Nem em mil anos Laís pudera sequer cogitar a ideia de ser feita de refém. Quem em sã consciência assalta uma livraria? Contudo, há loucos pra tudo neste mundo.
E quando essa catástrofe acontece, ela se vê sem saída. Mas quando um Deus pecaminoso...
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Tudo o que o sonho precisa para ser realizado é alguém que credite que ele possa ser realizado.
Roberto Shinyashiki.
• Laís Silva
A semana transpassou calmamente. O trabalho estava indo de bem a melhor, meu e de Bi, para dizer a verdade. Nós estávamos levando as coisas com muita alegria, já que finalmente nossas vidas estavam entrando nos eixos.
— Vamos lá, por que tem que ser tão difícil?!
Gargalho ao ouvir seu tom irritado. Encaro a gravata na qual Bi tenta – sem sucesso – dar o nó a mais de dez minutos. Hoje os gêmeos completam dezoito anos, e como de costume, teria uma festona para comparecermos.
Eu estou um pouco apreensiva quanto isso, já que será a primeira vez que compareço a uma das famosas festas de aniversário dos Barcellos. Segundo Bi, sua família presa por uma boa comemoração. Então é garantia que teríamos tudo o que temos direito e muita comida.
— Precisa mesmo usar isso?
— Não. — Um sorriso surge em seus lábios. — Mas eu queria usar, Flor. Comprei a tanto tempo e nunca consegui vesti-la, me ajuda.
— É um aniversário, Bi. Gravata ficaria estranho.
Seus olhos caem para a peça enrolada em seu pescoço e suspira.
— Verdade.
— Vem cá. — Chamo-o para se sentar ao meu lado. Ergo minhas mãos até sua camisa e a arrumo. — Agora está perfeito para irmos.
Bi se aproxima de mim e deixa um beijo casto em meus lábios. Aquela familiar sensação de felicidade perfurou meu peito, fazendo que um sorriso surgisse em meus lábios. Seus olhos denotavam de um brilho lindo, eu queria mais do que tudo saber o que estas irises azuis queriam me dizer.
Mesmo que minha vontade fosse de ficar presa naquele momento, não tardou para que fossemos para a casa de seus pais. Por incrível que pareça, o caminho não foi tão conturbado quanto achei que seria. Chegamos na grande residência em poucos minutos.
— Meu deus, como estão lindos! — Sua mãe nos recebe com beijos. — Cada vez que os vejo estão mais felizes, acho que fazem bem um ao outro.
— Realmente, mãe. Flor me faz muito bem.
— Tão com cara de que se pegaram, isso sim. — Pedro sussurra e olha para seu irmão com um sorriso indecente. — Como anda as coisas, Biel?
— Ótimas. Vem aqui seu idiota. — Bi o puxa para um abraço. — Enfim maior de idade, em.
— Agora você pode parar de me tratar como um bebê. Já sou um homem, quero que me tratem como tal. — Pedro empina o queixo.
— Para mim, ainda é um bebê. — James sorri, vindo da porta de entrada. — Você e Eliza podem ter dezoito, mas ainda são os mais novos. Ou seja, crianças.
