Capítulo 7

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Você não tem medo do amor, você só quer desesperadamente ser amada, e tem medo que isso não aconteça.


Amanda:

Já é noite quando nós chegamos na mansão, e embora eu sinta uma enorme vontade de roer as unhas para tentar acalentar o medo que me consome, também me lembro da promessa que fiz para mim mesma, quando eu tinha 19 anos e meu ex namorado fumava maconha no meu quarto, a medonha fase que eu não sabia dizer não, e hoje em dia, em certas situações, me vejo agradecendo a Dra. Collins por me ensinar a distribuir enormes e precisos não, sem medo. Mas desde que conheci Henrique, eu comecei a questionar-me sobre isso. Será que eu regredi? Será que voltei a aceitar tudo calada por achar que eu mereço? Eu não sei de tudo, mas também sei que ele é diferente, e não vejo a situação como algo ruim.
Droga, preciso respirar, preciso parar de pensar.
Minha cabeça é capaz de pensar 50 coisas ao mesmo tempo, mas sem esquecer a "coisa" principal, e isso me deixa profundamente irritada comigo mesma.
Quando Fred abre a porta do carro, é como se eu voltasse a realidade, uma realidade que não é minha, mas uma realidade. E observando a casa, percebo que ao redor está repleto de seguranças vigiando tudo como águias.
Mas que porra é essa?
Eu desço do carro e ando depressa até a casa, Fred abre a porta para mim, mas ainda sinto ele me acompanhando a cada passo até a escada. Olho para trás e o repreendo, mas é claro que ele não recebe ordens minhas. Ele me ignora e fala no rádio que estou segura, e eu sinto como se a minha vida tivesse passado de pacata, triste e sem graça, para um filme de ação.
— Segura? Mas segura do que, exatamente? — Pergunto.
— Não tenho permissão para falar sobre isso.
É tudo que ele diz antes de dar as costas.

Entro no quarto e ando até a janela um pouco aflita, confusa e de mãos atadas. E enquanto observo os muitos homens na frente da casa, penso no Henrique, e sinto meu coração bater forte e minhas mãos levemente suadas, pelo nervosismo de não saber de nada. Não sei se ele corre perigo, não sei os motivos por trás disso, não faço ideia de nada, e obviamente não consigo me concentrar e ando de um lado para o outro em silêncio, quase surtando.

Horas se passam e nenhuma notícia dele, e eu não consigo ficar calma ou fingir que está tudo bem, mas sinto um grande alívio quando finalmente ouço a porta do quarto abrir e vejo Henrique entrando, e sem pensar muito, corro para abraçá-lo como se meu corpo tivesse sido impulsionado a fazer isso, quase como uma ação involuntária, mas tudo fica pior quando sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, de um jeito que nem mesmo eu entendo.
Mas que porra!
— Ei, calma, tá tubo bem — ele diz.
Ele me olha impressionado ao sentir o meu coração batendo tão rápido, e pela intensidade do meu abraço.
— O que aconteceu? Eu fiquei tão preocupada.
Ele segura meu rosto gentilmente para olhar em meus olhos, e agora eu me sinto uma completa idiota.
— Está chorando?
Ele esboça um pequeno sorriso e limpa minhas lágrimas, mas eu não respondo, apenas afundo meu rosto no seu peito.
— Amor, eu tô bem.
Ele me chamou de mor? De novo?
— Eu sei, eu to vendo, é que as palavras incêndio criminoso — faço uma pausa — bom, eu fique apavorada.
— Eu sei, me desculpe, eu só queria que você estivesse bem, e só conseguir respirar quando o Fred me disse que você já estava aqui.
E eu só estou respirando agora!
Eu volto a olhar para ele, que novamente acaricia meu rosto.
— Segura de quê? O que houve?
Ele se senta na cama, ainda com um semblante preocupado, parece procurar as palavras certas, enquanto desabotoa a camisa.
— Foi realmente um incêndio criminoso, causado por um ex-funcionário — ele faz uma pausa — na verdade, um ex amigo, um cara que eu confiava, mas muita coisa aconteceu, ele me roubou, e ao invés de denunciá-lo eu o demiti, porque não queria que ele fosse preso. Hoje, estou me sentindo um idiota.
Ele esfrega os olhos, agora parece cansado.
— Mas ele está preso agora?
— Não, não sabemos onde ele está.
Eu o abraço para confortá-lo, e ele envolve suas mãos na minha cintura, abraçando-me com força, apoiando a cabeça na minha barriga, depois solta um longo suspiro.
— Senti sua falta — ele diz, quase sussurrando.
— Pois eu estava em pânico, não via a hora de você voltar — digo em alto e bom som.
Meu Deus, eu pareço mesmo uma idiota!
— Mesmo no meio de tudo isso, ainda é especialmente bom ouvi-la falar assim.
Ele me puxa e eu me sento no seu colo, enquanto observo o sorriso em seus lábios.
— Mas vai ficar tudo bem, não vamos dar muita importância a isso, está todo mundo bem — ele conclui.
— Quer comer alguma coisa? Eu posso preparar algo para você.
Ele sorri.
— Muito obrigado, mas eu não estou com fome — ele faz uma pausa, dando um ligeiro suspiro — mas que tal a gente só tomar um vinho na banheira para relaxar?
— Tem certeza que está bem?
Eu insisto, mas ele sorri.
— Eu tô bem, eu tô em casa, eu tô com você.
Eu sorrio e o beijo rapidamente.
— Tudo bem, vou preparar a banheira — digo.

NÃO ME CHAME DE PRINCESA!Onde histórias criam vida. Descubra agora