Capítulo 23

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Segunda-feira.

— Toni, para de andar.

— Não! Eu estou com esse problema terrível me atormentando.

— Qual? — A garota perguntou sem interesse.

— Esse que acabei de te falar!

— Que você ama a Cheryl?

— Exato.

Fazia exatamente uma semana desde a minha autodescoberta que eu amava Cheryl. Amava de verdade. Não amava como aqueles amores bobos e banais, como quando você conhece uma pessoa, percebe a grande afinidade entre vocês e grita "cara, eu te amo". Nem aqueles amores de quando você gosta muito de algo que uma pessoa faz ou diz e então você diz "eu amo essa pessoa". Meu amor por ela é como o meu amor por bolos ou pipocas. Entendeu? Não? Tudo bem. Pense em uma comida que você goste muito. Agora lembre do cheiro dela. Lembrou? Em seguida pense em momentos passados onde você comeu aquela comida. Pronto. Agora lembre-se da comida e com certeza irá se lembrar de lugares, pessoas, conversas, palavras. Assim é o meu amor por ela, basta eu senti-lo que uma jorrada de coisas boas vêm junto. Está impregnando em mim. Basta sentir o cheiro do perfume dela que sinto o amor. Se vejo-a, sinto amor. Se escuto aquela voz, sinto amor. Se leio a primeira letra do nome dela, sinto o amor. Se respiro, respiro o amor por Cheryl.

— Toni, você quer se sentar e ficar quieta, por favor?

— Não posso! — Passei os dedos pelos meus cabelos. Andei para a esquerda. — O que eu faço agora? — Andei de volta para a direita. — Veronica, eu vou surtar!

Depois que descobri que a amava percebi que as coisas haviam ido um pouco além do que eu imaginava. Cheryl e eu estávamos quase tendo uma relação sério. Já agíamos como pessoas que possuem vínculos sérios.

— Vai mesmo. — Respondeu a morena que estava sentada no meio da minha cama.

— Eu preciso de um plano. — Apoiei meu dedo indicador no queixo e continuei a andar de um lado para o outro. — Um plano infalível. Vamos pensar.

— Pense sozinha.

— Que seja! — Falei alto, olhando para o chão. Andei para a esquerda. — Vejamos. — Voltei para a direita, batucando o dedo.

Tínhamos acabado de chegar do colégio, mas pedi que Veronica me acompanhasse até em casa e me ajudasse a encontrar uma solução para meu problema.

— E então?

— Calma. — Pedi. Quais minhas opções? Ser a culpada ou a vítima? Eu suportaria ser a culpada? Ou prefiro ser a inocente da história? — Veronica.

— Hum?

Receei antes de contar o meu plano.

— Eu vou fazer a Cheryl desgostar de mim.

— Como? — Levantou os olhos e me encarou surpresa.

— Vou fazer Cheryl me detestar e aí ela vai desistir de mim.

— Espera. — Levantou a mão. — Eu acho que não entendi direito.

— É simples. — Sorri. — Ela vai me odiar a ponto de não querer mais nada comigo.

Era um bom plano. Eu seria a culpada e Cheryl não precisaria se odiar. Basta ela me odiar.

— É isso o que você quer dela? O ódio?

Parei de andar e então dei-me conta sobre o que o meu plano significava.

— Hein? — A morena insistiu. — Você passou tanto tempo querendo alguma chance de se aproximar dela para isso? Para ser odiada?

𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐟𝐚́𝐜𝐢𝐥 𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞𝐬 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora