império demoníaco do inferno, o lar de seres tão inescrupulosos que seria difícil citar todos eles. Estavam sempre a se multiplicar como uma praga sedenta em praticar maldades.

     Aquele local era psicodélico e vertiginoso. A muralha formava um quadrado imenso, perigosamente construído em cima de uma montanha íngreme e rodeado por abismos sem fundo de pedras pontiagudas como lanças. O céu era falso, uma luz vermelha alaranjada incidia sobre tudo deixando o ambiente ao redor com um tom avermelhado e infernal. Visto que eles estavam a grandes profundidades abaixo da terra era uma cópia quase perfeita da realidade.

     No centro da estrutura aberta havia um pátio aberto enorme, antigamente usado para batalhas e confrontos, naquele momento grupos de demônios se reunião ali em baixo, todos uniformizados de preto, esperando as novas ordens. Eles se dispersavam em diferentes direções do pátio, conversando entre si baixo e em línguas desconhecidas.

     O lugar se mantinha o mesmo há décadas, sempre recebendo os seres maldosos que surgiam por diferentes razões. Nada nem ninguém poderia destruí-lo, o maligno era imortal.

     No meio daquilo tudo, uma demônio lixava as garras cuidadosamente, a vaidade era um de seus fortes e se manter bonita para matar anjos era uma prioridade quase maior que cumprir a próxima tarefa que tinha sido ordenada. Uma outra demônio vinha surgida de um dos arcos que levavam para dentro da estrutura, caminhava até ela a passos médios, num andar meio duro como se estivesse carregando muito peso:

     — Espero que tenha digerido bem seu lanchinho! — a demônio comentou ao notar sua aproximação.

    A mesma fez uma careta e levou uma das mãos as costas tronchas como um daqueles arcos de entrada:

     — Não fale, estou com indigestão até agora...

     — É bom que se mantenha assim! O chefe o quer especificamente em sua sala... — Ela fez uma pausa encarando as garras imensas antes de a impaciência tomar seu rosto. — Hum, cadê aquele idiota do Maick?! Mandei ele buscar a trombeta e até agora aquele lesado não apareceu!

     — Isso que dá deixar o trabalho para um tonto...

     — O Sr. raivoso odeia esperar! Vai nos xingar por conta daquele... daquele.... — A demônio parou novamente e encarou a outra fixamente. — Você, vá buscá-lo!

     — Eu? Por que eu?!

     — Não questione Lithia! Apenas obedeça, sabe... estou começando a achar que tenho algo em comum com..... ele......

     — ?

     — Minha paciência com idiotas como vocês tá acabando! — ralhou enraivecida. — Anda! Ou vou fazer sua indigestão ficar pior!

     — Hum... o que tem de comum com ele é o quão chata consegue ser.... — Lithia resmungou.

     — Arg! O que está retrucando aí?!

     — Vou atrás daquele estúpido. — Dito isso a figura se dobrou inteira, seus membros engrossaram e dobraram de tamanho, duas asas enormes brotaram das costas num ruído rasgado, coisa que somente fazia aparecer quando tinha necessidade.

O Belo JardimWhere stories live. Discover now