Capítulo 01 - Voltando no Tempo

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Oi, de novo! Continuando, mais um capítulo pra vocês. Agora sim, começa a jornada de verdade! 🤗

Ótima leitura! 😍

"Renda-se, como eu me rendi

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

Clarice Lispector


Vivemos em constante busca pela aceitação. Talvez, algumas pessoas não busquem tanto, mas a realidade é que o ser humano tem essa necessidade. Àqueles que são seguros de si, conseguem lidar melhor com isso, já, a maioria, precisa suprir esse lado inato. Me chamo Catarina e posso dizer que hoje, aos vinte e dois anos, lido melhor com essa necessidade. Na minha pouca idade, tive experiências que muitos idosos e a maioria das pessoas não tiveram. Convido você a voltar um pouquinho no tempo comigo e conhecer um pedaço da minha história. Dessa maneira, poderá tirar suas próprias conclusões.


— Catarina, filha, melhor você entrar e falar com a sua tia, hoje ela está virada no setenta. quase rachando ela no... — Minha mãe entrou falando alto, como de costume, e parou no momento em que viu nossa vizinha dentro da mercearia. — Por que esse bichinho chorando? — Seu foco mudou – imediatamente – para a criança que chorava compulsivamente.

— Ô, dona Rosalva, esse moleque quer aquele carrinho. Já disse que está muito caro. Sua filha está me dizendo que minha conta está muito alta, aqui — justificou-se a senhora, pegando no braço da criança, enquanto ajeitava a outra em seu colo.

— Caro é o di cumê, muié. A gente comi e caga!

— Mãe! — exclamei, arregalando os olhos.

Dona Rosalva, de origem nordestina, não mede esforços para ajudar as pessoas, em compensação, não tem papas na língua.

— Pega lá o carrinho, bichinho. — Ela quase não terminou de falar, o menino já estava abraçando o carrinho. — Óia só, os zóinhos chega a brilhar. na hora de você pará fazê fio! — A mulher deu uma encolhida, com a investida da minha mãe.

Nós éramos em sete em casa, mais dois agregados. Sou a filha mais nova, na época, com quatorze anos. Meus pais nos criaram com o rendimento da mercearia. Morávamosna periferia de São Paulo, desde que me conhecia por gente. Na comunidade,todos se conheciam. Minha mãe era famosa, porque, embora sua braveza a preceda,o seu coração é uma manteiga.

Lancei um olhar de repreensão a ela. Tinha que parar de deixar as crianças levarem os brinquedos sem pagar. Apesar de serem de plásticos, baratos, tiveram um custo. Não podíamos nos dar ao luxo de sair doando.

— Cara feia pra mim é fome — retrucou — toma o seu rumo, menina. Vai lá ver porque sua tia está avexada. Ela já comeu meu juízo a manhã inteira.

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