III

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Laura desfilava pela entrada do Olympus com seus saltos de marca que combinavam perfeitamente com o tom azul do uniforme

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Laura desfilava pela entrada do Olympus com seus saltos de marca que combinavam perfeitamente com o tom azul do uniforme. Os raios de sol iluminavam suas madeixas ruivas e a brisa leve daquela manhã de segunda-feira as faziam flutuar, como em uma cena de filme em câmera lenta.

— Eu ja te falei o quanto você fica sexy usando essa saia? – uma voz familiar a surpreendeu enquanto agarrava a menina pela cintura em um abraço íntimo.

Laura abriu um sorriso ao ver quem era.
Daniel Albuquerque. Seu melhor amigo há tanto tempo que ela mal conseguia se lembrar. 

— Idiota! – brincou. Só ela sabia o quanto fez falta aquele abraço. Não o sentia desde o encerramento das aulas no ano passado. — Se divertiu bastante na sua viagem?

Nem parecia que havia passado apenas um mês, ele estava tão...diferente. Seu cabelo cresceu um pouco, formando pequenos cachos desordenados. Sua pele rosada contrastava com o dourado do sol, chamando atenção para pequenos detalhes, como sua pequena pinta perto do olho esquerdo e a covinha que se formava quando ele sorria. Ah aquele sorriso...parecia...mais bonito do que antes... será que ele fez clareamento? - pensou Laura.

— Como se eu gostasse de passar as férias com minha mãe né Lau!? Você viu o que postaram no On Fleek ? – ele disse tentando desviar o assunto.

Os pais do garoto eram divorciados, e parte do acordo obrigava ele a passar as férias com a mãe, que trabalhava como modelo em Milão. Normalmente Daniel odiaria, mas dessa vez foi diferente, e por algum motivo não quis mencionar a amiga o quanto esse último mês havia sido, misteriosamente, incrível.

— Vi baby, aquela vadia me adora...Dessa vez vai ser diferente Dan, Rebecca ja perdeu essa guerra antes mesmo de começar.

— Vai com calma Lau, ja vi você perder a cabeça antes. Vocês não precisam de uma disputa, precisam de trégua, isso sim! - Laura olhou de soslaio para Daniel, quando foi que ele começou a falar tanta besteira?

Trégua. Até parece. Sua meia-irmã estava sempre querendo sabota-la, ela não podia bobear por um segundo que a vadia ja estava planejando roubar tudo que era seu. Até a própria mãe tinha superado que havia sido trocada e Rebecca continuava remoendo aquilo, como se Laura tivesse que pagar pelo erro que o pai - em sã consciência- cometeu.

— Que seja Daniel! Te vejo no almoço, agora tenho um discurso de abertura para ensaiar. –disse jogando um beijo no ar e se afastando.

A cerimônia de abertura era uma, dentre várias, tradições que o internato possuía. Todo primeiro dia de aula depois das férias - seja as de verão ou as de inverno - um aluno destaque, escolhido pelo diretor e os professores, fazia um belo discurso motivacional em frente a escola inteira.

É claro que Laura foi escolhida.

Quando abriu a gigantesca porta de madeira da diretoria viu quem menos gostaria. Lá estava ela, com aquele olhar meigo carregado de pretenciosidade, paparicando o seu pai.

— Bajulando o papai em plena manhã Rebecca? Você não perde tempo mesmo. –Laura alfinetou a meia-irmã que preferiu ignorar.

— Por favor Laura, se controle, não irei tolerar esse tipo de comportamento novamente! – Eduardo Maldonado disse rispidamente encarando as filhas.

— Perdão, só vim aqui para falar sobre o meu discurso de abertura.

— Na verdade Laura, papai e eu pensamos que poderíamos fazer juntas! – a mais velha fala, parecendo bastante empolgada.

Mais falsa impossível.

— Nada contra irmãzinha, mas além de ter escrito, eu ensaiei a semana inteira. Quem sabe se você se destacar assim como eu nas atividades do colégio, você faça o seu no próximo semestre. Não é mesmo papai? – a ruiva pisca seus olhos encarando o homem, que sempre fazia suas vontades.

— Concordo. Seria mais apropriado, não quero que pensem que minhas filhas tem algum tipo de favoritismo. Não se preocupe Rebecca, sei que é capaz, você terá sua chance.

Seria assim daqui pra frente, Laura tinha decidido que não iria perder a postura. Ela sonhou varias vezes em como seria seu último ano do ensino médio - aproveitando tudo de melhor que a vida estudantil e social tem a oferecer - e não iria deixar que aquela garota metida à francesa estragasse tudo.

Os três caminharam até o terceiro piso do prédio principal, onde ficava o auditório. Aos poucos as cadeiras foram sendo totalmente ocupadas. O hino da escola tocou, o diretor falou sobre a grade horária e a aplicação mensal das provas, Laura leu seu discurso sobre liderança e protagonismo juvenil e em seguida o grande salão se encheu de palmas.

Finalmente, depois de toda aquela mesmice que nem mesmo o diretor, Eduardo Maldonado, suportava mais, os alunos se levantaram e caminharam para o primeiro horário de aula.

A menina estava tendo um dia fabuloso. Uma pena que não podia dividir isso com suas melhores amigas, Giovanna e Catherine, já que ambas estavam metidas em problemas e ela não queria ser o tipo de pessoa que ficava se gabando do quanto sua vida estava, naquele momento, perfeita. Em um ótimo relacionamento com os pais, feliz - com aquela conta bancária, quem não seria? - rodeada sempre de varias pessoas e de algumas que ela até poderia confiar, e além de tudo, bem resolvida com suas questões interiores.

Fantastic!

Mas em um milésimo de segundo, passando pelos corredores que mais pareciam um formigueiro humano, seu frágil mundo perfeito se estilhaçou - como uma peça de porcelana caindo no chão.

O sentimento de ira penetrou nela como uma faca, e Laura se sentiu fraquejar pela primeira em vez em muito tempo. Era uma sensação estranha, como se estivesse prestes a cair em um vazio infinito, sem ter ao menos onde segurar, pois não havia mais estabilidade. Ela fechou os olhos, apertou as mãos em punho, tentando aliviar a raiva, e respirou fundo para controlar as batidas desenfreadas do seu coração.

Estava estática.

E pelo próximos minutos, sem ser sequer capaz de desviar o olhar, só conseguia ver o sorriso de escárnio no rosto de sua meia-irmã, congelado em sua mente.

E pelo próximos minutos, sem ser sequer capaz de desviar o olhar, só conseguia ver o sorriso de escárnio no rosto de sua meia-irmã, congelado em sua mente

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