XI

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" Crianças continuam depressivas quando você as vestem

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" Crianças continuam depressivas quando você as vestem."

Uma das primeiras coisas que aprendemos é a nos comunicar. O irônico é que, quando ficamos mais velhos, e realmente somos comtemplados pelo poder da palavra, é muito mais difícil saber o que dizer.

— O que você pensa que está fazendo aqui? –Bash cochicha para Catherine que estava sentada na sua frente.

— O mesmo que você, assistindo aula.

O sinal para o primeiro horário havia acabado de soar pelo prédio principal, alguns alunos ainda entravam apressados em suas respectivas salas, torcendo para que tivessem chegado antes do professor. Era uma segunda-feira normal, e como se tivesse sido apenas um delírio da sua cabeça, todos fingiam que não participaram de uma cena de morte dois dias atrás. Isso irritava Sebastian, porque significava que ele precisaria fazer o mesmo.

— Que eu me lembre, meu pai permitiu que tirassem o dia de hoje para descanso. – Laura pontua, com um olhar preocupado. Talvez nem todos fingissem tão bem.

O sentimento de culpa era degradante. Laura, apesar de dopada naquele dia, se lembrava muito bem do rosto da falecida, da breve conversa que tiveram minutos antes, de como poderia ter impedido tudo. Já era difícil lidar com isso, mas saber que poderia ter prejudicado também duas pessoas que tanto amava, deixava tudo ainda mais esmagador.

— Eu estou bem. – os dois disseram em uníssono, causando um pouco de espanto nos amigos que ouviam a conversa.

— Amor, talvez fosse melhor você espairecer um pouco... — Bernardo acaricia o braço da menina por cima do uniforme.

— Eu estou bem. – ela retira sutilmente as mãos do garoto de seu corpo e volta sua atenção para a explicação.

Bernardo e Laura se entreolharam. Não havia inocentes entre os convidados daquela festa, independente da gravidade, todos fizeram más escolhas. Por isso ninguém se atrevia a falar explicitamente sobre o que aconteceu, mas nem se Catherine repetisse mil vezes que estava bem eles acreditariam.

— Vocês querem compartilhar algo com o restante da turma?

Laura desvia o olhar rapidamente para os o quadro, fazendo o possível para se inteirar do assunto, e em seguida encara o novo professor de Literatura, que parecia incomodado com a conversa. Era fácil olhar para ela e enxergar uma garota rica, bonita e sem conteúdo, mas a menina era incrivelmente inteligente e ardilosa, foi criada para ser extraordinária, e ser boa aluna fazia parte disso.

— Na verdade senhor...

— Diogo.

— Diogo. Estávamos falando sobre como é incômodo analizar essa obra do ponto de vista masculino. Luiza é apresentada por um narrador em terceira pessoa, cuja a função maior é condená-la pela ordem dos bons costumes. Uma adúltera que mereceu a morte.

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