Quando vi você naquela festa

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André pigarreou e se sentou ao lado de Julia na cama.

— Seria insano se eu sugerisse que talvez a Adele...

Na mesma hora, a porta do quarto se abriu e a loira os encarou com suspeita antes de entrar. Os três pararam de falar (e até mesmo de piscar) por alguns segundos. Adele não era tão boba. Ela sabia sobre o que estavam fofocando desde o primeiro minuto.

— A gente vai se arrumar pra sair ou não? Não sabia que você precisava de duas pessoas pra te ajudar — Adele fungou, mas Julia pulou da cama, animada.

— Sério?! Eu posso fazer a sua maquiagem? Posso? Posso?

Julia fez beiço e Adele resmungou, roubando uma coxinha e puxando os outros dois patetas para fora do quarto.

— Só se tu se arrumar logo — Ela respondeu, antes de fechar a porta.

Uma hora e meia depois, os quatro estavam a caminho do bar. Julia sorria vitoriosa depois de passar quilos de sombra preta nos olhos de Adele e um pouco de gloss. Adele vestiu um corpete de renda preto e uma calça jeans de lavagem clara. Já Julia optou por um macacão de short e uma blusa cor de mostarda que contrastava com seu curto cabelo azul repicado de um jeito que arrancava comparações com Coraline. André deixou que Julia também passasse nele um delineador branco, que se destacava em sua pele escura, e Marina roubou um par de brincos da amiga, argumentando que estava muito básica para uma noitada.

Não era um canto glamuroso, apenas um barzinho universitário repleto de rostos familiares, mas bastava para se divertirem um pouco.

Enquanto os amigos dançavam, Adele girava seu copo de vinho barato, sem engajar com os arredores. Julia a puxou pelo braço, fazendo com que ela encarasse a amiga.

— Você não vem dançar? Ó, aquele cara tá te olhando faz um tempão. Ele é bonitinho. Quer dizer, você gosta de caras? Deve ter alguma garota bonita por aqui também...

Adele deu de ombros e virou o resto de bebida em seu copo antes de levantar e dançar sem muito ânimo com os outros. Marina estava aos beijos com o namorado (ou, nas palavras dela, ficante fixo) que havia chegado há alguns minutos, e André estava trocando a música. O tal rapaz de olho em Adele tentou se aproximar, mas ela não estava no clima, nem nunca estaria.

— Eu vou comprar mais uma bebida pra gente. Tô com uma nota de cinco. Você tem dois reais? — Ela teve que gritar para Julia por causa do barulho.

— Aqui.

Julia estava preocupada, porém tinha esperanças de que beber um pouco fizesse Adele se soltar e aproveitar a noite. A garota foi até a pequena janelinha onde o dono vendia as bebidas e aguardou, com a visão já começando a embaçar. Um braço roçou no dela para pegar uma garrafa, e Adele tomou um susto ao se virar e dar de cara com Carla.

— Pra que o espanto? Esse bar fica na frente do campus — A morena respondeu, não hesitando em virar para se afastar.

Adele a seguiu com os olhos, ligeiramente irritada, antes de voltar para onde os amigos estavam. Ela começou a beber da nova garrafa e dançar mais entusiasmada. Não era do seu feitio ser a bêbada chata e deprimente do rolê. Adele sabia que precisava seguir em frente, ainda mais agora que havia constatado que Carla não ligava.

Dentro de pouco tempo, a loira voltou a se sentir ela mesma, dando altas gargalhadas, declarando seu amor pelos amigos e agindo feito boba.

— Galera, eu trouxe ela aqui pra esquecer da Carla e, tipo... — Julia apontou para onde Carla estava sentada com um grupo de amigos — Isso não é nada bom.

— Relaxa, pequena. O plano funcionou de qualquer jeito. Olha como a Adele tá dançando — Marina respondeu — E elas nem tão olhando na direção uma da outra. Tá tudo certo.

Quando Eu Ainda Amava VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora