CAPÍTULO 46

1.3K 58 13
                                    

GREG ON

Acordo quando escuto minha mãe chegar com a Davina da escola, me levanto devagar do sofá e mim mãe vem direto até mim.

- Amor a gente precisa te levar pro hospital... - Ela fala passando a mão no meu cabelo - Não me contou que passou mal no colégio...

- Como você sabe? - Pergunto confuso.

- Seu pai me contou. Ele ficou preocupado com você... - Claro que contou... Droga!

- Eu tô bem...

- A gente só precisa ter certeza disso querido - Ela fala com a voz calma.

- Que saco! Eu tô bem... - Falo levantando do sofá e indo pro quarto.

Acabo batendo a porta sem querer e na hora me arrependo. Se eu tivesse em casa meu pai já estaria aqui me dando o sermão do século sobre não bater a porta.

- A porta não fez nada pra você Gregory... - Minha mãe fala abrindo a porta do quarto e parando na frente da porta - É só uma consulta querido, pra ver se está tudo bem.

- Eu não quero... - Falo manhoso.

- Gregory chega... É só uma consulta - Ela fala um pouco frustada.

Não respondo, só deito na cama e viro de costas. Ela sai do quarto e deixa a porta aberta. Não gosto de hospitais, na verdade, meu problema é com agulhas, eu odeio agulhas. Meu pai sempre fica segurando a minha mão tentando me distrair na hora de tomar qualquer injeção. Não quero ir.
  Minha mãe me chama pra almoçar e eu vou meio contra gosto, sento na mesa emburrado e Davina me olha com uma que de " O que aconteceu?", Só viro os olhos e coloco a comida no prato. Termino de almoçar e vou direito pro meu quarto, deito na cama e começo a mexer no meu celular. Ouço a porta do quarto abrir e imagino que seja a minha mãe pra mandar eu me arrumar pra tal consulta.

- Hein garoto! Está melhor? - Escuto aquela voz masculina familiar vindo da porta.

- Pai? - Respondo me virando na cama - O que está fazendo aqui?

- Eu vim vir você... - Ele fala entrando no quarto e sentando do meu lado na cama.

- Já me viu... E sim... Estou melhor. Agora já pode ir - Falo me virando de costas.

- Filho, tem todo direito de estar bravo comigo, mas eu só quero conversar com você... - Ele fala colocando a mão no meu ombro.

- Mas eu não quero conversar! Muito menos com você!!! - Falo alto, afastando meu corpo da sua mão.

- Greg me perdoa... Eu sei que te magoei e sei que não é a primeira vez... Eu perdi a cabeça, me desculpa... - Seu tom de voz é triste e estranhamente baixo.

- Você sempre perde a cabeça e sempre desconta em mim! Você se irrita com tudo e com todos e no final do dia desconta sua RAIVA do mundo em mim!!! - Minha voz sai alta e firme.

-  Gregory eu sei que sou uma porcaria de pai... Mas eu prometo que vou mudar, prometo que dessa vez vai ser diferente... Vai ser como era antes, antes de tudo isso. Filho, você é tudo que eu mais amo no mundo... Me perdoe por tudo... Sinto sua falta! Eu vou fazer de tudo para mudar as coisas.Eu prometo que vou mudar...

- Você fala isso agora... Mas se eu fiz algo que você não goste amanhã, vai me bater de novo... - Digo sentindo meus olhos marejarem.

- Amor e-eu... Eu entendo não acreditar em mim, tem o direito... Eu já  te pedi desculpas outras vezes e acabei fazendo de novo. Não precisa acreditar em mim de cara, eu vou provar pra você que dessa vai ser diferente... - Ele não tem noção do quanto eu quero acreditar nele - Filho... - Ele passa a mão no meu rosto e me olha com carinho - Eu te amo tanto, você não tem nem noção do quanto

Sinto ele me puxar pra um abraço e boa primeiros segundos fico meio sem reação, mas logo depois retribuo o abraço. Algumas lágrimas acabam caindo do meu olho, mas tento secá-las o mais rápido possível... Meu pai me afasta um pouco e beija minha testa, enquanto faz carinho no meu cabelo.
  Fico deitado  no seu colo durante alguns minutos, até minha mãe abrir a porta devagarinho e entrar no quarto.

- Está tudo bem por aqui? - Ele pergunta encarando o meu pai fixamente.

- Tá sim... - Respondo secando as últimas lágrimas teimosas.

- Sabe que não fugiu de ter que ir no hospital, né? - Droga! Tinha esquecido disso.

- Precisa mesmo? Eu tô bem! - Falo.

- Passar desmaiar no colégio não diz... - Meu pai fala se virando pra mim.

- Não foi nada demais... - Falo desviando o olhar dos dois.

- A gente só precisa ter certeza que não foi 'nada demais" - Minha mãe fala fazendo aspas com a mão.

Acabo sedendo meio contrariado. Meu pai insistiu para que deixássemos ele nos levar algum hospital. Assim chegamos, meu pai fala direto com o médico amigo dele e o mesmo vem nos atender. Para variar um pouco estou com a imunidade faça novamente, resultado da minha péssima alimentação. A gente nunca foi muito ligada nisso, nunca tive problema em comer as coisas, que foi que tipo que come tudo que vê pela frente, mas eu tinha um problema muito grande em comer salada... Alface e tomate ainda vai, mas agora beterraba, cenoura, essas coisas, não vai, não desce. E como o meu pai nunca ligou pra isso, nunca comi mesmo.
Mas segundo o médico, foram uma série de fatores que causaram o meu desmaio, não só imunidade baixa. Dito isso chegou a minha parte "favorita"... O soro.
Assim que ele me leva para outra sala pra aplicar o soro, sento na cadeira e olho em direção ao meu pai com um olhar "Me tira daqui, por favor!". Ele entende na hora o meu olhar e se senta aí meu lado segurando a minha mão. Minha mãe estava lá fora resolvendo a papelada, então ele tinha vindo comigo, aperto sua mão com força assim que sinto a picada da agulha no meu braço.

- Oh pai?.. - Ele rapidamente vira o olhar pra mim - Eu também sinto sua falta...

Ele sorri e logo se levanta beijando a minha testa. Não estava mentindo, sentia a falta dele, mas do que tudo na verdade. Porém, não é por que eu sinto a sua falta, que tudo vai se resolver... Eu ainda estava chateado com a história da Cheryl.

- Eu conversei com a sua mãe mais cedo - Ele fala se sentando novamente - Ela me fez ter outro ponto de vista sobre umas coisas...

- Que coisas? - Pergunto.

- Eu tinha a sua idade quando comecei a namorar a sua mãe... - Ele fala rindo - ... A gente se conheceu no colégio e começamos a namorar...

- Vocês se conheceram no colégio? Achei que tivesse sido na faculdade - Falo surpreso.

- Na faculdade a gente já estava num vai e volta de umas 3 vezes... Mas nos conhecemos no colégio sim... - Ele apoia os cotovelos na perna e apoia a cabeça na mão - Mas o que eu quero dizer é que, sua mão me fez ter outro ponto de vista em relação a você. 1) Eu comecei a namorar na sua idade; 2) Eu era bem pior...

- Então... Você mudou de idéia??? - Pergunto incrédulo.

- Pode se dizer que sim, MASSSSS... - Ih! Lá vem bronca... -  Só se prometer pra mim que não vai tirar a cabeça dos estudos. Promete?

- Eu prometo! - Respondo rápido - Agora já deixou! Não vale mudar de idéia.

Ele ri da minha resposta e por um segundo eu acabo me esquecendo que estou no hospital.
Meu pai nos leva até em casa, no caminho eu senti um clima estranho, mas pela primeira vez não era comigo, era com os dois.












-

Família SpecterWhere stories live. Discover now