Nada como um dia após o outro

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E algum dia espero que você entenda
Que eu compreendo e eu reconheço
E querido, eu peço desculpa
Por ver o lado bom
O lado bom das coisas

The Good Side - Troye Sivan

Hoseok

É incrível parar e pensar sobre o universo. Eu mesmo constantemente paro para divagar nos pensamentos que envolvem toda a nossa existência. Talvez eu não tenha muita coisa para fazer ou apenas sou um grande nerd, mas esse assunto não deixa de ser fascinante mesmo que eu veja muito sobre ou não.

O universo tem uma vastidão infinita, na qual não temos o mínimo da capacidade de imaginar como seja e colocar isso no papel. Na verdade, muitos pensam no universo como um monte de nada, que mesmo que ele seja infinito acabaria por ser tudo igual. Mas e se não for? Nunca poderemos ter certeza. A única certeza que temos é que somos apenas uma microscópica poeirinha no universo, rodeados por coisas e maravilhas muito maiores do que nós, mas muito maiores mesmo, ao ponto de nos tornarmos absolutamente nada.

Se somos nada, então por que existimos? Cada um de nós deve ter uma razão para de repente emergir no universo. Ou talvez não. Talvez nós mesmos devemos criar uma razão para existir e sobreviver a tudo isso que chamamos de vida. É tudo muito complexo. Existir e viver. Conviver e sobreviver. São fazeres que podem nos deixar loucos se você pensar demais. Eu penso demais e deve ser por isso que eu me sinto à beira da loucura às vezes, mas eu tento ao máximo viver, do meu jeito. Mesmo sendo um nada.

Eu vivo na minha, tentando não chamar à atenção, fazendo o que tenho que fazer e o que me deixa bem. Eu poderia existir desse jeito pelo resto da minha vida mediana, porém algo ou alguém do universo me fez ser do jeito que eu sou. Se for analisar de maneira científica, parte de mim é um erro genético, nada demais, nada que me fosse afetar realmente. Contudo, se for analisar pela visão dos outros, eu sou algo estranho, definitivamente errado, mas porquê? Essa é pergunta que me faço quase todo dia, uma vez que não passamos de nada.

É difícil entender e acompanhar meus pensamentos, eu sei. Jung Hoseok, por que você é assim? Quem dera eu ter essa resposta. Por que eu, em meio a tantas possibilidades, sou assim? É provável que alguns se perguntem isso também, uma vez que se incomodam bastante comigo.

— Opa, não te vi aí, Jung — ouvi isso daquela voz mais do que conhecida por mim depois que já estava no chão por seu empurrão.

Vi minhas coisas todas, que segurava, se espalharem pelo chão rapidamente e tentei ir juntando logo todas. De repente, senti alguém se abaixar junto a mim para me ajudar a recolher meus papéis e livros. Posso dizer que essa foi a primeira vez que isso aconteceu, pois nenhum ser nunca se colocou a me ajudar, mas eu não esperava que fizessem isso de qualquer jeito.

O garoto perguntou se eu estava bem e se eu tinha me machucado, apenas neguei para ambas as perguntas, apesar de sentir meu pulso direito doer por causa da forma que caí para evitar o impacto da minha cara com o chão. Levantei-me e o garoto também, logo me estendendo meus papéis. Contudo, ele parou por alguns segundos e ficou me encarando.

Eu o reconheci, por motivos óbvios de popularidade e também por eu passar muito tempo observando as pessoas daquele colégio quando podia. O garoto popular — que eu conhecia, mas não lembrava o nome — parecia peculiar a meu ver, principalmente por se vestir de uma maneira que parecia ter saído de um filme dos anos 80 — como Marty McFly, de "De Volta Para O Futuro", para ser mais específico. Ele me encarou por alguns segundos, seu queixo pendeu um pouco para baixo e eu não consegui mais o olhar, apenas puxei minhas coisas de sua mão e saí andando apressado.

The singularity of your eyes || vhopeWhere stories live. Discover now