˗ˏˋ Capítulo Dezˎˊ˗

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As minhas três palavras tem dois significados
Mas tem uma coisa na minha mente
É tudo por você
...
E está escuro no frio de dezembro
Mas eu tenho você pra me manter aquecido
Se você estiver quebrada, eu vou te consertar
E te manterei protegida da tempestade que está soprando agora
...
Eu vou te animar quando você estiver pra baixo
E apesar de todas as coisas que eu já fiz
Eu acho que te amo melhor agora
...
Eu farei qualquer coisa por você na hora que precisar

Ed Sheeran - Lego House

Eu não era uma daquelas pessoas que começavam o dia com muita energia. Verdade seja dita, eu era provavelmente um vampiro reencarnado. Por isso, não fiquei surpreso quando me vi de pé ao lado da máquina de café, esperando que o elixir precioso que me manteria na vertical ficasse pronto, quando ele entrou pela porta.

Fiquei atordoado.

Eu não esperava vê-lo antes de algumas semanas. Encontrar Michael Clifford, amassado e com uma barba de três dias, me olhando com aquela expressão carregada, foi uma surpresa.

— O que diabos está acontecendo? — Ele rugiu para mim.

Eu levantei minhas sobrancelhas.  — Olá para você também.

Ele rosnou, largou a mochila, tirou o casaco e o atirou no sofá antes de caminhar para frente.

Corri ao redor da ilha central da cozinha, que era balcão de um lado e mesa do outro. O layout aberto do loft significava que um cômodo se misturava com o próximo, então eu estava grato pela pequena barreira entre nós.

— O que você está fazendo?

— Por que você está com raiva?

Seus olhos se arregalaram. — Por que eu estou com raiva? Eu não sei... deixe-me pensar.

Eu cruzei meus braços, esperando.

— Kola teve seu dedo quebrado, você teve que proteger seus filhos sozinhos deste psicopata, e você testemunhou um ataque a dois policiais!

— O jantar foi realmente a pior parte. Seu namorado estava lá. — Eu estremeci.

Ele rosnou baixo na parte de trás de sua garganta e veio até mim.

Eu teria corrido, mas era muito cedo ainda. Em vez disso, me virei, mas ele me alcançou, agarrou meus braços com força, e me sacudiu.

— Por que você continua me deixando ir?

— Por que você continua indo? —  Eu perguntei de volta, vendo, pelo olhar assombrado e exposto em seus olhos, que eu estava vendo um homem absolutamente consumido pela culpa, preocupação e dor. Ele estava doente por não poder estar lá para mim ou Kola ou Hannah.

— Eu sempre acho que se quiser algo bem feito, que eu absolutamente devo fazer isso sozinho.

— Eu sei. — Sorri e minha voz se suavizou; ele me soltou, suas mãos se movendo para o meu rosto, segurando-o. — Está tudo bem.

Um suspiro trêmulo o percorreu antes de sua mandíbula se contrair.

— Você está com raiva de si mesmo, não de mim.

Ele não discutiu, mas não precisava; eu podia ver.

— Deixe para lá, — eu disse, envolvendo minhas mãos em torno de seus pulsos. — Estou delirando de felicidade por você estar aqui.

Ele assentiu, e quando eu me inclinei em direção a ele, ouvi a captura de ar.

Ainda.

Depois de tantos anos, eu ainda deixava o homem sem fôlego.

 ⛓️ 𝐒𝐇𝐀𝐓𝐓𝐄𝐑𝐏𝐑𝐎𝐎𝐅 ─ 𖥻mukeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora