✥ㅡ O JANTAR ㅡ✥

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  Levanto da cama com um gemido, parando para observar as duas empregadas que me acordaram do sono. A mais próxima de mim, enquanto limpa o chão cuidadosamente, está vestida completamente de preto e usa apenas um avental branco por cima do macacão e touca na cabeça. A outra, sua companheira, veste o macacão e nada mais. Estreito os olhos para a pequena corrente fina e vermelha em torno do pescoço das duas mulheres e penso em perguntar, mas pelas suas expressões vazias e sem emoção, talvez não seja a melhor escolha a fazer.

   Sigo para o banheiro e tomo banho rapidamente, vendo as duas se moverem pelo quarto com uma rapidez imortal que me impressiona, tirando todos os grãos de poeira com sua magia. A mais velha ㅡ a do avental ㅡ me olha de relance afundada na banheira e desvia o olhar, mas vejo seus olhos verdes serem tomados pela desconfiança quando se vira. Minhas sobrancelhas franzem. Quem diabos é essa mulher? De onde eu a vi?

   Com os sais de banho e o líquido especial de espuma, sinto como se flutuasse em nuvens. A espuma transborda em alguns lugares, deixando o chão também branco e com algumas minúsculas partículas de sais espalhadas. Brinco com a espuma por um tempo, apreciando o banho. Na mansão, o máximo que conseguia eram dois baldes de água não muito limpa para conseguir tomar banho. E muitas vezes nem era privilegiada com um banheiro privado. Normalmente, dividia com as outras mulheres.

   Como Lena deve estar? Ela notou meu súbito sumiço? A esta altura, já deve ter contratado outra pessoa para cuidar de minhas tarefas domésticas.

   Afundo até o queixo, lembrando da época em que completei 5 anos e comecei a trabalhar na mansão. Coisas pequenas consideradas para os chefes, mas enormes para mim. Carregar baldes pesados de água para lá e para cá não eram minha melhor atividade, de forma que eu sempre dava um jeito de fugir do olhar malicioso de Kennai quando tinha a chance. Lena tentava evitar meu súbito castigo, mas nem sempre dava certo. E depois, quando estava chorosa e cheia de dor, era ela quem me castigava por ter lhe dado tanto trabalho. Ainda assim, eu sentia seu amor quando penteava meus cabelos ou escolhia minha roupa do dia.

   As memórias dolorosas voltam como um tornado; sem modo nenhum de controle. Tento deixá-las em um canto escondido da mente, mas nem mesmo lá consigo mantê-los.

   Fico imediatamente alerta quando ouço uma movimentação silenciosa no lado de fora do banheiro. Torço a cabeça para ver o que acontece pela fresta da porta, mas não consigo. Apenas vejo a parte de trás da saia da empregada mais velha sendo sacudida ligeiramente enquanto se move. Move?

   Levanto da banheira, agarrando a toalha no exato momento em que um grito fino da empregada atinge meus ouvidos e a porta é escancarada com violência, batendo na parede atrás. Korian aparece em meu campo de vista, e eu preciso de todas as forças do mundo para não deixar a toalha cair de tanta tremedeira.

   Mas logo a raiva vem quando vejo seu sorriso e eu armo a expressão mais assassina que consigo.

   ㅡ O que diabos você está fazendo aqui?

   Meu grito deveria ter atraído alguém, mas ninguém aparece para me acudir. Korian se encosta no batente e me observa com um sorriso diabólico, seus olhos percorrendo toda minha silhueta. Não tive tempo de enrolar a toalha, de forma que ela apenas cobre a parte da frente de meu corpo. Ele parece apreciar isto.

   ㅡ Estive lhe chamando há muito tempo, humana. Mas parece que não me ouviu, ou apenas ignorou. De qualquer forma, resolvi dar uma passada para garantir que minha noiva estava bem.

   Estreito os olhos para sua preocupação fingida. Tento me contorcer para conseguir girar a toalha o suficiente para que me enfie dentro dela e ele não veja nada, mas seus olhos captam meu movimento e me seguem para onde vou. Uma pequena chama em seu olhar acende quando me mover e um pedaço de pele nua acaba aparecendo pela lateral da toalha.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum