O Livro das Sombras

7 - As cinzas

     O evento celestial que eu tanto esperava se aproximava e havia uma matéria que estava me incomodando bastante no curso e eu sei que precisava de uma ajuda extra para passar, meu livro das sombras seria essa ajuda, a essa altura devem estar se perguntando o que é um livro das sombras, em outras palavras grimório, eu prefiro livro das sombras por fatores pessoais, mas a premissa é a mesma.
     Um livro das sombras é como um diário ou como um livro de receitas, primeiro a pessoa se descobre bruxa e alguns casos essas pessoas aceitam se tornar bruxas, o importante é que usamos esse livro, para fazer coisas que normalmente não seria possível sem uma ajuda divina, e eu não falo de Deus. Algumas bruxas precisam seguir receitas de outras bruxas mais experientes, outras tem o dom de criar seus próprios feitiços e poções, um dom que eu admiro e descobri aos poucos que eu possuía.
    Conforme a lua ia se aproximando, eu me detalhava na internet já que meu suposto tutor estava desaparecido por algum motivo, fui ao supermercado, comprei velas, normais, não aquele tipo grossa e colorida geralmente usada pelo povo da umbanda (outra religião que não é minha praia, porém eu respeito pois cada um tem sua forma de fé), alecrim, folhas de louro e erva-cidreira é admirável a quantidade de itens do nosso dia a dia que tem propriedades mágicas e quase ninguém sabe.
     Eu tinha tudo pronto para o tal dia, as velas, o giz, os chás e os símbolos escolhidos por mim para a minha consagração. Ao final do mês de setembro meu telefone tocou olhei e adivinha só quem era? Isso mesmo Afonso.
- Alô? Cadê você? Achei que estivesse morto! Disse.
- Já assinou seu livro? Perguntou ele.
- Ainda não, eu estou esperando o momento certo.
- Preciso que vá comigo a um lugar.
- Eu preciso que me diga onde!
- Não discuta dessa vez, por favor é sério!
     Concordei, ele me pegou na sexta por volta das 17:00h e me tirou da cidade e dirigiu por 20 minutos, chegamos em uma fazenda com capim alto, sem gado e com o pasto muito mal formado cheio de outras plantas que o gado não gosta ou não precisa comer. Dirigiu por mais 5 minutos até que chegamos a uma pequena igreja abandonada no meio de lugar nenhum. Descemos e ele ainda não falou nada, vi bastantes filme de terror para saber que isso não era um bom sinal então fiquei alerta.
- Então ainda não assinou seu livro ne? Ele falou enquanto nós aproximávamos de uma estaca.
- Ainda não, mas na próxima lua cheia eu farei, e está próxima - falei.
- Você viu o noticiário né? Sobre a menina desaparecida a dias!
- Sim eu vi. Porque? Perguntei.
- Olhe bem e sinta.
     Quando ele se calou, olhei para a estaca, e vi que estava parcialmente queimada, no chão havia cinzas e trapos queimados. Então naquele momento eu soube. Aquela garota havia sido queimada viva, ali naquele local.