Entre sentir e não sentir

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Eu não quero ser triste para sempre
Eu não quero aguentar mais um dia
Eu só quero acordar e perceber que
Tudo vai ficar bem
Eu não sei o que dizer e
Eu não quero lutar nessa guerra
Eu não quero mais ser triste

Sad Forever - Lauv

🎢

Hoseok

Eu me sentia completamente desnorteado. Nenhuma palavra conseguia sair da minha boca quando cheguei em casa. Tudo parecia em câmera lenta, como se as cenas e as perguntas feitas para mim fossem água e elas passassem como breves ondas pela minha frente, mas eu não conseguia as capturar.

Somente queria me deitar e esquecer que aquele dia sequer existiu. Contudo, Taehyung ainda estava ali na sala de estar da minha casa enquanto meus pais faziam milhões de perguntas para mim e para ele. Eu tentava falar algo, encarando o chão, mas nada fazia sentido na minha cabeça.

Quando saí o táxi, já estava nesse estado desligado, então, mesmo que meu cérebro insistisse, não impedi que Taehyung fosse até a porta de casa comigo. Eu não estava com a chave, então ele tocou a campainha e a porta logo foi aberta pelo meu pai, que deixou a expressão simpática morrer na face quando me viu. Confuso, nos mandou entrar.

Então, tudo pareceu um grande borrão porque eu ainda não sabia o que pensar. Apenas fiquei em pé num canto com o resto das minhas forças.

Após um tempo e vários questionamentos, senti as mãos delicadas da minha mãe segurar meu rosto e o levantar, demonstrando analisar-me por completo. Primeiro notei seus olhos, cheios de preocupação, depois meu pai ao seu lado no mesmo estado, minhas duas irmãs mais velhas sentadas no sofá sem entender o que acontecia e, por fim, Taehyung, que mordia o nó do dedo indicador com certo incômodo e apreensão. Ele não devia estar ali. Não tinha o porquê de estar ali.

É como se eu estivesse aos poucos recobrando os sentidos e tudo se tornou mais barulhento de uma vez.

— Querido, me responda. — ouvi a voz aflita de minha mãe. — O que fizeram com você? Quem foi?

— Amanhã. — foi o que saiu de minha boca. — Amanhã eu falo.

— Meu amor...

— Por favor, mãe. — supliquei, tirando suas mãos de meu rosto. — Só quero ir para o meu quarto.

Ela suspirou, assentindo, pois não adiantaria de nada insistir. Comecei a andar para me retirar dali e não fui impedido, Taehyung ainda tentou falar algo, mas parece que desistiu no meio do caminho.

Eu estava com vergonha dele, por ter me visto de forma tão deplorável, por ter chorado em seus braços e por não ter devolvido seu casaco, mas eu precisava de um pouco de consolo naquela noite e esse era o máximo que eu conseguiria.

Ignorando o mundo lá fora, entrei no meu quarto, tirei aquelas roupas molhadas trocando pelo meu pijama e me deitei na cama. Meu corpo todo doía por causa dos chutes que havia levado, meu rosto também, mas eu não queria ver o estrago ainda.

Eu queria passar o máximo de tempo apenas ali, deitado de braços abertos no colchão, no silêncio do meu cansaço, sem que ninguém me perturbasse, mas eu sei que só teria paz até a manhã seguinte, onde iriam me encher de perguntas.

Ainda me sentia deslocado no outro dia, pelo menos eu já não fazia tanto esforço para falar. Meus pais desceram ao meu quarto, esperando que eu contasse o que tinha acontecido de verdade e assim o fiz. Eu falava com grande imparcialidade, pois, para mim, mais nada importava. Mesmo lembrando de tudo o que ocorrera, eu já não conseguia sentir nada, estava dormente para com aquela situação.

The singularity of your eyes || vhopeWhere stories live. Discover now