Capítulo trinta e seis.

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—Você tem noção?—me jogo na cama, vendo o apartamento arrumado após trazer minhas coisas para cá.

—É, Alasca. Seu tio pelo visto,l fez merda.—Zayn da de ombros.

—Ele é, a merda.Ele era meu único tio, o que abusou de mim.—as palavras saem rápidas, e doía dizer aquilo.

—Eu lembro disso...—já havia contado a Z.

—Será que ele está morto?—pergunto, realmente em dúvida.

—Sim,amor.—era gostoso demais ouvir como ele me chamava, Zayn me abraça e eu coloco a cabeça em seu peito.—Devem ter descoberto que estamos casados, e querem te amedontrar.

—Será?—respiro fundo, triste.

—Acho que sim, mas relaxa, farão nada.—ele me solta.—São três horas da madrugada, que tal irmos buscar a pequena?Chegaremos lá para às seis horas.

  Eu assinto. Só Atena para me alegrar.

[•••]

—Al, olha a Atena enquanto faço o almoço?—Zayn aparece no quarto, quando eu termino de pentear o cabelo.

—Lógico!—sorrio.

   Vou até a pequena, que brincava de carrinho.

—Iai! O que você está brincando?—me sento em sua frente.

—De carin!—ela diz óbvia.

—Posso brincar?—sorrio e ela se anima.

...

   A gente corria pelo enorme apartamento fazendo barulhos como "vruuuuum" "radãdãdã" e "nheeeum".

—Ó, não! Ela me ganhou!—coloco as mãos na cabeça, me jogando de joelhos no chão, fingindo estar triste por perder para Atena pela quinta vez.

—Ganhei, ganhei papai!—ela se tremia de felicidade.—Ganhei, mamãe!
 

  Ela se joga em meus braços, eu a abraço, de olhos arregalados. Zayn também me olhava chocado. Ela havia de chamado de mamãe. Abro a boca, e Zayn sorri.

—Venham almoçar,minhas crianças.—Zayn nos chama, e agarrado Atena, a levando até a mesa que estava posta.

  Coloco a comida de Atena no prato dela, e coloco a minha.

—Deixa que eu dou comida a ela.—Zayn diz pondo a mão nas minhas costas, e eu assenti.

   Eu almoçava e observava o pai e a filha.

—Ó o bocão.—Zayn fingia que o garfo era um avião, e Atena abre a boca.

—Consigo ver a sua garganta toda!—falo, rindo.

—Humm, tá muito bom, papai!—ela diz apreciando a comida, de olhinhos fechados.

  Observava ela e pensava como ficará de roupinha de dama de casamento, como vai se comportar...

[•••]

     " Eu estava em um lugar completamente diferente. Branco e não escutava um carro, gritos,conversas, nada.

—Alasca, minha filha!—Aparece minha mãe, e eu abro a boca.

—Ma.mãe?—vacilo a voz, meus olhos se arregalam e minha boca seca.

—Minha filha!—sinto seus braços me rodearem em um abraço acolhedor que demonstrava saudade.

      O cheiro.

Aquele cheiro, que só a minha mãe tinha. Cheiro de menta com morango, cheiro de verão. Brisa, sol, risadas altas e conselhos interessantes. Histórias de vidas únicas, lições de moral sem igual. Era aquela saudade, aquele sentimento de vazio meu, que ali se parecia inexistente. Sinto o cheiro de avelã de seus cabelos,o que me lembra as noites frias com achocolatado quente e cookies de baunilha em frente a lareira.

    Seus fios sedosos, porquê minha mãe era vaidosa. Vaidosa demais. Talvez, ela sentisse tudo demais. Seus sentimentos eram sempre à flor da pele, e eu com certeza a puxei. Se ela amasse, amaria como nunca ninguém foi amado antes. Se odiasse, ela odiaria você até o seu último respirar. E se ela gostasse de você, gostaria mais do que qualquer outra coisa. Talvez fosse seu mal, talvez fosse sua maior qualidade:sentir.

  E era ser e sentir, os motivos dos quais eu mais procurava ter-los e entender o que eram. Minha mãe sabia exatamente como eles eram, e para que eles serviam. Minha mãe, uma mulher tão sabia e cheia de coisas a contar ao mundo, se foi. E doía, e eu finalmente notei que doía como nunca doeu antes. Se acostumar com a dor e a saudade, era o que eu estava aprendendo a fazer, mas ambos os sentimentos, só cresciam.

—Minha filha, sente-se.—ela aponta para um banco que eu não tinha visto e me sento.—Estou a sua procura a tanto tempo! Minha filha, seu pai sumiu! Nem ao menos sei onde esse homem se meteu...

  Onde eu estava?

—Mãe, eu não sei onde é isso.—franzi meu cenho.

—É o céu!—ela diz, como se fosse óbvio.

—EU MORRI?—coloco a mão no peito, assutada.

—Não!—ela começa a rir.—Você está em uma projeção astral fora do que se pode fazer. Permitimos sua entrada no céu para matar essa saudade. Minha filha, oito anos que não nos temos mais. E você está casada! Nossa, crescem tão rápido. Foi a única coisa que eu soube de você nesses anos, estranhamente todos aqui recebem notícias boas de seus filhos menos eu!

  Talvez eu não faça coisas que eles se orgulhem.

—Minha pequena, e agora adulta, Alasca—os olhos da minha mãe enchem de água.—Seu pai teve um caminho diferente do meu, não sei onde ele está. E filha, por favor, tome cuidado. Tem tanta gente ruim no mundo, pessoas com trabalhos sujos.

Ah, se minha mãe soubesse...

—Tenha um filho novamente, Alasca! Eu que havia escolhido aquele para você, mas deve ter dado complicações no seu útero,né?—doia tanto ver minha mãe com uma imagem de puritana minha.

—Sim, mãe. Não deu muito certo o bebê.—sorrio. Deus, eu era uma puta mentirosa.

—Acho que está na sua hora de acordar, Alasca.—minha mãe me abraça.—Eu te amo.

—Eu também te amo.—e eu sinto pela última vez, seu cheiro de menta e morango.

   Ela se afasta de mim, e eu vejo seus detalhes. Ainda como oito anos atrás. Linda, jovial e extremamente perfeita. Ah, como eu sentiria e sinto saudades daquele abraço dela.

   O abraço carinhoso nos meus dias ruins, nos meus dias bons e naqueles medianos. Ou aqueles mesmos braços que se mexiam com rapidez quando me dava esporro por ter saído de madrugada, não arrumado a casa quando ela saía, lavado a louça do almoço de domingo, tirado alguma nota baixa ou ter brigado com meu pai. Sentia saudades até dos seus inúmeros espirros, que sempre vinham um atrás do outro.

   A saudade é a pior dor, a dor que nunca é curada"

—Alasca, acorda!—sentia meu corpo chacoalhar, abro e vejo Zayn.—O que aconteceu, você está chorando?

—Nada, foi só um pesadelo,Z.—minto e Zayn me abraça forte.

—Vai passar,vai...



Iai, gente?? O que será que está acontecendo? Será que a fanfic está acabando? Será que vai ter parte dois? será que vai realmente acabar? por que alasca viu sua mãe e não seu pai??

Criminal life.| Z.M [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora