Capítulo 07

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       A chuva voltou a cair do lado de fora da casa, fazendo com que eu acordasse.
      Ando até a sacada, sentindo seus pingos, molharem meu rosto ainda inchado por conta do choro, me fazendo voltar a chorar.
     Entre os soluços, fiquei em meio a chuva que caia forte, respirando com dificuldade.
_ Você ficou louca? - Escuro Kauan falar.
_ o que? Como você entrou aqui? - Falo assim que ele puxa o meu corpo e me coloca para dentro dentro do quarto.
_ porque você foi para a chuva? - Kauan pergunta.
_ como você entrou aqui? - Pergunto.
_ arrombei a porta! Porra, Clara, que merda você foi fazer na chuva? - Kauan pergunta.
_ porque ele não fala comigo? - Pergunto, fechando os olhos e chorando.
_ ele só quer te proteger! - Kauan fala e eu o encaro.
_me proteger do que? Da porra do amor dele? - Pergunto, retoricamente.
_ Clara, tenta entender ele, por favor! - Kauan fala e eu o encaro.
_ porque você defende ele? -  Pergunto, olhando para ele.
_ porque eu entendo ele, as vezes é melhor negar o que sentimos! - Kauan fala, eu sinto o peso das suas palavras.
_ sabe o que acontece quando a gente não fala o que sente? A outra pessoa esquece que é importante! - Falo e ele toca o meu rosto, limpando minhas lágrimas.
_ não é assim que o mundo funciona, Clara! - Kauan fala e eu me afasto.
_ como o mundo funciona? Se eu morrer amanhã, teria alguém para chorar por mim? Alguém que eu soubesse que iria? - Pergunto e Kauan parece pensar.
_eu choraria! - Kauan fala, sinto a verdade nas suas palavras.
_ Você me conhece a duas semanas Kauan, choraria, mas provavelmente por pena! - Disparo as palavras contra ele, que me encara.
_ eu nunca sentiria pena de você! Sinto muitas outras coisas, mas, pena, jamais! - Kauan fala e eu reviro os olhos.
_ o que você sente? - Pergunto e tudo que recebo como resposta é o silêncio.
_ se não for falar pode sair! Cansei de gente escondendo as coisas! - Falo apontando para a porta do quarto.
           Kauan saiu.
    Revirei os olhos e fui para o banheiro, tomei um banho quente e voltei para a cama, pegando no sono logo em seguida.

        Um mês depois.

    Um mês se passou. O clima pesou na casa, apesar do foco da conversa não ser exatamente os sentimentos de Kauan por mim e sim o Luan não falar comigo, ela tomou um rumo desastroso, doloroso para ambos.
       Nesse mês, eu que passei a evitar cruzar com ele, o que na verdade é uma missão impossível, já que estamos morando na mesma casa e precisamos nos falar, mas raramente trocamos uma ou duas palavras.
      Nesse momento, estou andando pelo patio da casa, sentindo o calor do início do mês de Dezembro dominar o ambiente, caminho até a baia dos cavalos, onde encontro, Roberto, o veterinário dos cavalos.
       Roberto é um homem de pouco mais que quarenta anos, alto, negro, com os cabelos pretos, com alguns fios brancos espalhados, muito simpático.
_ oi menina Clara! - Roberto fala me vendo entrar na baía.
_ oi Roberto! Como eles estão? - Pergunto.
_ querendo correr pela propriedade! - Roberto exclama rindo da agitação dos cavalos, principalmente, Zaquia, que só se acalma quando aproximo minha mão da sua cabeça.
_ venha mocinha, eu te levo para fora! - Falo pegando a corda pela qual Zaquia estava sendo segurada.

       Guio Zaquia para fora da Baía e solto sua corda, sorrindo para ela, que relincha feliz, correndo pelo pátio, mas não indo muito longe.
      Trovão se aproxima de mim, pedindo carinho enquanto observa Zaquia se divertir em explorar o pátio, que já havia explorado no dia anterior.
_ como pode, você ser tão calmo e ela tão agitada? - Pergunto para o mesmo que balança a cabeça, negando, sorrio.
_ os opostos se atraem, menina Clara! - Roberto fala, respondendo a pergunta que fiz para trovão.
_ acho que sim! - Falo, vendo trovão ir atrás de Zaquia.
_ o que vão fazer para comemorar o dia de hoje? - Roberto pergunta.
_ eu deveria saber que dia é hoje? - Pergunto.
_ Deus, menina, é aniversário do patrão! - Roberto fala e eu congelo.
_ a gente não está se falando direito! - Falo.
_ ah querida, de um desconto, ele provavelmente está caidinho por você e não sabe como dizer! - Roberto fala e eu gargalho.
_ duvido. Mas vou engolir meu orgulho e fazer um bolo! - Falo e Roberto sorri.
_ se considere convidado! - Falo e ele ri.
_ vou para casa daqui a pouco, minha mulher está me obrigando a ir em um casamento! - Roberto fala e eu sorrio.
_ casamentos são tão lindos! - Falo e ele ri.
_ mas dão tanto sono! - Roberto fala me fazendo rir.

      Entro em casa, determinada a fazer um bolo, pego meu celular o procuro algo no YouTube.
   
                  **********

     São exatamente oito da noite, fazem três horas que Kauan chegou em casa, tiro o bolo da geladeira e sorrio mais uma vez com o resultado.
    É um bolo simples, com recheio de brigadeiro branco e preto, mas, que ficou gostoso.
      Subo as escadas com a travessa do bolo nas mãos, pratos e talheres também, já prevendo onde Kauan estaria, vou até o quarto do Kauan e bato na porta, escuto um "entra" vindo de longe.
    Entro no quarto, mas não o vejo.
_Kauan! - Chamo ele.
_ aqui em cima! - Kauan fala e eu vejo uma pequena escada, que ao subir, me faz sair no telhado da casa.
     Semanas atrás, vi ele, enquanto estava do lado de fora da casa e me perguntei como ele conseguia ficar em cima do telhado.
     Kauan se vira para me olhar, vejo seus olhos criando alegria, ao ver o bolo que estou segurando.
_ Feliz Aniversário! - Falo, com um sorriso tímido no rosto.
_ quem te contou? - Kauan pergunta.
_ Roberto! - Falo me sentando ao seu lado.
_ Obrigada, Clara! - Kauan fala sorrindo.
        A primeira vez que ele sorri durante esse mês.

_ Vamos, prove! Preciso saber se ficou bom! - Falo e ele ri, corta um pedaço e leva a boca.
_ isso está maravilhoso! Você precisa comer! - Kauan fala e corta um pedaço para mim, colocando o mesmo no prato que eu trouxe.
_ nem parece que fui eu que fiz! - Falo, ao terminar de comer a primeira garfada.
     Kauan me olha e sorri.
_ eu queria me desculpar por agir daquela forma! Estava furiosa com o Luan e descontei em você! - Falo e ele nega com a cabeça.
_ não se desculpe! Eu deveria ter dito algo, mas ainda não consigo! - Kauan fala e eu respiro fundo.
    Afasto a travessa do bolo, deixo meu prato de lado e me aproximo dele, toco o seu rosto, o fazendo virar para mim.
_ tudo bem. Seja lá o que for eu passo esperar para ouvir! - Falo.
_ Você é boa demais para mim! Vem aqui! - Kauan fala e me faz apoiar a cabeça no seu ombro.

     Agora, sentada ao lado dele, olhando para as estrelas, sinto que essa é a melhor vista que eu poderia ter.






Oi, não postei sexta pois tinha prova.
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Minha Fraqueza - Saga Destinos. Livro 2 -Where stories live. Discover now