SEVEN: keep going

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Dean Murray

   — Ela riu!

   — O quê? – a voz de Ashley soou aguda no telefone e não pude julgar, minha reação foi a mesma.

   — Isso mesmo, eu contei que tive um sonho erótico com ela e ela riu. Depois disse que eu era “bobo” por ignorar ela por causa de algo assim, que não temos controle sobre nosso subconsciente e que era perfeitamente normal ter sonhos desse tipo com pessoas que não temos a menor atração. – expliquei, querendo bater minha cabeça contra a parede. Eu nunca pensei que ter autocontrole fosse uma missão tão difícil, mas quando estava aquele próximo de Samantha e eu vi seus olhos receosos escapando até minha barriga desnuda e suas bochechas corando, por deus!, foi quase impossível não quebrar aquela distância e finalmente descobrir qual era o sabor daquela boca. — Quer saber de mais uma? Ela me perguntou como foi. Pelo. Amor. De. Deus! – meu tom estava desesperado, refletindo bem meu estado de espírito.

   — E você disse? – a essa altura, Ashley parecia mais ansiosa do que surpresa, como quem espera o momento emocionante do enredo.

   — Não? – respondi. Ashley estava totalmente fora de si se achava que eu diria aquele tipo de coisa à Samantha. — O que eu deveria dizer? “Então, Samantha, foi assim: eu estava com a língua dentro da sua b... – não pude completar a frase, já que a outra soltou um grito, me interrompendo.

   — PARA! Não quero saber, informação demais. – deu o veredito, fazendo eu me calar.

   — O que te faz pensar que eu não ia dizer “boca”? – perguntei, sorrindo de lado.

   — Eu sei que você não ia dizer “boca”, Dean. Puta merda. – pareceu estar com o estômago embrulhado. Nem parecia a garota de mais cedo que havia sugerido que eu me masturbasse pensando na minha melhor amiga. — Mas Samantha ia gostar de saber... – completou, me deixando confuso.

   — Por que diz isso? Eu acho que ela ficaria assustada e me acharia um completo pervertido, isso sim. – não gostava nem de imaginar a expressão no rosto da menina caso eu falasse o tipo de coisa pervertida que tinha naquele sonho. Duvido que ela voltasse a olhar na minha cara depois daquilo.

   — Sabe, Dean, eu sei que você conhece a Samantha, vocês são melhores amigos, afinal, mas às vezes eu tenho a impressão de que não conhece tanto. – falou, num tom meio entediado.

   — O que quer dizer? – franzi o cenho, encarando o teto branco de meu quarto.

   — A Sam é ingênua? Na maioria das vezes. Ela sabe pouco quando o assunto é sexual? Sim. – respondeu às próprias perguntas, deixando-me confuso e parecendo levemente louca. — Mas uma coisa não anula a outra! Ela tem pouco conhecimento e não gosta de se aproximar de pessoas, consequentemente, não gosta de se aproximar de garotos. – seu tom era sugestivo, mas eu não fazia a menor ideia do quê, exatamente, ela estava sugerindo. — Você, no entanto, conseguiu a proeza de se aproximar e agora ela está começando a querer experimentar algumas coisas, mesmo que não saiba ainda, ela sente alguma coisa apertando em sua boca do estômago, algo que acontece quando um garoto em especial está respirando no pescoço dela, ou quando fica descamisado em sua frente, ou quando toca em sua cintura. – Ashley tinha um tom maligno impresso na voz, mas eu não conseguia entender seu ponto. Não sabia que a Samantha conhecia alguém tão próximo assim além de mim. E não existia a menor chance dela se sentir intimidada por mim.

Just Friends (HIATUS)Where stories live. Discover now