Quatorze

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Ponto de vista de Maria Beatriz 

Talvez eu realmente devesse fugir. Tantas coisas aconteceram entre Jason e eu e honestamente comecei a pensar que era o destino tentando nos fazer ficar longe um do outro. Desde o momento em que ele atravessou a cozinha na casa de Dona Lúcia, eu sabia que gostaria dele, algo me dizia ao fundo, mas ele não me disse que eu estaria em situações tão ruins futuramente. Nós fingimos não ver todas as coisas ruins, mas eu não aguentava mais. A última gota foi ter sido envenenada. Como uma obsessão por alguém chegaria a ponto de matar outra pessoa?

Desde o momento em que acordei deitada na cama do hospital e vi Jason dormindo sentado na poltrona com a cabeça apoiada na cama, chorei, como se tivesse um ano de idade. Ele estava sempre sendo a pessoa ao meu lado na maioria das minhas dificuldades. Ele ficou comigo quando Roberto teve sua crise de ciúmes, confiou em mim ao me dar a chave do apartamento, me fez sorrir e me sentir amada pela primeira vez em muitos anos. Mas ele era facilmente um alvo para sua ex louca e isso um dia cansaria nosso relacionamento, já que não conseguiríamos ter paz.

Levei minha mão em seus cabelos macios e acariciei. Ele se moveu e se levantou, ainda me olhando com um rosto sonolento.

— Você se sente melhor? — ele perguntou e eu assenti. — Estava chorando?

Droga. Meus olhos estavam certamente vermelhos.

— Só lembrando algumas coisas. — menti. — Deveria ter ido embora.

— Eu não conseguiria ficar em casa sem você.

Desviei o olhar.

— Não vamos adiante com isso. Nosso relacionamento está em um loop. Toda vez que avançamos, chega alguém para interferir. Não tenho mais estruturas para lidar com todas essas coisas.

— Você está falando sério? — ele indagou e eu concordei. — Maria Beatriz, olha todas as coisas nas quais já passamos.

— Estou olhando e é por isso que digo isso. Continuar só vai nos machucar mais e até fisicamente, como aconteceu comigo. Jason, olhe para você, você tem uma vida realmente incrível pela frente. Quais são as chances da gente realmente dar certo? Sinto que em qualquer lugar que a gente for vai ter alguém tentando nos derrubar. 

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, assim como os meus. Era totalmente ruim deixá-lo, mas não era mais apropriado ficar juntos. Algumas lágrimas escorreram. 

— Eu nunca pedi demais, só queria ser sua paz. Mas errei, errei demais. — ele falou baixo e eu sabia que já havia escutado aquilo em algum lugar, mas não conseguia lembrar de onde. — Acho que no fim a letra foi feita para você. Sabia que essa hora iria chegar. Nem quando eu tento consigo fazer dar certo. Você tem certeza disso? 

— Tenho. — soltei sua mão e limpei minhas lágrimas. 

Ele foi até a porta, mas não saiu. 

Os minutos começaram a voar e o médico veio me examinar, nesse momento Jason não estava mais lá comigo.

Quando recebi alta no fim da tarde o encontrei sentado em uma das cadeiras da sala de espera, as mãos juntas, a cabeça baixa. Ele não tinha ido embora ainda. Ao me ver não sorriu, só levantou e veio até mim.

— Chamei um Uber. — foi tudo que disse.

No caminho para casa dentro do carro não trocamos nenhuma palavra. Meu coração estava disparado lembrando da nossa noite de amor na minha casa e em outras várias ocasiões que na verdade eram encontros amorosos e a gente não tinha se tocado. 

Ao subirmos o morro a pé só agradeci ele por ter ficado comigo no hospital e segui em direção da minha casa.



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Oi, como vocês estão? Gente eu estou tão feliz que o livro está chegando a 900 visualizações. Sério mesmo, pode parecer pouco, mas eu fico tão feliz em vê-lo indo bem. 

A partir de agora uma nova etapa na fanfic vai começar e eu estou muito ansiosa para escrever os capítulos. Espero que vocês também gostem.

Beijos!

All Star | XamãWhere stories live. Discover now