Scorpion's Love

A não ser que...

Timothée.

Depois de passar a tarde com a minha irmã, o que foi incrível, porque eu sinto uma saudade absurda dela, liguei para Noah perguntando se ele estava em casa e se eu podia ir pra lá, ele disse que sim.

A casa dele  fica um pouco longe da minha. No caminho até lá, minha cabeça estava longe. Eu não consigo parar de pensar nela, que saco! E eu queria poder parar de chamá-la por outras coisas que não fossem seu nome, mas fica difícil, se eu não sei qual é.

-Como alguém pode beijar tão bem assim, meu Deus? -bufo para mim mesmo

Finalmente, chego na casa de Noah, e torço para que ele me distraia pra eu esquecer essa garota.

Ele abre a porta, me dá um abraço e diz:

-Caraca, irmão, quanto tempo. -ele dá uns "tapinhas" nas minhas costas.

-E aí, mano? Faz tempo real. -eu digo saindo do abraço.

Noah fecha a porta.

-Jake, olha quem está aqui. -ele grita em direção ao banheiro.

Nós dois sentamos no sofá.

-Quer uma cerveja? -Noah pergunta.

-Não, valeu. -eu olho pra TV e pergunto. -Jogo novo?

-Aham, muito maneiro. Quer jogar?

-Claro. -eu falo animado.

Jake, o cara que divide a casa com Noah, e que também virou meu amigo, chega na sala só de toalha.

-Timothée? -ele fala surpreso e animado. Eu levanto para abraçá-lo. -Faz tempo que você não dá as caras por aqui. Senti sua falta, já que agora o Noah está tooodo apaixonadinho. -ele revira os olhos e Noah mostra o dedo do meio.

-Huumm, quem é a sortuda? A Violett? -pergunto em um tom de curiosidade.

-Sim. E é ViolettA. -ele dá um sorriso bobo, deixando nítido o quanto está apaixonado.

-Gostei dela, mesmo a conhecendo tão pouco. -falo feliz por vê-lo feliz.

Eu falei com Violetta duas vezes na vida, isso contando uma ligação de vídeo que fiz com Noah e nós acabamos conversando um pouco, ela me parece ser uma pessoa legal.

-Valeu, cara. Eu estou bem feliz com ela. Estamos juntos real oficial há 2 semanas e parece 1 ano.

Um pouco emocionado, eu diria. Mas, quem sou eu, né?

Jake bufa, revira os olhos e diz:

-O papo enjoativo está muito bom, mas eu vou colocar uma roupa.

-Você vai sair? -Noah pergunta.

-Sim, meu bem. Não é só você que tem contatinhos. Ou tinha, sei lá. -ele responde deixando a sala.

-E você, senhor Chalamet? - Noah se vira para mim. -Como anda esse coração? Ainda na missão de não se apaixonar de novo antes dos 30?

Eu rio de cabeça baixa.

-Sim. Claro. -respondo. -Só não sei até quando isso vai durar.

E lá vem a menina na minha mente de novo.

-Ih, tem alguém na área? -ele fala animado e curioso ao mesmo tempo.

-Claro que não, mano. -falo tentando parecer óbvio.

Será que é muito cedo para falar dela pra alguém? Tipo, foi só uma noite, eu não sei o nome dela, não sei quando vou vê-la de novo, não sei nem SE vou vê-la de novo. Seria cômico, se não fosse trágico. Mas Noah é meu melhor amigo e me conhece, então, insiste.

-Vamos, Timothée. Põe pra fora quem está fazendo você pensar em abortar a missão. -ele parece cada vez mais curioso.

-Ah, conheci uma garota ontem. -eu digo, finalmente.

-E aí, cara? Quem é ela? Como foi? Ela é legal? -ele parecia uma metralhadora.

-Calma, Noah. Relaxa aí. -eu digo. E penso um pouco antes de falar. -Mano, ela é muito gata. A gente não conversou muito, estávamos um pouco ocupados. Entende? -eu rio malicioso, enquanto Noah dá uma risada.

-O que mais? Qual o nome dela? Eu conheço? -agora ele tocou na ferida.

-Se você conhece, eu não sei. -eu dou uma pausa. -E, sobre o nome dela, eu não sei.

Noah me olha confuso.

-Como assim "não sei"? -ele fala me imitando.

-Ela não quis me dizer. -dou de ombros.

Ele dá um tapa na minha cabeça. Segunda pessoa que faz isso hoje. Qual o problema dessa gente?

-Você perdeu o juízo, Timothée? Como você leva alguém pra sua casa sem nem saber o nome? -ele parecia sério. -Onde você a conheceu?

-Em um bar. -respondo.

Noah ri de uma forma sarcástica.

-Você tem noção do que ela podia ter feito, seu maluco? -ele me dá um empurrão leve.

-É só um nome, relaxa. -digo tentando me convencer do mesmo.

-Ah, é? E o que mais você sabe sobre ela? -touché.

-Que ela gosta de polaroide? -digo me defendendo esperando um tapa de novo, Noah ri ao ver a cena.

-Você é muito sem noção, cara. Ela podia ter te matado.

-Em minha defesa, qualquer pessoa pode me matar, a qualquer momento, incluindo você. -aponto pra ele.

-Vai a merda. -ele fala rindo. -Mas, e agora? O que você vai fazer? Porque, se você está me contando, ela significou alguma coisa.

Engraçado é eu não tinha me feito essas perguntas até agora. O que ela significou pra mim? Não foi nada a ponto de dizer que estou apaixonado, mas eu estaria mentindo se disse que não significou absolutamente nada. E, o que eu vou fazer?

-Não sei. Não faço idéia. Será que eu volto no bar? -questiono.

-Cara, a chance de alguém ir ao mesmo bar duas noites seguidas é bem pequena. -Noah responde, fazendo parecer óbvio

-É, então não sei o que fazer. -digo relaxando os ombros e me jogando no sofá.

-A não ser que... -olho com esperança pra Noah.

-A não ser o quê? -levanto curioso.

POR QUE AS PESSOAS FAZEM PAUSAS ENQUANTO FALAM?

-A não ser que ela trabalhe lá. -agora há uma pontinha de esperança dentro de mim.

Como não pensei nisso antes?

Lembro que no momento ela foi pegar suas coisas, entrou em uma uma porta que dizia ser restrita para funcionários.

-Noah, você é um gênio. -dou um beijo na cabeça dele.

-Coisa de gente apaixonada, cara. Você vai entender. -ele fala me olhando estranho.

-Ei, sai pra lá. Ainda pretendo me apaixonar de novo só depois dos 30. -falo com voz de rejeição a idéia.

Noah ri.

-E aí? Você vai voltar lá hoje?

-Claro. -eu respondo na velocidade da luz. -Mas não agora, né? São 6 p.m. Vou mais tarde. Tipo, umas 8 p.m.

-Então, agora você vai jogar comigo, agarradinho.

-Claro, meu bem. -eu dou uma piscadinha.

E nós dois começamos a jogar. Mesmo com minha cabeça em outro lugar, consigo ganhar algumas partidas. Mas, toda hora fico olhando meu celular pra ver se já está na hora de eu ir para o bar. O que é uma merda, porque eu pretendia não me importar tanto com isso.

***