CAPÍTULO 3

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GREG ON

  Ouço passos se aproximando do meu quarto, imagino que seja Caroline então nem tento fingir que estou dormindo já que ela sempre sabe se é verdade ou não.  
Quando escuto a porta abrir me viro para ver quem é, pra minha surpresa vejo meu pai encostado na porta me encarando, desvio o olhar dele e viro de costas novamente na cama. Ele se aproxima sentando na minha cama e começa a passar a mão no meu cabelo carinhosamente.

- Eu sinto muito por hoje mais cedo, passei dos limites com você! Precisava ser punido, mas não daquele jeito, não com aquela força... - Sinto sua voz embargar enquanto me pede desculpas. - Eu devia ter esperado esfriar a cabeça, pra daí sim fazer alguma coisa. Me desculpe Greg, papai não queria te machucar!

- Eu sei... - Respondo sem olhar nos olhos dele, é óbvio que eu sei que ele não queria me machucar, porém machucou e eu não quero conversar agora.

- Filho, olha pra mim... - Ele pega no meu rosto me obrigando a olhar pra ele. - Eu sinto muito mesmo Greg, eu perdi a paciência e descontei em você, isso está errado. Eu prometo que não vai se repetir.

Estou quase chorando de olhar pra ele e ver como ele está preocupado comigo, odeio fazer meu pai se sentir mal, ele não teria me batido se eu não tivesse feito o que fiz.

- Tá tudo bem pai, sério, eu tô bem. - Respondo o abraçando, ele me aperta no abraço e beija a minha testa.

- Eu te amo filho, te amo muito - Ele diz já me soltando e ficando de pé - Eu pedi comida, já deve estar chegando, desça para comer.

- Ta bom, já desço - falo sorrindo para ele.

Entro no banheiro e lavo meu rosto que estava um pouco inchado de ter passado a tarde chorando e desço para a sala. Vejo Caroline sentada com vários papéis em volta e papai está do lado dela, eles parecem bem sérios enquanto analisam os papéis um por um.
  Sento no sofá e ligo a televisão pra assistir qualquer coisa enquanto espero a comida chegar.

CAROLINE ON

Desvio meus olhos dos papéis na minha mão e vejo Greg descendo as escadas e vindo para a sala, ele parece bem, mesmo com os olhos meio vermelhos ele não parece de mal humor, eu agradeço mentalmente pelo bom humor dele, pois hoje não é um bom dia pra isso.
Ele senta no sofá e liga a televisão, o volume atrapalha a minha concentração nos papéis. A propósito esses papéis são de um caso que eu tenho que resolver até amanhã de manhã por isso papai está me ajudando, não estou conseguindo achar nada para usar contra meu oponente.

- Não tá dando, Greg abaixa o volume por favor. - Diz olhando pra ele, que logo em seguida abaixa o som.

- Obrigada. - Agradeço voltando minha atenção para os papéis mais uma vez, tinha que ter alguma coisa ali que eu estava deixando passar...

O interfone toca e meu pai levante pra ir buscar a comida, ele vai até a cozinha e arruma as coisas na mesa, Greg se levanta e vai com ele. Não escuto ele me chamar na primeira vez, não consigo prestar a atenção em outro coisa, tenho que ter algo pra usar no tribunal amanhã ou o caso está perdido.

- Caroline!!! - Escuto meu pai me chamar dessa vez.

- Oi? - Respondo ele sem dar muita importância pro seu chamado.

- Venha comer! depois vemos esses papéis, com certeza tem algo aí só temos que procurar com mais calma. - Ela fala com uma tranquilidade, como se a resposta do meu problema fosse um prato de macarrão.

- Estou sem fome, talvez depois. - Digo sabendo exatamente o discurso que vem após isso.

- Venha já! Sabe muito bem que não adianta nada jogar a cara nessas folhas o resto de noite, precisa respirar, pensar um pouco e comer. Venha e não me faça repetir. - Viu, eu sabia, cansei de ouvir esse discurso ao longo dos anos, mas só me levanto e sento a mesa junto com eles.

   Greg come em silêncio o que me surpreende pois nunca cala a boca, até que meu pai pergunta quando tem que ir buscar seu boletim.
  Meu irmão congela de um jeito de dar dó, Greg não era um aluno ruim, mas não fazia o mínimo de esforço para aumentar as notas, mesmo sabendo exatamente o quanto meu pai ficava bravo com isso.

  - Eu... Hãm.. não sei, não falaram nada ainda. - Ele mente na maior cara de pau, mesmo sabendo que não é muito bom em mentir. Meu pai o encara sério, achei que deixaria essa passar devido tudo o que aconteceu hoje, mas não, ele vira pra mim e fala:

- A cara de pau do seu irmão de mentir na nossa cara realmente me impressiona. - Encaro Greg que está engolindo seco cada palavra do meu pai. Era só o que me faltava hoje, os dois brigarem de novo.

- Eu não tô mentindo pai, é sério, ninguém falou nada ainda! - Se manifesta meu irmão com a voz quase impossível de ouvir.

- Sério? Se eu ligar para lá amanhã, é isso que vão me falar? - Indaga meu pai já se irritando um pouco.

- Na... Não... Não liga, por favor! - Não demora muito pra ele se entregar, Greg tem medo do meu pai, pelo menos aparenta ter, então nunca vou entender porque ele insiste em em mentir.

- JÁ CHEGA...- Meu pai grita, batendo as mãos na mesa, fazendo com que eu me assustasse. -  Meu Deus Gregory, você é inacreditável, são quantos vermelhos dessa vez ein???

- Eu não sei... - Responde meu irmão quase inaudível.

- SOBE JÁ PRO SEU QUARTO!!!! - Meu pai grita na mesa.

- FALA SÉRIO! VOCÊ NEM VIU AINDA E JÁ VAI ME BATER?! - Me assusto com o grito do meu irmão, percebo que está na hora de intervir antes que piore.

- PAREM VOCÊS DOIS! MEU DEUS! Será que vocês não conseguem nem jantar em paz? Da pra vocês fazerem isso depois da gente comer? - Digo tentando acalmar os ânimos na mesa.

  Meu pai me encara tentando se acalmar e finalmente fala:

- Termine de comer e vá direto pro seu quarto! - Fala meu pai olhando para o Greg que bufa de raiva, mas não fala nada.

O restante do jantar foi num clima incrível, incrivelmente horrível, mas nem consegui prestar muita atenção na troca de farpas dos dois, pois minha cabeça ainda estava no processo que eu tinha pra resolver.

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