Nem em mil anos Laís pudera sequer cogitar a ideia de ser feita de refém. Quem em sã consciência assalta uma livraria? Contudo, há loucos pra tudo neste mundo.
E quando essa catástrofe acontece, ela se vê sem saída. Mas quando um Deus pecaminoso...
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Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo as vezes, como se não te amasse sempre.
Tati Bernardi
• Laís Silva
O apartamento estava um fervo. Alguns membros da família de Bi se reuniram para saber a resposta da tão sonhada promoção.
Ele ficou ansioso por todos esses dois dias, e consequentemente, fiquei também. Meu coração estava batendo rápido em meu peito, louco por uma resposta.
Eu, mais do que ninguém, sabia o quanto Gabriel desejava isto. Portanto, foi inevitável que eu torcesse por ele.
— O bolo está pronto. — Carol sorri e desliga o fogão. — Biel deve chegar a qualquer minuto, preparam-se para a resposta.
— Aposto que ele conseguiu. — James diz. — Gabriel é ótimo.
— Sei que conseguiu. — Eliza sorri. — Tenho esse pressentimento.
— Bem, temos que esperar para ver. — Pedro comenta, encarando a porta.
Meu coração bateu mais forte em meu peito, apreensivo. Olho para todos sentados sobre o sofá e não contenho um sorriso. Esses quatro dias em que me mudei foram de certa forma inesquecíveis.
Cada dia uma nova aventura, assim dizendo. A minha convivência com Bi poderia ser descrita como leve e gostosa. Não nos vemos muito durante os dias mais turbulentos de trabalho, mas quando paramos para conversar passamos horas nos conhecendo.
Julia viera ver as coisas ontem, e como eu, se encantou por esse AP. Ela dissera que Bi tinha um belo gosto por imóveis. E como sempre, fizera comentários – ridículos – sobre nosso suposto relacionamento.
Acho que ela demoraria para entender que nós não tínhamos nada além de uma bela amizade. Não sei qual o problema com isso, na verdade. Amizade é tão bem-vinda quanto um amor.
Como o dia fora menos difícil em meu trabalho, decidi que Gabriel precisava de uma pequena surpresa.
Sua mãe, que pensara como eu, apareceu com os gêmeos e James para o mesmo propósito.
— Acho que é ele. — Eliza sussurra ao ouvir passos. — Desliga a luz, Pedro.
Assim que ficamos quietos, e a luz fora apagada, pudemos ouvir com ainda mais clareza os passos diante da porta. Logo, o som da fechadura se abrindo fora ouvido.
— Eu estou vendo vocês aí, pessoal.
— Chato. — Sua mãe se levanta. — Poderia ter fingido surpresa.
— Sou muito honesto para isso. — Ele ri e a abraça. — Obrigada pela surpresa, isso é cheiro de bolo?
— Sim. — Sorrio. — Mas não é para isso que estamos aqui, diga homem! Conseguiu a promoção?
