Piano || Sarry

6. Entre olhares

O sol se refletia sobre a prótese de Sal, aquecendo-a consideravelmente pelo calor que ela produzia vindo da grande janela transparente. Pelas contas de Sal – que estava na sala de musica – não se passavam das nove horas da manhã. Ele suspirou em frente ao piano. Fazia tempo que não tocava algo naquele local, então nostálgico, colocou seus pequenos dedos delicadamente nas teclas, decidindo por tocar uma clássica melodia a qual admirava; Mozart - andante.

O som agradável ecoava pelo local com sua melodia bela e contagiante. Era o tipo de musica da qual qualquer um que ouvisse-a com os olhos fechados certamente sorriria sem notar, assim como Sal que sorria alegre por trás de sua máscara, sentindo a calmaria se espalhar pelos seus nervos. A cada tecla tocada suas preocupações iam sumindo, fazendo-o sentindo-se em outro mundo.

Dessa forma ficou Sal por alguns minutos. Seus dedos ágeis impressionaria a qualquer um. A delicadeza que o garoto utilizava para tocar era admirável, cada som saia perfeitamente como planejava assim semelhante ao próprio autor.

Após terminar a tocar, ele sorriu para o piano, agradecido pela sua mãe dar-lhe esse dom. Diane Fisher ensinava ao seu filho todas as técnicas e melodias que conhecia, e uma de suas favoritas era a que Sal acabara de tocar, o piano era a lembrança mais doce que o jovem tinha de sua mãe, também era a forma dele se sentir mais próximo da mesma.

— Espero que as coisas estejam indo bem com a senhora, mãe — inclinou sua cabeça para cima, como se estivesse vendo sua mãe no teto mofado da sala. — Essa foi pra você... — falou com um sorriso fraco nos lábios, se referindo à musica que acabara de tocar, e sem ao menos notar uma pequena lagrima desceu quente pelo seu rosto.

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Larry, sentado na escadaria do prédio escolar – ainda vazia por conta do horário – sorriu ao ouvir o fraco som do piano que Sal tocava no corredor ao lado, mas ao invés de ir ao encontro dele, optou por deixa-lo sozinho pois sabia que isso lhe fazia bem.

— Oh, estão ouvindo? — Ashley perguntou com os olhos arregalados.

— Sim, você não esta louca, amiga — Todd deu tapinhas fracos nas costas dela. – Poxa, não sabia que o garoto tocava tão bem — exclamou surpreso.

O som na escadaria havia sumido. O grupo ficou em silencio por alguns segundos, apenas curiosos para saber se iriam escutar algo novamente; mas em vão, não ouviram nada, ao não ser os passos que começou a ecoar pelo local.

— O que vocês estão fazendo aqui essa hora? — Sal perguntou com a sobrancelha franzida que era tampada pela máscara.

— Não tínhamos nada para fazer então decidimos ficar por aqui mesmo, o campus é muito agitado e isso estressa — respondeu Larry para Sal, quem assentiu compreendendo, e logo voltou a andar.

— Está indo aonde? Fique conosco poxa — Ashley chamou a atenção de Sal, que ao virar para olha-la, notou que a ela fazia expressões confusas apontando com os olhos na direção de Larry, que não havia notado.

Após alguns segundos encarando-a confuso, ele se recordou da noite anterior onde conversou com Ashley no terraço. Então logo resolveu seguir o pedido da garota.

— Ah, tudo bem. Eu realmente não tenho oque fazer por enquanto — disse sentando-se de pernas cruzadas ao lado de Larry que riu fraco pelo ato. Sal estava sentado como um criança. — E então... Do que normalmente vocês ficam conversando?