Capítulo 10

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Admita que é tarde demais, você se apaixonou!

Amanda:

Mais uma semana se passou, e eu me permiti sentir. Sentir tudo. Sentir o coração apertando de saudade, sentir o amor assumir o controle, e me guiar no caminho da auto reflexão, para que eu possa finalmente admitir para mim mesma, que sentir demais sempre foi meu problema. E por Henrique, eu sinto tudo. Sinto demais. É uma avalanche de sentimentos.
Meu celular vibra na mesinha ao lado e eu me movo rápido demais para alcançá-lo, e eu sei o que isso significa. Não falei mais com Henrique desde a nossa última noite juntos, e isso está me matando cada dia um pouco mais. A mensagem é de Laura, só para dizer que está chegando.
Cansei de sentir pena de mim mesma, cansei de ficar sozinha contemplando o silêncio, empilhando livros que eu não li, e observando a vida pela janela, e quando ela me ligou dizendo que teríamos uma noite das garotas, eu apenas aceitei. Ela logo abre a porta trazendo consigo sushi e vinho, o que é ótimo, porque estou morrendo de fome.
— Uau, você tá péssima — ela diz, colocando tudo na mesa.
— Eu também te amo.
Estou realmente péssima, a saudade me humilhou, me enfraqueceu e depois me jogou no fundo do poço.
— Não falou mais com ele?
Eu adoraria!
— Você sabe que não.
Ela balança a cabeça negativamente, está do meu lado, sempre estará, mas considera um desperdício não estarmos juntos, e eu entendo ela, até finjo que não vejo sua cara de desaprovação. Pego as taças e nos sentamos a mesa, ela nos serve e começamos a comer os sushis, mas vinho não é o bastante para mim, não é o bastante para anestesiar o que eu sinto, então me levanto e pego a garrafa de vodca no armário.
— Amanda — ela começa.
— Já sentiu saudade a ponto de se sentir paralisada? Porque é assim que eu me sinto — faço uma pausa, enquanto seguro as lágrimas — ontem eu passei a noite chorando, Laura, chorando. Quando você me viu fazer isso?
Ela assentiu.
— Eu sei, tá tudo bem, não estou te julgando.
— Eu sei que não.
Ela pega a garrafa da minha mão e coloca duas doses, me dar uma e nós bebemos de uma vez.
— Porra — ela diz, e eu rio.

Depois de muitos drinques e frustração, tudo batido no liquidificador, com muita saudade, gelo e limão.
Me sento na poltrona em frente a janela, meu lugar de Bella a espera de Edawrd, e ela se joga na cama, pois não é muito de beber.
— Tá tudo bem? — Pergunto.
— Eu tô bem, só preciso de um tempo.
Nesse momento, olho para fora e vejo um casal de idosos atravessando a rua, o senhor segura um guarda-chuva para protegê-los de uma garoa fina, e ela segura sua bolsa a tiracolo. Observando-os, eu não posso deixar de pensar no Henrique, e exalo um suspiro que diz; que merda!

— Será que vou morrer sozinha? — Pergunto.
Laura suspira e revira os olhos, porque talvez seja a décima vez que pergunto isso, desde que tudo aconteceu, como se eu auto afirmasse o meu profundo medo de ficar sozinha.
— Não, Amanda, você não vai ficar sozinha.
— Será que eu ligo para ele?
— Não, claro que não, você está bêbada.
Faço uma pausa silenciosa antes de falar.
— Eu já liguei para ele bêbada e ele veio.
E mais uma vez, a minha sinceridade de bêbada entra em ação. E Laura olha para mim curiosa. 
— Você bebeu e ligou para ele?
— Sim, e nós transamos, ou nos despedimos. E sabe o que é pior? Eu disse a ele que o amava, e no dia seguinte fingir que não me lembrava de nada, mas ele sabe Laura, ele sabe que eu o amo.
Laura ri incrédula.
— Não acredito que fez isso.
— Nem eu acredito — nós duas sorrimos.
— Ainda bem que estou aqui hoje, cuidando de você.
— Isso é verdade — faço uma pausa — eu sinto falta dele, sinto muita falta dele, de um jeito que até dói, e eu não queria sentir isso.
— Bom, minha cara amiga, tem coisas que não temos como controlar, sentir saudade é uma delas. E acho que vou fazer um café, porque você está precisando de um.
— Eu preciso do Henrique.
Laura ri, apreciando meu momento de bêbada  sincera.

NÃO ME CHAME DE PRINCESA!Where stories live. Discover now