4. Constrangimento

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O som agitado do despertador ecoou pelo quarto semi escuro, o qual era iluminado somente pela luz força omitida do retrovisor onde marcavam exatas doze horas, acordando Sal como de costume. O garoto ainda exausto levantou de sua cama, nem tão preparado para aula que vinha a seguir.

Esticando seu braço até o objeto alarmante – ainda sonolento – puxou-o para si desligando o som estridente que fazia sua cabeça latejar, e logo em seguida deslizou sua mão pelo criado mudo até encontrar sua prótese. Levantou indo na direção do pequeno banheiro que o colégio lhe oferecia para escovar seus dentes e prender seus longos cabelos azuis, evitando ao máximo ter contato com o espelho, o qual mostrava a imagem que mais odiava; si mesmo.

Sal Fisher sempre fora um jovem pessimista, simplesmente não conseguia ver o mundo com os brilhos nos olhos que tinha antigamente. Após a morte de sua mãe, a doce Diane Fisher que na qual adorava mimar o garoto, levando-o para parques e o surpreendendo com suas incríveis habilidades culinárias, o garoto ainda lembrava nitidamente de cada momento vivido com a mãe, que infelizmente havia partido cedo.

Seu pai virou dependente químico da bebida, o que fez Sal piorar sua estabilidade mental ainda mais. Henry Fisher seu pai, sentia-se culpado pela morte da esposa, e pelo evento que acarretou uma face desfigurada ao seu filho, mas Sal sabia que isso não era nem um porcento culpa de seu pai.

Após escovar seus dentes, ele lavou seu rosto. Se olhou no espelho e respirou fundo. Ele passou suas mãos pelas cicatrizes já permanentes do seu resto, observando-se no espelho. Odiava sentir aquela pele desfigurada por baixo de seu tato, por mais que já tenham se passado um longo período do evento traumático. Entristecido, ele colocou sua prótese aliviado por não ver mais oque lhe incomodava tanto. Sua prótese já era como seu rosto original. Ele não gostava de tira-la por nada, por mais que se senti-se incomodado com a mesma cutucando seu rosto. Virou-se novamente para o espelho, vendo que vestia uma roupa diferente das que tinha.

Larry

Sal rapidamente lembrou-se da noite anterior em que pela primeira vez teve sua conversa mais longa com alguém daquele colégio, com um garoto o qual havia se interessado simplesmente por ser falatório e não julga-lo por usar uma máscara. Normalmente Sal Fisher ouvia comentários de curiosidade sobre sua prótese, mas também comentários negativos, isso não poderia deixar de fora, porém estranhamente o garoto da noite anterior parecia não ter nem ao menos notado a prótese do menor, exceto pelo final da conversa quando Sal colocou a tona o assunto.

Larry era uma pessoa diferente e Sal via isso, porém como de costume achava melhor não se enturmar com o mesmo, e com ninguém.

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— ... Então no meio da aula nossos olhares se encontraram — disse Todd suspirando apaixonado, com os cotovelos apoiados na mesa, e com seu rosto corado apoiado em seu punho. Falar sobre seu professor realmente o deixava bobo.

— Todd, não — negou Larry cortando a felicidade do ruivo.

— Todd, sim! — retrucou olhando carrancudo para Larry, que sorria sarcástico com a expressão do amigo.

Todd virou seu olhar para a mesa dos professores procurando pelo seu tão amado professor, o qual sorria conversando animado com os outros em sua mesa. Parecia feliz.

— Ai Larry, eu não aguento — comentou Todd derretido, arrancando risos do moreno.

— Neil novamente? — perguntou Ashley sentando-se na mesa com os rapazes, colocando seu prato de comida apoiado na mesma. Logo foi respondida com um sim. — Todd esquece, ele é seu professor, bobão — disse a garota dando um fraco peteleco na testa do ruivo, que fingiu não notar a existência da garota.

Piano || SarryWhere stories live. Discover now