THIRTEEN: weak spot

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   — E o que aconteceu? – perguntei, manhoso, até que senti seu sorriso se abrir minimamente. Ela me empurrou para longe e revirou os olhos.

   — Você é impossível. – abri o sorriso quando ela fechou o armário finalmente e saiu andando, não antes de me deixar apoiar o braço em seu ombro, num aviso mudo de que, por enquanto, tudo estava bem. Aquele alerta foi mais que bem-vindo no momento, e eu não pude esconder meu sorriso durante todo o percurso.

   Depois de acertar a bola dentro da cesta mais uma vez, fui até a arquibancada pegar a garrafa de água. Steve já estava sentado ali faziam uns minutos, com os fones nos ouvidos enquanto eu jogava basquete sozinho no ginásio praticamente vazio. Naquele horário, ninguém usava para treinos, só para escapulir de aulas. Portanto, exceto por meu amigo e eu, só haviam mais duas pessoas ali – um casal afastado e deus sabe o que estavam fazendo.

   Me apoiei em uma das barras enquanto dava longos goles na água fria. Quando finalmente me notou, Steve puxou um dos fones do ouvido.

   — Dean, eu queria te perguntar uma coisa, mas acabei esquecendo. – começou e eu franzi o cenho, perguntando o que era. — Você, por acaso, não voltou a ver minha irmã, voltou? – quase cuspi todo o líquido da minha boca, mas acabei engolindo errado e tossi, assustado com sua pergunta repentina. Que porra era aquela? Steve continuou me olhando com uma expressão tranquila enquanto esperava eu me recompor.

   — O quê?! Por que você está perguntando isso? – meus olhos provavelmente estavam arregalados, bastante diferente do garoto à minha frente, que apenas deu de ombros e voltou a se recostar no banco.

   — Ela me perguntou de você ontem. – senti minhas bochechas corarem e desviei o olhar, envergonhado. Steve era irmão de Mackenzie, foi por causa dele que acabamos nos conhecendo, aliás. Ela sempre foi a irmã mais velha gostosa e inalcançável para os amigos de Steve, mas as coisas mudaram um pouco de direção quando, numa certa noite, eu resolvi visitar meu querido companheiro e ele não estava em casa, mas, mesmo assim, sua irmã me chamou para entrar. Não transamos, claro, porque ela não quis. Mas ela me intimidou de uma maneira que ninguém jamais tinha feito e eu fiquei incrivelmente intrigado. Então, tentei me aproximar; indo até sua casa quando eu sabia que Steve não estava, por exemplo. Eu me lembrava muito bem da primeira mensagem que ela me mandou, porque ela quem pediu meu número; “e aí, Murray? desocupado?”, fora numa sexta à noite, eu nunca estava desocupado, mas rapidamente fiquei. O que posso dizer? Mackenzie não é o tipo de garota a quem você diz não. — E eu vi você saindo da minha casa semana passada. – continuou, me olhando desconfiado. Se eu já estava com vergonha, tive uma vontade imensa de cavar um buraco para enfiar minha cabeça.

   — Merda. Desculpa...? – dei um sorriso amarelo e Steve me encarou como se eu fosse um idiota. Não que ele estivesse errado. — A gente ficou... Semana passada. Não foi planejado, só aconteceu. Eu nunca mais tinha falado com ela depois de... Bem, você sabe. – engoli em seco. Porque aquele tópico não era o meu preferido para uma conversa.

   — Depois que você viu ela com outro? – Steve completou, como sempre, sem nenhum tato de sensibilidade. Revirei os olhos.

   — Sim, Steve, obrigado por lembrar. – fui irônico. Na verdade, essa não tinha sido a última vez em que eu vi Mackenzie. A última vez foi quando eu a acompanhei até a clínica de aborto. Ela nunca deixou ninguém, além de mim, saber que tinha engravidado, nem seu irmão – ou o “pai”. E, se ela não queria que ninguém soubesse, eu não desrespeitaria sua decisão.

Just Friends (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora