32 - Porcelanato escarlate

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Entramos silenciosamente na capela, e ela também estava tão silenciosa quanto nós, uma luz piscava na sala de recepção, a que ficava antes do templo, a porta estava aberta o que foi o mais estranho, continuamos andando e ao chegar na entrada vi uma mão estendida no chão, que se esticava para dentro do templo,

fiquei em choque achando que fosse uma pegadinha ou que alguém iria nos surpreender. Mas estava quieta de mais então abri a cortina.

A cena me impressionou, o que vimos a seguir foi surreal, todos os homem presentes naquele templo onde abrigava a organização dos homens de vermelho, estavam caídos no chão, com suas gargantas cortadas e suas roupas banhada em sangue, da gola na camisa ao sapatos em seus pés. Foi um choque ver aquela carnificina, alguém chegou antes da gente, naquele momento não sabia se tínhamos vencido, ou se iríamos enfrentar algo pior.

Ao todo contamos 22 corpos, todos padres ou membros daquele lugar, incluindo uma mulher que fazia faxina e o senhor que tocava piano. O chão era de mármore branco, mas estava coberto de sangue, mal se podia ver através dele. Reconheci alguns deles da nossa investigação sobre os homens de vermelho outros era a primeira vez que olhava seus rostos, virei o queixo de um com o pé e vi o corte em sua garganta, a ferida era tão profunda que dava de ver parte do osso de suas gargantas.

Nossa primeira teoria era que alguma bruxa havia chegado primeiro que nos, talvez a mando da anciã. Mas ninguém lá tinha poder para isso. Nem mesmo eu poderia matar todos eles assim, mas não encontrei o padre Thiago, continuamos a andar pelo lugar até chegar no altar, atrás do púlpito tinha um homem, ajoelhado com o corpo complementarmente vermelho de sangue, tinha um cheiro forte, que lembrava sal e ferrugem era quase possível sentir o sabor de sangue.

Ao olhar de perto fiquei perplexo, era o padre Thiago ao seus pés uma adaga com a lâmina suja havia um pedaço de carne ainda grudada próximo ao cabo. Tudo aquilo parecia irreal, ele rezava com as mãos juntas e próxima ao púlpito.

Hahahaha - uma voz ecoou ao longe e pareceu que só eu podia escutar, mas reconheci na hora, era o Papa que tinha acabado de coletar todas essas almas que sofreriam e alimentaria seu inferno pessoal, lhe dando mais poder. Naquele instante compreendi tudo inclusive meu feitiço, sei exatamente o que eu fiz.

O padre olhou pra mim e seus olhos estavam cheios de lágrimas, um olhar arrependido que carregavam muita dor. Eu senti muito pena dele, ele desviou o olhar e olhou pra a imagem de Jesus Cristo crucificada no alto da igreja.

-Porque? Porque fizeram isso com a gente? - perguntou o padre Thiago.
- Não fomos nós. Respondeu Fernanda.
Então ele levantou a mão tremendo e apontou o dedo indicador pra mim.
- Ele fez alguma coisa na floresta aquele dia. Eu não queria ter feito isso!

Fernanda levou a mão na boca horrorizada. Não sabia dizer se era impressionada ou se estava com medo de mim.

Jhonatan começou a rir e disse:
- Seu filho da puta, então esse era seu feitiço? Essa era a sua maldição. Tenho de admitir você é um gênio!

Afonso colocou a mão no meu ombro e disse:
- Muito bem garoto, algo digno do senhor das trevas, uma pena o papa ter te reivindicado primeiro.

Eu olhei pra eles e disse:
- Não era isso que eu queria, mas eles mataram Morgana! Mereciam isso - no fundo não achava isso, sempre fui contra violência mas eles estavam nos matando.

"Ainda falta um" ouvi uma voz dizer, mesmo que ao mesmo tempo Jhonatan disse:
- Ainda falta um.

O padre Thiago no mesmo minuto pegou a adaga e ficou de pé, e apontou ela pra gente.

O Livro das SombrasWhere stories live. Discover now