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Fiquei surpresa em ver Jong Suk para fora de casa, andei devagar até as escadas onde ele estava sentado e me sentei ao seu lado. Ele parecia avoado, olhava para o céu como se estivesse passando um filme em sua cabeça, eu estava ficando preocupada, o vento começou a ficar mais forte de repente, levando consigo várias folhas que estavam na calçada.

— Noona... Eu tenho uma coisa pra te contar...— começou, sem me olhar.

— Então, me diga!

Ele suspirou fundo e abaixou a cabeça, não fazia ideia do que ele queria me contar, mas parecia ser importante por estar dessa maneira. Dessa vez olhou para mim, o contato visual que fazíamos estava me deixando nervosa, nossa proximidade também não ajudava.

— Minha tia ligou para mim esses dias e... Resolvi que vou voltar para a casa dela.

As palavras dele atravessaram meu peito como uma flecha, isso não podia estar acontecendo, agora que tudo estava voltando ao normal na minha vida, ele iria embora como eu tinha feito. Olhei para o lado, encarando seu rosto sem imperfeições, era como se todos os seus traços tivessem sido esculpidos exatamente para ele, meu coração bateu mais rápido do que já estava.

— Você realmente vai voltar pra lá depois de tudo?

— Não tenho escolha, Noona! Ela está doente, quer que eu volte para ajudá-la já que sou seu único sobrinho.

— Não vê o que está acontecendo?— perguntei irritada— Essa mulher está tentando te manipular fazendo esse teatrinho, mas você é ingênuo demais pra perceber.

Ele ficou em silêncio, sabia que minha hipótese podia ser a verdade, mas com certeza não iria acreditar nela. Esse era seu problema, querer ajudar todos mesmo que tenha que sacrificar seu orgulho, eu sabia que tinha algo de errado em toda essa história. Eu não podia fazê-lo ficar caso não quisesse, mas ia tentar fazer com que esquecesse essa ideia de que precisava voltar para ela.

Rapidamente me levantei, tinha me lembrado de algo que fazíamos quando éramos crianças e eu ia recriar essa lembrança, não ia descansar do meu plano, mesmo que minha mente não estivesse uma das melhores. Peguei em sua mão e comecei a andar, ele levantou forçadamente e me perguntou várias vezes para onde estávamos indo, mas eu permaneci quieta somente o guiando.
Eu sempre passava por uma praça quando voltava do trabalho e lembrava de anos atrás quando Jong Suk entrou para o time de basquete na escola, ele treinava horas na quadra da praça e eu tinha de esperá-lo para poder ter uma conversa com meu amigo.

Atravessamos a rua ainda de mãos dadas, eu estava ansiosa para ver sua reação, tenho certeza que fazia tempo que não jogava de novo. Minha esperança seria as crianças que sempre estão lá, talvez eles possam emprestar a bola ou até mesmo dar uma chance para Jong Suk.

Sorri ao ver de longe os mesmos adolescentes que ficavam por lá essa hora, se eles não estivessem na praça meu plano iria por água baixo. Aproximamos cada vez mais, olhei para trás e o rosto confuso do mesmo me fez rir.

— O que está fazendo, S/N?— perguntou o mesmo, ao me vir aproximar dos garotos.

Deixei o Lee de lado e continuei indo até eles, chamei a atenção de alguns enquanto os outros fingiram não me ver, não sou muito boa com os mais jovens.

— Será que vocês podiam encaixar meu amigo para jogar também?— lancei o melhor sorriso que podia para convencê-lo.

— Ele pode ficar no meu time... Vai querer jogar também?

— E-eu?

— Ela vai adorar jogar com a gente, não é Noona?— Jong Suk chegou inesperadamente, passando seu braço por meu ombro.

Não tinha como negar, eu teria que ir para o bem do Jong Suk, já que fui eu quem o forcei a fazer isso. Balancei a cabeça afirmando, eles saíram correndo para a quadra, Suk me forçou a andar até lá e para o meu desespero, íamos jogar em times opostos. Eu não era uma completa principiante nesse jogo, pois sempre era ensinada pelo mesmo, mas fazia tanto tempo, não lembrava de muitas regras.

Todos começaram a se mover rapidamente quando o armador começou com a bola, eu estava bloqueando um garoto que tinha o dobro da minha altura, o que esses jovens comem pra ficar daquele tamanho? O mesmo garoto que estava com a bola passou para o Suk e ele correu até cesta, ia ser uma tacada excelente, isso se um menino do meu time não tivesse intervido. Pulei de alegria ao ver que ele tinha errado, não deveria estar fazendo isso, mas como somos de lados diferentes, não podia ficar triste, dei um highfive no menino e olhei para o rosto incrédulo de Jong Suk.

Voltamos a jogar e dessa vez o mesmo garoto tentou correr para a cesta dos nossos adversários, fiz o que pude impedindo que atacassem o mesmo, porém o Lee roubou a bola do mesmo e correu em disparada, marcando pontos. Dessa vez eles quem gritaram de alegria, a situação estava ficando cada vez mais competitiva conforme o tempo passava, eu tentava dar o meu máximo, mesmo que minha altura não colaborasse.

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Voltei com várias garrafas d'água nos braços, dei uma para cada um e também me sentei no chão gramado onde estavam, para minha sorte minhas roupas de trabalho estavam mais despojadas do que o normal. Abri minha lata de refrigerante e bebi tudo antes que espirra-se em mim, olhei para o lado e vi um imenso sorriso nos lábios de Jong Suk, ele parecia o velho garotinho de sempre conversando com aqueles meninos, parecíamos ter voltado no tempo.

— Hyung, vocês estão namorando?— um deles perguntou, quase engasguei com o gole.

— N-não... Somos só amigos.

— Noona, isso é verdade?— ele me olhou, mesmo querendo negar, eu concordei.

Aquele assunto parecia ter cessado, percebi o quanto Suk ficou envergonhado, ele não conseguia mais me olhar e eu sabia que ficava tímido com esses tipos de perguntas, sorri um pouco. Após quase uma hora de conversa sobre basquete com eles, nós decidimos voltar para casa, minha mãe já deveria estar ligando para a polícia. Nos despedimos de todos, até que para adolescentes eles eram bastante educados e interessantes, segui andando na frente em passos rápidos, deve ser o costume de sempre andar desse jeito na empresa.

— Você vai tropeçar nos próprios pés se continuar andando rápido assim!— ele disse, com a voz calma.

Desacelerei um pouco e fiquei ao seu lado, ele sorriu fechado, mas continuou não me olhando. Eu achava isso fofo, ele não conseguir se conter de tanta timidez só me fazia querer abraça-lo forte, mesmo não sabendo ao certo dos seus sentimentos, acho que lá no fundo Jong Suk deve gostar de mim.

— Suk...— chamei, ele me olhou— Se eu pedir pra você ficar... Você ficaria por mim?

— Eu sinto muito, Noona. Não posso só pensar em mim dessa maneira, ela precisava da minha ajuda.

— Eu também preciso! Eu me tornei dependente da sua companhia, você está sempre me protegendo, me acalmando... Eu acho que...— suspirei fundo, antes de dizer— Que eu te amo, Lee Jong Suk!









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Olha só quem voltou!!!

Capítulo novinho pra recompensar minha ausência nesses dias, vou voltar como era antes, mas não irei postar quase todos os dias...

Decidi que será um capítulo por semana, assim fica mais fácil pra mim

Bom, espero que me perdoem pelo sumiço e que continuem acompanhando o imagine.

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