Capítulo dezenove.

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                      Aviso: Contará um abuso sexual.

  E meu rosto ardia com mais um tapa que levei. Deveria ser o quinto tapa em meu rosto nos vinte minutos que estou com aquele troglodita do Davey.

   Agora estava com minhas pernas trancadas num tipo de cadeado enorme. Braços soltos.

"Ah, então você consegue fugir, não?" Não! Aquele troço pesava demais, machucava meus pés.

   Após Davey me dar um minuto de paz, observava a sala em que estava. O lugar era certamente abandonado.

    Sujeiras, paredes que já foram brancas completamente descascadas e cheias de infiltração, dando aquele borrão amarelado. Olhando para o teto era quase idêntico a parede, mas tinha fios desencapados e um buraco para ventilar ar. O chão tinha espumas soltas, dois bancos de madeira bem no centro. Ao meu lado tinha um vaso sanitário,onde era minha única "mordomia".

    E sim, eu já tentei enfiar minha cabeça ali para me matar, não alcançava o fundo do vaso.

Olhava o nada, e pensava na porra toda. A frase "Olhando pro nada pensando em tudo" nunca fez tanto sentido, porque na minha frente, tinha de fato nada. Respiro fundo.

   
    Eu sei que a culpa era minha, mas eu não queria assumir. Então culparei Zayn até o fim.

    Filho da puta gostoso do caralho. É culpa desse desgraçado sexy. Se não fosse por ele e todo esse disse-me-disse-sou-foda eu não estaria nessa porra!

Me bato.

    Ódio! Palavra certa. Ok, também errei em, por exemplo, ter esquecido que sou uma "bandida" e não poderia ter saído sozinha para me expor ao público, mas não faço questão de dizer que o erro foi totalmente meu. Se o Zayn Arrogante Javadd Prepotente Malik não tivesse dito aquilo eu nunca estaria aqui. Digamos que a culpa seria parcial.

Um homem vem e acorrenta minhas mãos.

Chorando, boneca?- Logo,o segundo homem que eu mais odiava no mundo aparece na minha frente. O primeiro era Zayn.— Depois quem chorará será seus pais no seu túmulo.-Ele ri amargo.— Ah, você não os tem.

O encaro, prefiro não responder. Não estava afim de levar mais um tapão no meu rosto.

Eu até gostava dessa coisa mais agressiva,mas na...ALASCA,FOCO!

—Doce e pequena Alasca...-Davey se agacha em minha frente, retira os cabelos escuros grudados em meu rosto suado.—Olha como você é barata, se entregou por uma transa, e com meu filho...

Arregalo os olhos, e o dito cujo aparece na minha frente.

—Os deixarei sozinhos. Meu filho sabe bem como agir.-Ele se levanta e se vira de costas para mim. Bate sua mão direita no ombro do menino e sai.

O menino sorri para mim, puxa a cadeira e se senta.

—Meu nome é Brendon, garota.-Ele começa.—Você fode bem, parabéns. Mas, melhor que a nossa transa.-Ele aponta para mim e depois para ele.—Só como vou foder seu psicológico até o fim de sua vida conturbada e infeliz.

Filho da puta.

—Falou da minha vida como se a conhecesse, pirralho.-Meu Deus, esse garoto deve ter 17 anos, eu sou uma pedófila.

—Sei muito mais do que você imagina, Ortega.- Ele puxa um caderno de onde eu nem fazia ideia. Com certeza do cu,babaca.— Vamos lá...

Ele abriu o caderno, me encarou e começou a falar:

—Alasca Ortega Alencar,24 anos.-Ele levanta as duas sobrancelhas ainda em contato com o caderno.—Perdeu os pais, gosta de beber...-Ele ia percorrendo os olhos pelo caderno, aparentemente procurava algo em específico.— Já fumou maconha e cheirou pó, Ortega? Você não tem cara de quem faz isso!

Brendon caçoava da minha cara. Eu já sabia o que eles fariam: Falariam de todo meu passado para deixar meu psicológico cada vez mais frágil.

—Eu tenho uma bela história para te contar,Alasca.-Ele fecha o caderno e agora me olhava. O ódio percorria cada centímetro do meu corpo.

Arqueio as sobrancelhas para o pirralho.

—Era uma vez uma menina, nova. 10 anos.-Brendon começou, e eu sabia muito bem o que ele falaria.—Ela tinha um tio muito próximo dela.-Ele ri.— Um dia ele começou a oferecer coisas para essa menina em troca de "um segredinho somente deles"- Ele faz aspas com o dedo e eu me desato a chorar.— Ele amava tocar essa menina, e ela se sentia uma criança especial, isso não te remete uma história conhecida? Ah, é a sua.

     A maior atrocidade que eu já ouvi na minha vida. Brendon romantizara todo meu abuso no qual eu tinha superado. Eu chorava de soluçar e ele me encara e sai.

Um homem chega e retira minhas algemas.

[•••]

      Já havia levado porradas demais da vida e desses homens. Como eu odeio homens. Rihanna, você nunca esteve tão certa.

   O sabor do sangue escorre em meus lábios,minha testa com certeza estava roxa,olhos inchados de tanto chorar, minha costela latejava e eu tinha o pulso torcido. E, claro,meus tornozelos estavam em carne viva. Eu não parava de mexer os pés na inútil tentativa de fazer que aquele cadeado soltar.

    Meu psicológico não estava destruído, porquê acho que já nem o tenho mais. Meu corpo estava em petição de miséria. E lá estava eu chorando de novo.

—Pais, me perdoem! Meu Deus, eu sou um desgosto.-Chorava e sussurrava para eu mesma.—Burra! Você é uma animal, Alasca. Mãe, Pai, eu juro que algum momento farei algo que preste. Isso não pode ser meu fim!- Não tinha forças,meu corpo pedia comida, água.

—Alasca!- Escuto um sussurro.

   Deus, além disso tudo, eu estou esquizofrênica? Dá uma trégua, por favor!

Porra, Alasca, olha para cá!-Subo minha cabeça e eu não podia acreditar.

Criminal life.| Z.M [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now