14. Convencimentos

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A voz de Larry novamente se fez presente através do aparelho que fora jogado em cima da cadeira, ao lado de onde Sal se sentava. Ele estava esperando por isso, mas por que se sentia tão eufórico em relação a situação? Não sabia responder.

— Eai Sal... Sei que me ouve e não quer responder — comentou Larry pelo outro lado, dando uma risada fraca, que por trás dava para notar uma certa infelicidade em seu tom. — Sinto sua falta 'carinha.

Sal encarava o aparelho sem saber muito bem como reagir. Se fosse para responder iria certamente se atropelar em suas palavras e gaguejar frases indecifráveis. Ficar quieto e escutar era sua melhor opção.

— Essa noite fiquei escutando as musicas de Sanity's Fall. Me lembro que você também curte bastante...

Quando comentou, Sal se lembrou levemente do dia em que foi até o dormitório do outro. Haviam conversado sobre isso, além de que Sal Fisher ousou vestir a camiseta da banda a qual Larry tinha. Sentia falta de conversar sobre as músicas com ele. Sorriu de forma inconsciente ao se recordar do dia.

Ashley e Todd continuam a reclamar de mim — riu pelo outro lado. — Mas de certa forma eles tem razão, eu não estou agindo de forma muito boa ultimamente. É complicado. Mas ai, você deveria aparecer por ai, a gente sente sua falta 'cara...

Sentir falta? Aquilo era surpreendente para Sal. Já tinha se conformado com o fato de finalmente ter conseguido fazer amizade com o grupo, porem ainda estava desacostumado com tudo isso, tendo em vista que sempre foi o garoto solitário o qual vivia com sua própria e única companhia.

— Alem disso... Deveria me desbloquear cara, aquilo foi vacilo — riu soprado, assim como Sal. — Me bloquear não adianta já que te perturbo por trás do Walkie Talkie. Foi uma ótima ideia te-lo dividido contigo.

De fato, Sal Fisher admitia realmente ter sido.

— Espero que não esteja ainda chateado com tudo aquilo. Você sabe bem o que eu acho do seu rosto, não precisa ficar dessa forma, mas eu entendo que seja um assunto delicado para você... Mas pensa pelo lado bom, não temos mais nada para esconder do outro. Você pode ficar a vontade sem sua prótese do meu lado, só precisar parar de se importar tanto, você sabe.

Olhando por outro lado, Larry tinha razão. Sal se perguntava por quê continuava a se importar tanto com toda a situação. Porém estava com vergonha demais para vê-lo novamente.

Sinto como se estivesse falando sozinho — riu fraco. — É engraçado, eu converso contigo por trás desse aparelho sem saber se esta ouvindo do outro lado. Me pergunto o que anda fazendo durante esses dias, provavelmente tocando piano ou jogando o dia todo — comentou de forma irônica, fazendo um sorriso se formar através da prótese de Sal. — Você tem sorte de eu respeitar seu espaço não ir ai atrás de você na sala de musica, pois tenho certeza de que está nela.

Larry o conhecia bem, era obvio que saberia onde Sal estava enfiado.

— O sinal tocou... Vou parar de te incomodar agora e aturar a aula da Sra. Packerton. Até mais, Sally.

Sal lutou contra sua própria mente e corpo na grande indecisão entre responder ou não à Larry, mas não tinha muita coragem de falar algo então desistiu. Admitia ter gostado do meio que Larry encontrou para conversar com ele.

Se sentia feliz em perceber o quanto o outro se preocupava com o afastamento repentino. As borboletas se fizeram presente em seu estômago enquanto seu coração palpitava junto a uma sensação agradável.

Seus sentimentos estavam confusos, e Larry era o culpado disso, mesmo que sem saber.

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Piano || SarryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora