Sol do Meio Dia - Jacob e Renesmee (EM REVISÃO)

22. Prisioneira em Volterra

RENESMEE CULLEN

Há um vazio em mim, não consigo sentir meu próprio coração dentro do peito. Tenho certeza que ele está lá, batendo e bombeando sangue para todos os meus órgãos super desenvolvidos. Mas o nada me consome desde o momento em que precisei abandonar minha filha recém nascida dos braços do seu pai. Será que um dia ela me perdoará por isso? Rezo para qualquer divindade que sim.

Constantemente aliso minha barriga plana e vazia, não há nenhum sinal no meu corpo de uma recente gravidez. Carlisle estava certo, o sangue lobisomem de Aurora acelerou o processo de cura. Isso me parte, a dor seria um sinal de que ela é real. Mas por ela posso cometer qualquer sacrifício. É claro que tenho um plano em mente, preciso salvar Nahuel pelas duas vezes que ele arriscou sua vida e me salvou.

A viagem de Forks até Volterra durou três dias, literalmente corremos pelas sombras e atravessamos o oceano nadando. Diferente da minha família que busca parecer humanos, os Volturi escolheram à escuridão. Quando meus pés tocam as ruas estreitas da Itália, estou com a roupa suja e o cabelo ainda molhado. Mesmo com minha visível rendição, Félix e Demitri fizeram questão de me manter contida sob seu aperto frio.

Não sei que horas são, mas todas as casas e estabelecimentos estão fechados. É como se os locais soubessem que existe algo na noite perigoso. É estranho como esse lugar parece ter parado no tempo medieval, intocável. Nos esgueiramos rapidamente até uma igreja no centro da cidade, a reconheço das memórias da minha mãe. Ela e toda família Cullen me contou histórias sobre Volterra.

Entramos pela porta de trás, onde um guarda permite nossa passagem. Caminhamos em silêncio pelos corredores da igreja de arquitetura clássica e me perco nos desenhos de origem cristã que decoram o teto. É irônico ter literalmente anjos voando sobre as nuvens e os demônios bebendo sangue embaixo da terra.

O lugar é extremamente silencioso e pouco iluminado, no final do corredor existe um elevador. Jane aperta o botão e todos nos esprememos para caber no espaço, com a nossa descida ao subsolo uma música ambiente toca de fundo. O percurso é quase insuportável, todos ao meu redor trocam sorrisos maliciosos. Menos Lucian, que me encara cauteloso.

— Lucian, traga Nahuel das masmorras... Vamos apresentar o casal de macho e fêmea híbridos para Aro. - Jane sibila por cima do ombro.

Masmorras? Engulo em seco sentindo a raiva tomar meu corpo. Imagino Nahuel enclausurado pagando o preço que não é dele. Como podem ser capazes de tamanha injustiça? Não fomos transformados, nós nascemos. De forma racional tento concentrar minha mente, preciso me manter focada para agir... Mas sou pega de surpresa por Lucian, o observo entre as frechas dos grandes braços de Félix. Ele fecha os olhos e simplesmente desaparece no ar, não posso acreditar nos meus olhos. Ouso esticar uma das mãos e passar no espaço em que seu corpo ocupava, averiguando que não existe nada no lugar.

— Impressionante, não? - Jane fala convencida.

Quando o elevador alcança o chão me sinto levemente tonta e preciso me esforçar para ficar de pé, nós estamos abaixo do solo e percebo o ar ficar rarefeito. Mas novamente sou arrastada por Félix e Demitri, caminhamos por um largo corredor com arquitetura medieval e arcaica. É como se estivesse atravessado um portal no tempo para um dos livros de história de Carlisle. Nos aproximamos de uma enorme porta de madeira e dois guardas concedem nossa passagem.

A cada passo meu coração acelera no peito, estou indo em direção à morte. Talvez não sobreviva, sou um cordeiro na cova dos leões. Mas preciso salvar Nahuel em retribuição por todo o tempo de vida que ele me concedeu, sem isso eu e minha família teríamos morrido naquela Campina anos atrás. Além disso, tenho que garantir que Aurora e minha família fiquem seguros, mesmo que seja preciso fugir para sempre. Quando finalmente estou no centro do salão perante os Volturi, não existe mais pesadelos ou o medo. Há apenas uma mulher capaz de matar e morrer para proteger aqueles que ama.