Just Friends (HIATUS)

TWELVE: what bad girls are made for

Samantha Wilson

   Meu corpo estava jogado no sofá confortável, enquanto Debbie cantava alguma música do One Direction à plenos pulmões e Ashley parecia mais quieta que o usual.

   O final de semana tinha passado mais lento do que eu gostaria, e aquela tarde de domingo estava ensolarada. No sábado pela manhã, minha melhor amiga apareceu em minha casa, bonita demais para uma suposta manhã de ressaca. Seus olhos estavam tristonhos e incrivelmente culpados, assim como Dean parecia estar na noite anterior, quando me ligou desesperado. Na minha opinião, era um alarde desnecessário. Tudo bem, eu não era sociável e estava longe de ter os mesmos objetivos que outros jovens numa festa, mas eu não era uma criança e muito menos precisava de uma supervisão constante. Mesmo depois de amenizar a situação, Ashley continuou insatisfeita com sua “irresponsabilidade”, mas esqueceu do assunto assim eu citei carona e Brandon Sandler. Ela logo me informou sobre todas os boatos possíveis ao redor do garoto e passamos a tarde de sábado falando sobre ele.

   Apesar de tudo, ela não me deixou mais sozinha pelo resto do final de semana, o que eu não podia dizer sobre Dean, que pareceu ter sumido completamente do mapa. Eu tentei ligar, mas ele não atendeu, e suas mensagens foram breves e frias, mas dispensaram preocupação. Tive vontade de ir até sua casa e tentar me aproximar, mas ele não parecia só estar me evitando, então decidi respeitar seu espaço. O que eu não sabia era que seria tão difícil, e os minutos pareciam horas sem ele ao meu lado.

   Para completar, meus pensamentos não paravam de girar ao redor do beijo. Eu tinha sonhado com aquilo por dois dias seguidos, e desconfiava de que era o que aconteceria naquela noite também. Quando acordava, minha respiração sempre estava descompassada e algo dentro de mim revirava toda vez que eu revivia a cena.

   Quando Debbie me ligou e chamou para passar a tarde em sua casa, eu quase disse não, como em uma situação normal. Mas eu percebi que não estávamos numa situação normal e eu não queria passar mais um dia intercalando meus pensamentos entre o beijo, meu melhor amigo sumido e o garoto que me deu carona. Eu sentia que minha cabeça simplesmente explodiria a qualquer momento. Diferente do que imaginei, as performances de Debbie eram distrações muito úteis e bem-vindas.

   — O que aconteceu, Ashley? – a garota pausou o karaokê, sentando-se ao meu lado e direcionando os olhos curiosos à ruiva compenetrada no outro sofá. — O gato comeu sua língua? – perguntou, sua respiração pesada enquanto puxava um copo dʼágua sobre a bancada central da sala de estar. Ashley levantou os olhos, parecendo ter nos notado ali pela primeira vez durante a tarde.

   — Hm? – estreitou os olhos, como se não tivesse ouvido absolutamente nada do que Debbie tinha dito.

   — Perguntei se comeram a sua língua. – pronunciou devagar, como se estivesse falando com uma criança, fazendo a outra revirar os olhos.

   — Eu não posso estar pensativa? – soou mais inocente do que realmente era.

   — Você sempre está pensativa. O estranho é você não estar tagarelando sobre isso. – respondi, endireitando a postura, pronta para arrancar o que quer que estivesse se saindo tão bem em deixar minha amiga sem palavras. — Pode desembuchar. – Debbie repetiu meu movimento e Ashley nos encarou como se esperasse que desfizéssemos a pose e deixássemos ela em sua bolha, mas fez uma careta quando percebeu que não iria acontecer, se rendendo por fim.

   — Eu beijei Steve Tucker. – quando não ficamos surpresa, ela revirou os olhos. — Eu não deveria ter beijado ele. Não é o tipo de cara que eu gosto de ter contato. É o tipo de cara que anda com uma placa vermelha escrito “Perigo! Não se aproxime”, o tipo de cara com todas as qualidades para partir um coração. – explicou, mas continuamos um pouco confusas. Quer dizer, eu não conhecia Steve, mas ele era amigo de Dean e sempre pareceu uma pessoa legal.