Capítulo 2

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_Diário de bordo_
[Dia 1 de Março de 1915]
[7 meses e 1 dia de guerra]

J U N G K O O K

A noite passou e o dia chegou, Jimin ainda dormia em meu colo e eu me sentia bem descansado como nunca. Mesmo dormindo sobre o feno desconfortável, eu me senti tranquilo e estava sem angústia alguma no coração.

Não sabia que horas eram, mas a luz forte que refletia da janela fosca indicava que já havia amanhecido há algumas horas. Com esse excesso de luz, não demorou muito para que Jimin acordasse, ele se espreguiçou ainda em cima de mim e esfregou os punhos nos olhos, gemendo sonolento ao que piscava meio atordoado.

— Bom dia, Kkyu... — falou preguiçoso logo quando me viu desperto. — Eu te acordei?

— Bom dia, Jimin. — sorri ao ouvir sua voz sonolenta. — Você não me acordou, não se preocupe.

Ele assentiu ainda vagaroso graças ao sono, erguendo seu tronco para se sentar no chão de madeira.

— O que iremos fazer hoje? — perguntou com rouquidão na voz.

— Eu tenho que buscar algo para nós comermos, senão morreremos de fome.

— Eu quero ajudar.

— Mas está frio lá fora, você irá pegar um resfriado.

— E você também vai. — retrucou me deixando em silêncio. — Com duas pessoas vai ser um pouco mais rápido, você prometeu que iria me deixar te ajudar, não prometeu? Eu também quero te alimentar.

Olhei para Jimin ao que penteava seus cabelos loiros e bagunçados com meus dedos, ele não comia a bastante tempo e devia estar com a imunidade baixa, não queria que saísse num frio desse. Mas seu olhar estava tão carregado de esperança que eu não pude negar sua ajuda, se ele queria isso, então eu não ia proibi-lo de fazer um ato bondoso.

— Certo. — concordei ao me levantar, indo até um dos baldes de madeira que estavam no chão para apanha-los. — Vamos fazer assim, você busca uma água boa para bebermos e eu busco a comida, fechado?

— Sim! — exclamou batendo palminhas em animação. — Farei isso.

— Ótimo, vamos lá, então.

Certifiquei se Jimin estava bem agasalhado para sair no frio e então forcei a porta emperrada para abrir, combinando com ele de nos encontrarmos aqui assim que o sol estivesse posicionado exatos noventa graus sobre nós, indicando o meio-dia.

Nos separamos pela vila e eu fui até onde os mercadores estavam, encontrei aquele velho rabugento que me negou um único pão sentado em sua cadeira em frente ao carrinho de pães, relaxando com os pés para cima enquanto fumava um cachimbo e lia um jornal.

Pouco mais de meia hora se passou e o homem não dava uma vacilada sequer ou saía de lá para que eu conseguisse pegar algum pão e sair correndo, que droga!

Um outro homem estranho passou pela frente do carrinho e, num movimento quase imperceptível, roubou um pão sem chamar a atenção do velho, aquilo foi interessante.

Andei lentamente até um local mais próximo do carrinho para tentar roubar algum pão que nem o cara fez, bem discreto, já que era o único jeito de sobreviver.

Mas, antes que eu conseguisse chegar perto de lá, um outro homem pegou dois pães do carrinho e saiu correndo. O velho fumante correu atrás dele com um porrete de madeira nas mãos, então, foi questão de meio segundo para toda a multidão de mendigos avançar no carro de pães e roubar um bocado.

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