A Última Nefilim - Livro I (EM REVISÃO)

Capítulo 9: Conhecendo meu pai durante uma invasão

— Vou banindo todas as entidades de trevas pelo Nome Sagrado, pelos quatro elementos que nos regem na natureza e pelos santos anjos. Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas...

E Noah começou a recitar um exorcismo em latim que havia naquele livro. Imediatamente, Halley viu que alguns seres infernais de casta mais baixa voltavam ao submundo pelos pentagramas de onde outros saíam, gritando de pavor, enquanto que outros de castas ainda mais inferiores simplesmente explodiam em uma fumaça vermelha ao ouvir o exorcismo de banimento de Noah.

         Enquanto Halley observava a carnificina de anjos e demônios, uma figura alta, musculosa, de pele extremamente branca, com longos cabelos louros e um olhar maligno surgiu e, agarrando o pescoço de Halley, a ergueu perante ele. A garota se remexia em desespero, socava os braços daquele anjo caído, que possuía quatro asas douradas reluzentes, mas não adiantavam, nenhum de seus socos fazia efeito; ela sentia que, aos poucos, seus membros perdiam as forças e ela já não podia mais socar os braços grossos do demônio. O demônio, com um sorriso maléfico e astuto, disse para Halley, olhando fixamente para os seus olhos:

— Hoje é o dia em que eu finalmente matarei você de uma vez, cria abominável. — O tom de voz do demônio carregava ódio e rancor por Halley — Estive procurando você por tanto tempo que pensei que jamais a veria outra vez.

Halley não sabia do que ele estava falando, ele nem a conhecia. O anjo caído, então, aproximou-se do ouvido esquerdo da nefilim e sussurrou:

— Aliás, bem que eu deveria saber, você nasceu com os meus olhos escuros como carvão e com os lábios finos e rosados de sua mãe.

Halley paralisou; ela começara a entender o que ele estava querendo dizer, ela estava entendendo quem era aquele anjo caído; aquele demônio só podia ser uma pessoa, e essa pessoa era o seu pai, ou 'abba' como diziam os legionários. Quando realmente Halley se deu conta de quem era aquele demônio, ela abriu os seus olhos de maneira abrupta, arregalando-os.

— Que menina esperta — disse o demônio, percebendo que ela notara quem ele era — o orgulho do pai, pena que não sobreviverá para contar história. Alguma palavra para dizer ao seu pai Ephizael antes de morrer?

Halley percebia que seus olhos já estavam ficando um pouco turvos pela falta de oxigênio, até que, com o canto do olho, Halley viu quando Ícaro aproximou-se de fininho das costas do anjo caído, sem fazer barulho algum a fim de pegá-lo desprevenido. Halley, então, abriu a boca e, com o pouco fôlego que ainda tinha em seus pulmões, disse:

— Vá se danar!

E, no mesmo instante, Ícaro fez um corte nas costas do querubim caído, fazendo-o urrar como uma fera e soltar o pescoço de Halley, que caiu no chão de joelhos após ser estrangulada por muito tempo pelo demônio... que aparentemente era seu pai. Enquanto Halley, de joelhos no chão, inspirava com a boca o máximo de ar que conseguia, enchendo seus pulmões, Ícaro transformava o demônio em uma fumaça vermelha.

— Foi mal por transformar o seu pai em fumaça — disse Ícaro para Halley, estendendo a mão para ela se levantar.

— Você me fez um favor — Halley respondeu, aceitando a ajuda de Ícaro para se levantar.

Por algum motivo, a ficha de Halley ainda não havia caído de que estivera face a face com o anjo que a gerara; fora tudo tão rápido que não deu para Halley assimilar metade das coisas quem aconteceram. 

       Então, depois de muito tempo, Noah finalmente chegava ao fim do texto de exorcismo em latim, dizendo, com a voz já cansada e trêmula:

— Lpse tribuite virtutem et fortitudinem plebi suae, benedictus deus, gloria patri. Sejam expulsos e banidos daqui agora, espíritos da danação eterna!